As chuvas de janeiro já assustam em Minas e, na capital, expõem um dos maiores dramas urbanos: a situação das moradias em áreas de risco geológico. Conforme a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), vinculada à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), há 1,1 mil edificações nessas condições em vilas e favelas – embora os técnicos não tenham o número de moradores, o que demandaria um cadastro, residem nesses locais de perigo, no mínimo, cerca de 3 mil pessoas.
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“Nos últimos dias, não tivemos ocorrências agravadas pela chuva, o que se deve às ações do Programa Estrutural em Área de Risco (Pear), que completou 25 anos e atua nas vilas e favelas”, disse a diretora. O trabalho foi criado para evitar acidentes graves e preservar vidas, “assegurando proteção para as famílias que residem em áreas de risco geológico”.
Para quem mora nesses pontos de grande vulnerabilidade social, sujeitos a todo tipo de perigo, incluindo a violência, os dramas são diários. “Moro aqui para não ficar debaixo da ponte”, relata uma moradora da Vila Nossa Senhora de Fátima, no Aglomerado da Serra, que prefere não se identificar. A sua história é como de outras pessoas vindas do interior para tentar uma melhor sorte na capital.
“Vendi o que tinha e vim para Belo Horizonte com minha filha, hoje com seis anos. Comprei um lote de forma irregular aqui na vila. Não tenho escritura nem outro documento. Estou desempregada, separada e sobrevivo da venda de material reciclável, principalmente latinha. Meu marido ajuda um pouco, mas o que ajuda mesmo é a cesta básica doada por uma igreja católica”, diz a mulher, que tem como vizinha uma encosta e como esteio uma estrutura bem precária.
DESAFIOS Na avaliação de Isabel Volponi, há muitos desafios na questão de habitações em área de risco geológico em BH, um deles referente à conscientização dos moradores. “Trata-se de algo de caráter coletivo. A população precisa ser parceira do poder público e entender a cultura de risco. Isso significa autoproteção, preservação das aéreas que já receberam obras públicas e conscientização”.
Muitas vezes, diz a geóloga, há moradores de áreas de risco que constroem obstruindo terrenos que já foram drenados ou receberam outros serviços. A diretora acrescenta que “a cidade é dinâmica”, e, assim, vão surgindo riscos com a ocupação de novas áreas urbanas, como é o caso do Isidoro. A fim de se impedirem tragédias, as famílias podem pedir vistorias das habitações pelo telefone da Defesa Civil Municipal (199), ou da Urbel (3277-6409).
O trabalho do Pear, conforme nota da PBH, é executado por meio de vistorias, obras de manutenção, intervenções com mão de obra do morador e atividades de prevenção ao risco geológico. Além disso, técnicos da Urbel fazem atividades de prevenção ao risco para alunos da Escola Integrada e capacitam os voluntários dos Núcleos de Defesa Civil (Nudec) e Núcleos de Alerta de Chuva (NAC), para que atuem como parceiros da prefeitura nas áreas de risco.
Durante o período chuvoso, o Pear faz o acompanhamento dos dados pluviométricos e repassa o alerta aos voluntários. O programa ainda realiza o monitoramento de moradias, colocação de lonas nas encostas e isolamento de cômodos, obras emergenciais, remoções preventivas, temporárias e definitivas.
(GW)
Instabilidade permanece
O clima deve continuar instável em Belo Horizonte e boa parte de Minas Gerais neste primeiro fim de semana de 2020. A Defesa Civil da capital e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgaram alertas para pancadas de chuva e risco de alagamentos no estado.
Em Belo Horizonte, o alerta é válido até a manhã de hoje. Conforme a Defesa Civil, há possibilidade de chuva com raios e rajadas de vento de até 50 quilômetros por hora de hoje para amanhã. De acordo com o meteorologista Cléber Souza, do Inmet em Minas, a temperatura na capital no fim de semana varia entre 17°C e 25°C. O tempo é predominantemente nublado, com o sol aparecendo apenas em alguns períodos do dia.
Neste sábado, a previsão é de céu nublado a encoberto, com pancadas de chuva e trovoadas nas regiões do Triângulo Mineiro, Oeste, Central, Metropolitana, Zona da Mata, Sul, Campo das Vertentes e Rio Doce. Essas regiões devem registrar os maiores volumes de chuva amanhã. No domingo, a previsão é de céu encoberto e pancadas de chuva nas regiões Norte, Leste, Noroeste, Norte, Central, Metropolitana, Rio Doce e Jequitinhonha. Nas demais regiões, a previsão também é de pancadas de chuva e céu nublado. A menor temperatura em Minas deve ser de 13°C e a máxima deve chegar aos 34°C. (CS)
Proteja-se
Veja dicas de segurança para o período chuvoso
» Redobre a sua atenção! Evite áreas de inundação e não trafegue em ruas sujeitas a alagamentos e próximo aos córregos e ribeirões no momento de forte chuva.
» Não atravesse ruas alagadas ou deixe crianças brincando na enxurrada e nas águas dos córregos.
» Não se abrigue nem estacione veículos debaixo de árvores.
» Atenção especial em áreas de encostas e morros.
» Jamais se aproxime de cabos elétricos rompidos. Ligue imediatamente para Cemig (116) ou Defesa Civil (199).
» Se você observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas e o surgimento de minas d’água, avise imediatamente a Defesa Civil (199).
» Em caso de raios, não permaneça em áreas abertas e altas e não use equipamentos elétricos.