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Estado de Minas ALERTA NA CAPITAL

Prejuízo e medo após temporal

Moradores e comerciantes de regiões de BH mais atingidas pelas enchentes de sexta-feira contabilizam prejuízos e relatam apreensão com a expectativa de mais pancadas de chuva


postado em 05/01/2020 04:00 / atualizado em 04/01/2020 19:42

Pela segunda vez em três dias, enxurrada de lama invadiu a Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes, atingindo pátio, salas e refeitório(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Pela segunda vez em três dias, enxurrada de lama invadiu a Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes, atingindo pátio, salas e refeitório (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

 A cada tempestade, um novo drama toma conta da população da região de Venda Nova, em Belo Horizonte, um dos pontos da capital mais atingidos pelo temporal da noite de sexta-feira. Funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) trabalharam ontem na limpeza da lama deixada pela enxurrada ao longo da Avenida Vilarinho. O córrego Vilarinho transbordou e inundou diversas ruas do bairro na véspera, durante a chuva mais intensa registrada este ano, provocando graves estragos em residências, sistema de transporte e uma escola municipal. Em outros pontos da cidade, muros de imóveis desabaram e deslizamentos aumentaram o clima de apreensão com novas previsões de chuvas para hoje.

 

A Defesa Civil de Belo Horizonte atendeu ontem quatro ocorrências relativas a abatimento de piso, seis de alagamentos, quatro  de danos a moradias, nove de queda de muros, oito de deslizamento de encostas, entre outros casos. A Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), vinculada à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), monitora 1,1 mil edificações situadas em áreas com alto risco de deslizamento e desmoronamento.

 

Muros derrubados, placas de trânsito arrancadas e muito barro nas vias públicas e imóveis. Moradores e comerciantes se uniram ontem para reforçar a limpeza dos locais atingidos pela enchente que transformou a Vilarinho em rio. Em três dias, choveu 65% do que era esperado para todo o mês de janeiro em Venda Nova. Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu novo aleta de chuva válido até as 8h de hoje.

 

Um muro caiu na noite de ontem e atingiu um dos prédios do condomínio que fica na Rua das Amoreiras. Os moradores passaram momentos de terror ao ver o muro do galpão ceder e a água invadir o prédio. A água subiu dois metros e invadiu os dois primeiros andares do prédio. “Por volta das 20h30, a enchente entrou pelo prédio e, por volta das 21h, o muro cedeu. Foi um barulho muito alto e a água entrou como uma onda forte”, conta a analista de planejamento Jucileia Romeiro, de 48 anos, que mora há quatro anos no condomínio. Ela disse que teve quem perdeu tudo. “O que deu pra salvar – móveis e eletrodomésticos – está espalhado pelos corredores do prédio”, lamentou.

 

De acordo com a Defesa Civil de Belo Horizonte, uma equipe esteve no local e isolou a área afetada com a queda de parte das paredes dos galpões vizinhos ao condomínio. Além disso, houve alagamento de dois apartamentos que fazem parte do conjunto habitacional. Outra equipe atendeu a um chamado na Praça Enfermeira Geralda Marra, no Bairro São João Batista, também em Venda Nova, onde um muro desabou. Segundo a vistoria, a estrutura de um prédio não foi afetada. Os moradores foram notificados a manter o isolamento preventivo da área afetada, até que as obras possam ser concluídas.

 

Moradores contam que o problema é recorrente e que no primeiro dia do ano já tinha sido de muito trabalho para limpar resquícios do temporal do réveillon. “É a segunda vez só esta semana que a água invade o prédio. É difícil colocar a cabeça para dormir no travesseiro quando começa a chuva. O risco se torna constante”, lamentou Jucileia. Em 2018, o muro que faz divisa com o condomínio também se rompeu. “Agora, mais uma chuva como a de ontem e o prédio todo será comprometido”, acrescentou. Outro muro caiu durante a chuva no Bairro São João Batista, também na região de Venda Nova.O muro que divide os prédios, na Praça Enfermeira Geralda Marra, tombou por volta das 21h30 de sexta-feira.

