Análises feitas pela própria cervejaria Backer atestam a presença do dietilenoglicol (DEG) em garrafas da cerveja Belorizontina, um dos 22 rótulos da marca. Pela primeira vez, a cervejaria se pronunciou ontem recomendando expressamente que consumidores não bebam a Belorizontina. O tanque em que os lotes contaminados foram produzidos está lacrado. Não se sabe se os outros 69 também têm problemas. No ano passado, a empresa comprou 20 novos tanques, o que representou um crescimento de 40% na capacidade de produção. Orientação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é de que nenhuma cerveja das marcas da Backer seja comercializada.
O consumo da Belorizontina está associado a pelo menos 17 casos de intoxicação notificados em Minas Gerais. A morte de uma mulher em Pompeu, ocorrida em 28 de dezembro, pode ser o segundo óbito relacionado ao caso, mas ainda não entrou nas estatísticas oficiais da Secretaria de Estado de Saúde (SES). A empresa, que reitera não usar o DEG na fábrica, chegou a contestar o laudo da Polícia Civil (PC) que identificou a substância tóxica na cerveja Belorizontina. Mas a contraprova da cervejaria confirmou o resultado.
As análises foram feitas pelo professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Bruno Botelho. “A Backer, tomando iniciativas junto com o professor Bruno, achou sim essa substância que não é utilizada e nunca foi utilizada aqui dentro da cervejaria. Encontramos dentro da cerveja Belorizontina do mesmo lote que as autoridades analisaram”, disse a diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos.
As análises foram feitas pelo professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Bruno Botelho. “A Backer, tomando iniciativas junto com o professor Bruno, achou sim essa substância que não é utilizada e nunca foi utilizada aqui dentro da cervejaria. Encontramos dentro da cerveja Belorizontina do mesmo lote que as autoridades analisaram”, disse a diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos.
Ela pediu, de forma reiterada, que a população não consuma a marca Belorizontina em nenhuma hipótese. "O que é preciso agora é que não bebam a Belorizontina, qualquer que sejam os lotes, por favor. Quero que meu cliente seja protegido. Não beba Belorizontina. Não sei o que está acontecendo", disse. Ela estende a orientação para a Capixaba, que é o nome que a Belorizontina recebe para ser vendida no Espírito Santo.
De acordo com a diretora, o tanque de número 10 foi lacrado pela força-tarefa que investiga a contaminação e está sendo examinado. A produção dos lotes com problema, entre a segunda quinzena de novembro e a primeira quinzena de dezembro do ano passado, ocorreu no tanque 10, que tem sido usado para a fabricação desse rótulo específico desde então, segundo a diretora. Em coletiva no dia 10, entretanto, o mestre cervejeiro da empresa, Sandro Duarte, afirmou que os tanques da indústria também são usados na fabricação de outros rótulos, e não somente a Belorizontina.
De acordo com a diretora, o tanque de número 10 foi lacrado pela força-tarefa que investiga a contaminação e está sendo examinado. A produção dos lotes com problema, entre a segunda quinzena de novembro e a primeira quinzena de dezembro do ano passado, ocorreu no tanque 10, que tem sido usado para a fabricação desse rótulo específico desde então, segundo a diretora. Em coletiva no dia 10, entretanto, o mestre cervejeiro da empresa, Sandro Duarte, afirmou que os tanques da indústria também são usados na fabricação de outros rótulos, e não somente a Belorizontina.
Tanques
Perguntada sobre a presença de substância tóxica nos demais equipamentos Paula respondeu: “Não se sabe ainda nada. Estamos abertos para que sejam feitas as avaliações. A Backer não pode tomar iniciativas sem antes haver autorização”. Ela explica que foi contratada perícia técnica para avaliar os processos, mas é necessário autorização dos órgãos públicos que investigam o caso. “A prioridade da Backer é verificar processo por processo, tanque por tanque, envase por envase, toda matéria-prima que tem. O que a gente quer é esclarecimento”.
A indústria da Backer conta com 70 tanques, sendo que 20 deles foram comprados em 2019, o que representou aumento de 40% da capacidade produtiva. A empresa não informou se o tanque 10 faz parte da nova leva. Cada um dos recipientes tem capacidade para 18 mil litros de cerveja, o equivalente a 33 mil garrafas. A Backer usa a substância monoetilenoglicol no sistema de serpentina que circunda o tanque. A substância, que não deveria ter contato com a bebida, é capaz de resfriar o líquido, sem provocar o congelamento.
Laudo da PC encontrou monoetilenoglicol e dietilenoglicol em garrafas de Belorizontina e em equipamentos da cervejaria (confira o quadro). "Aqui na Backer nunca foi utilizado o DEG. Isso é um mistério para nós e para as autoridades", afirmou Paula, que reconheceu a presença da substância no tanque 10, sem saber informar o motivo. "No ano passado, recebemos o Ministério da Agricultura, todos os órgãos que fiscalizam uma empresa desse porte. Nada foi constatado", disse.
Perícia
A Polícia Civil e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) voltaram ontem à fábrica da cervejaria, no Bairro Olhos D'Água, na Região Oeste de Belo Horizonte, para complementar perícias feitas na semana passada. Dessa vez, os trabalhos estavam focados em análises químicas e de engenharia. A contaminação da cerveja é apontada como uma das possíveis causas para o quadro clínico das vítimas com a síndrome nefroneural. Exames de sangue de quatro vítimas que consumiram a Belorizontina deram positivo para o dietilenoglicol.
Até ontem, a Secretaria Municipal de Saúde recebeu da população 568 garrafas da marca Backer, sendo 29 Belorizontinas dos lotes L1 1348 e L2 1348, aqueles em que inicialmente houve a identificação do dietilenoglicol. A PC também encontrou o agente químico no lote L2 1354. Os produtos estão sob custódia da secretaria, à disposição da força-tarefa que investiga o caso. As garrafas podem ser entregues nas sedes das regionais da capital.
Vítimas
A Backer informou que ainda não entrou em contato com as vítimas da síndrome nefroneural. "Estamos muito tristes. Não entramos em contato com as famílias, anteriormente a isso, até mesmo para resguardá-las. A gente não sabia o que estava acontecendo. A partir de hoje (ontem), já estruturamos pessoas para entrar em contato com as famílias e nos oferecer para qualquer tipo de ajuda", disse Paula.
A preocupação dela é com os consumidores e que o problema seja associado ao mercado cervejeiro em geral. "Não queremos que nosso cliente e quem gosta da Backer sejam prejudicados", concluiu. A fábrica emprega 600 funcionários. A empresa informa que acionou a Justiça em relação ao recolhimento de todos os produtos da marca, determinação do Mapa, “porque precisa de mais tempo para se programar para atender, da melhor maneira possível, a medida de recall solicitada”.