O lançamento de rejeitos de minério de ferro na cava da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, deverá ser concluído até 2023, segundo expectativa da mineradora Vale. Mais de 10 milhões de metros cúbicos (m3) de rejeitos foram despejados após o rompimento da Barragem B1, em Brumadinho, em 25 de janeiro do ano passado. A operação, que promete mais segurança e menor impacto ambiental, foi adiantada pelo Estado de Minas em 26 de dezembro e depende de últimos ajustes operacionais para ser iniciada. No dia 28, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) autorizou a utilização da cava como destino final dos rejeitos. Enquanto isso, o material está sendo estocado na pilha de estéril que fica dentro do complexo.
Os rejeitos estão espalhados pelos 9,6 quilômetros de extensão do Ribeirão Ferro-Carvão e parte do leito do Rio Paraopeba. Os resíduos serão injetados na antiga cava da Mina Córrego do Feijão, uma depressão rochosa aberta na serra com capacidade para receber até 27 milhões de m3 de material, dentro do próprio complexo minerário.
Antes de seguir para qualquer destino, os rejeitos removidos do vale do manancial atingido precisam ser vistoriados e liberados pelas equipes de bombeiros que ainda realizam as buscas pelos 11 corpos de desaparecidos de um total de 270 vítimas do rompimento. Em seguida, serão transportados por uma estrada de terra de 3,6 quilômetros que foi criada a partir da antiga estrada de ferro operada no complexo.
Atualmente, cerca de 1,3 milhão de rejeitos já vistoriados pelo Corpo de Bombeiros está depositado na pilha de esteril.
A remoção e deposição adequada dos rejeitos favorece os trabalhos de buscas dos bombeiros que vasculham mais de 275 hectares atrás de vestígios das vítimas da tragédia. “A retirada do material para outro local de descarte vai liberar mais áreas para fazermos a secagem de rejeito, necessária dependendo da qualidade do material”, afirma o capitão Acácio Tristão Gouvea, chefe de operações da base dos Bombeiros em Brumadinho.
Para que a autorização fosse concedida à Vale, a Semad solicitou estudos hidrogeológicos, procedimentos de gestão de resíduos e monitoramento da cava. Entre as condições para a licença, válida por 10 anos, estão uma série de medidas de controle sobre a caracterização dos resíduos, o monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, dos ruídos e de vibração. “A disposição na cava é considerada ambientalmente correta, pois, além de ser realizada em uma área tecnicamente segura, sem a necessidade de construção de barramentos, diques ou novas estruturas de contenção, é uma área antropisada (já descaracterizada pela ação humana), o que reduz o impacto ambiental, visual e facilita a recuperação da área, quando do seu descomissionamento (desativação, com recuperação ambiental)”, informa a Semad.
ACOMPANHAMENTO Ainda assim, a Vale afirma que todo o processo será constantemente acompanhado. “A companhia reforça seu compromisso em cumprir a legislação ambiental durante todo o processo, além de prestar contas periodicamente aos órgãos competentes.”
O destino dos rejeitos é um drama que já representa mais de quatro anos de atrasos, e até hoje não tem solução adequada depois do rompimento da Barragem do Fundão, em novembro de 2015, em Mariana. Ainda não há exatamente um destino para os cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro que vazaram após o rompimento e inundaram o Vale do Rio Doce.