 

A Escola Municipal Francisco Magalhães Gomes, na Avenida Vilarinho, próxima da estação de metrô, foi inundada durante o temporal da noite anterior, pela segunda vez em três dias. O sábado foi de muito trabalho para funcionários da escola e da PBH que foram à unidade para remover a lama que invadiu pátio, salas e até o refeitório. Um problema que ocorreu em enchentes de anos anteriores. A água já havia tomado conta da escola durante a chuva de 1º de janeiro. “Tínhamos terminado de limpar tudo ontem (sexta), mas a chuva voltou a nos surpreender e hoje estamos aqui de novo”, lamentou a vice-diretora da escola, Zuleica Rodrigues.

 

Segundo ela, a unidade de ensino já se vem preparando para os temporais de janeiro, visando minimizar os prejuízos. “Já faz alguns anos que nós subimos com todo o material para a parte mais alta da escola. Mas, voltamos a perder livros, caixa de som, uniformes, carteiras”, acrescentou. Duas salas de aula foram atingidas. Cerca de 800 alunos estudam na escola.

 

FICA O ALERTA Após o temporal de sexta-feira à noite, a Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu um novo alerta para a possibilidade de pancadas de chuva acompanhadas de raios e rajadas de vento de até 50km/h. A previsão para hoje, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, é céu nublado com pancadas de chuva e trovoadas isoladas. A temperatura mínima deve ficar em 17°C e a máxima estimada é de 24°C. A umidade relativa mínima do ar fica em torno de 80% à tarde.

 

De acordo com a Defesa Civil de Belo Horizonte, no acumulado do mês de janeiro, a regional que recebeu o maior volume de chuva foi Venda Nova, com 66% da média esperada para o mês, que é de 329,1mm. Com 60% da média seguem as regionais Pampulha e Centro-Sul. A porcentagem nas demais regionais foi: 57% na Oeste; 55% na Noroeste; 53% na Leste; 46% na Nordeste; 39% no Barreiro; e 33% na Norte.

 

INÍCIO DAS OBRAS Enquanto Venda Nova sofre com as chuvas, a prefeitura tem o mês de abril como data marcada para iniciar as obras na Avenida Vilarinho. O plano é construir grandes reservatórios para armazenar a água da chuva. A previsão é que as intervenções durem dois anos. Portanto, a população continuará sofrendo na região por pelo menos mais dois períodos chuvosos além do atual. A ideia inicial da prefeitura era implementar túneis subterrâneos e colocar apenas um reservatório na confluência dos córregos do Nado e Vilarinho – justamente no ponto de alagamento de sexta-feira. No entanto, o Executivo municipal abandonou esse projeto, sob a justificativa de que ele não resolveria os problemas de Venda Nova. Movimentos ambientais criticaram os desenhos quando eles foram apresentados inicialmente, em dezembro de 2018.

 

Moradores em Venda Nova perderam móveis e roupas no temporal(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Moradores em Venda Nova perderam móveis e roupas no temporal (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Na Vilarinho, parede de um galpão caiu e água invadiu prédio vizinho(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Na Vilarinho, parede de um galpão caiu e água invadiu prédio vizinho (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

 

ATENÇÃO REDOBRADA

 

 

  • Evite áreas de inundação e não trafegue em ruas sujeitas a alagamentos e próximo a córregos e ribeirões no momento de forte chuva
  • Não atravesse ruas alagadas ou deixe crianças brincando na enxurrada e nas águas dos córregos
  • Não se abrigue nem estacione veículos debaixo de árvores
  • Atenção especial em áreas de encostas e morros
  • Jamais se aproxime de cabos elétricos rompidos. Ligue imediatamente para a Cemig (116) ou para a Defesa Civil (199)
  • Se você observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas e o surgimento de minas d’água, avise imediatamente a Defesa Civil (199)
  • Em caso de raios, não permaneça em áreas abertas e altas e não use equipamentos elétricos

 

 

 

Fonte: Defesa Civil de Belo Horizonte 

 


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