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Estado de Minas

BH tem 1,1 mil moradias em áreas de alto risco de deslizamentos e desmoronamentos

Pelo menos 3 mil pessoas vivem em edificações expostas a perigos geológicos nas vilas e favelas da capital mineira, aponta a Urbel. Chuvas e novas ocupações agravam ameaças


04/01/2020 04:00 - atualizado 04/01/2020 07:49

Os perigos estão distribuídos por áreas diversas da cidade, como os aglomerados da Serra, na Região Centro-Sul da capital, e Taquaril, na Leste, embora obras tenham reduzido o número de imóveis nessa situação em 90% desde 1994 (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Os perigos estão distribuídos por áreas diversas da cidade, como os aglomerados da Serra, na Região Centro-Sul da capital, e Taquaril, na Leste, embora obras tenham reduzido o número de imóveis nessa situação em 90% desde 1994 (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

As chuvas de janeiro já assustam em Minas e, na capital, expõem um dos maiores dramas urbanos: a situação das moradias em áreas de risco geológico. Conforme a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), vinculada à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), há 1,1 mil edificações nessas condições em vilas e favelas – embora os técnicos não tenham o número de moradores, o que demandaria um cadastro, residem nesses locais de perigo, no mínimo, cerca de 3 mil pessoas.
 
As construções estão localizadas em pontos diversos do município, incluindo os aglomerados da Serra, na Região Centro-Sul, e Taquaril, na Leste, além de novas áreas de ocupação, a exemplo do Novo Lajedo e Isidoro, na Norte, informa a diretora de Área de Risco e Assistência Técnica da Urbel, geóloga Isabel Volponi. Segundo ela, essas últimas preocupam, pois ainda não receberam as obras de infraestrutura necessárias para se evitarem os problemas decorrentes de deslizamentos de terra, escorregamentos em encostas, desabamentos e outras situações causadas por acúmulo de lixo e entulho.
 
De acordo com a Urbel, nas áreas que recebem, a cada ano, obras de infraestrutura, diminui o número de situações de risco, como é o caso dos aglomerados da Serra, Morro das Pedras e Santa Lúcia, onde a PBH atua por meio do Programa Vila Viva. Em 1994, eram cerca de 15 mil edificações em risco na cidade, o que significa uma redução de mais de 90%.
 
“Nos últimos dias, não tivemos ocorrências agravadas pela chuva, o que se deve às ações do Programa Estrutural em Área de Risco (Pear), que completou 25 anos e atua nas vilas e favelas”, disse a diretora. O trabalho foi criado para evitar acidentes graves e preservar vidas, “assegurando proteção para as famílias que residem em áreas de risco geológico”.
 
Para quem mora nesses pontos de grande vulnerabilidade social, sujeitos a todo tipo de perigo, incluindo a violência, os dramas são diários. “Moro aqui para não ficar debaixo da ponte”, relata uma moradora da Vila Nossa Senhora de Fátima, no Aglomerado da Serra, que prefere não se identificar. A sua história é como de outras pessoas vindas do interior para tentar uma melhor sorte na capital.
 
“Vendi o que tinha e vim para Belo Horizonte com minha filha, hoje com seis anos. Comprei um lote de forma irregular aqui na vila. Não tenho escritura nem outro documento. Estou desempregada, separada e sobrevivo da venda de material reciclável, principalmente latinha. Meu marido ajuda um pouco, mas o que ajuda mesmo é a cesta básica doada por uma igreja católica”, diz a mulher, que tem como vizinha uma encosta e como esteio uma estrutura bem precária.

DESAFIOS Na avaliação de Isabel Volponi, há muitos desafios na questão de habitações em área de risco geológico em BH, um deles referente à conscientização dos moradores. “Trata-se de algo de caráter coletivo. A população precisa ser parceira do poder público e entender a cultura de risco. Isso significa autoproteção, preservação das aéreas que já receberam obras públicas e conscientização”.
 
Muitas vezes, diz a geóloga, há moradores de áreas de risco que constroem obstruindo terrenos que já foram drenados ou receberam outros serviços. A diretora acrescenta que “a cidade é dinâmica”, e, assim, vão surgindo riscos com a ocupação de novas áreas urbanas, como é o caso do Isidoro. A fim de se impedirem tragédias, as famílias podem pedir vistorias das habitações pelo telefone da Defesa Civil Municipal (199), ou da Urbel (3277-6409).
 
O trabalho do Pear, conforme nota da PBH, é executado por meio de vistorias, obras de manutenção, intervenções com mão de obra do morador e atividades de prevenção ao risco geológico. Além disso, técnicos da Urbel fazem atividades de prevenção ao risco para alunos da Escola Integrada e capacitam os voluntários dos Núcleos de Defesa Civil (Nudec) e Núcleos de Alerta de Chuva (NAC), para que atuem como parceiros da prefeitura nas áreas de risco.
 
Durante o período chuvoso, o Pear faz o acompanhamento dos dados pluviométricos e repassa o alerta aos voluntários. O programa ainda realiza o monitoramento de moradias, colocação de lonas nas encostas e isolamento de cômodos, obras emergenciais, remoções preventivas, temporárias e definitivas.
(GW)

Instabilidade permanece


O clima deve continuar instável em Belo Horizonte e boa parte de Minas Gerais neste primeiro fim de semana de 2020. A Defesa Civil da capital e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgaram alertas para pancadas de chuva e risco de alagamentos no estado.
Em Belo Horizonte, o alerta é válido até a manhã de hoje. Conforme a Defesa Civil, há possibilidade de chuva com raios e rajadas de vento de até 50 quilômetros por hora de hoje para amanhã. De acordo com o meteorologista Cléber Souza, do Inmet em Minas, a temperatura na capital no fim de semana varia entre 17°C e 25°C. O tempo é predominantemente nublado, com o sol aparecendo apenas em alguns períodos do dia.
 
Neste sábado, a previsão é de céu nublado a encoberto, com pancadas de chuva e trovoadas nas regiões do Triângulo Mineiro, Oeste, Central, Metropolitana, Zona da Mata, Sul, Campo das Vertentes e Rio Doce. Essas regiões devem registrar os maiores volumes de chuva amanhã. No domingo, a previsão é de céu encoberto e pancadas de chuva nas regiões Norte, Leste, Noroeste, Norte, Central, Metropolitana, Rio Doce e Jequitinhonha. Nas demais regiões, a previsão também é de pancadas de chuva e céu nublado. A menor temperatura em Minas deve ser de 13°C e a máxima deve chegar aos 34°C. (CS)

Proteja-se

Veja dicas de segurança para o período chuvoso

» Redobre a sua atenção! Evite áreas de inundação e não trafegue em ruas sujeitas a alagamentos e próximo aos córregos e ribeirões no momento de forte chuva.

» Não atravesse ruas alagadas ou deixe crianças brincando na enxurrada e nas águas dos córregos.

» Não se abrigue nem estacione veículos debaixo de árvores.

» Atenção especial em áreas de encostas e morros.

» Jamais se aproxime de cabos elétricos rompidos. Ligue imediatamente para Cemig (116) ou Defesa Civil (199).

» Se você observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas e o surgimento de minas d’água, avise imediatamente a Defesa Civil (199).

» Em caso de raios, não permaneça em áreas abertas e altas e não use equipamentos elétricos.





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