O subsecretário de Vigilância em Saúde em exercício, Felipe Laguardia, afirmou que o número de casos da síndrome nefroneural causada pela ingestão de cerveja contaminada pode ser maior. "O número de casos pode aumentar. Aumentamos a sensibilidade de nossa investigação", afirmou o subsecretário em entrevista coletiva na cidade administrativa na sexta (17). A força-tarefa que atua na investigação da intoxicação por dietilenoglicol ampliou para outubro do ano passado a ocorrência de casos que podem ser incluídos. Também houve uma mudança no protocolo pelas autoridades de saúde que passam a tratar da síndrome neofroneural com "intoxicação exógena por dietilenoglicol."
Até 16 de janeiro, foram notificados 18 casos suspeitos de intoxicação exógena por dietilenoglicol. Desses pacientes, 16 são do sexo masculino e dois do sexo feminino. Quatro casos suspeitos foram confirmados, sendo uma deles de uma pessoa que morreu. Dos quatro óbitos, apenas um foi confirmado até o momento por intoxicação pelo dietilenoglicol.
De acordo com o secretário-adjunto de saúde Marcelo Cabral, as análises para identificar o dietilenoglicol no organismo dos pacientes são complexas e apenas a Polícia Civil de Minas Gerais, no estado, detém a tecnologia. "A resposta e o esforço do estado tem sido eficaz", afirmou Marcelo. A tecnologia de análise está sendo repassada à Secretaria de Estado da Saúde para dar mais celeridade ao diagnóstico.
O Ministério da Agricultura e Pecuária identificou contaminação por mono e dietilenoglicol em mais seis rótulos da cervejaria Backer, além da Belorizontina: Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2. A ingestão da substância está associada ao surto de síndrome nefroneural com 18 notificações já computadas pela Secretaria de Saúde em Minas (SES), que é investigado por uma força-tarefa que inclui a Polícia Civil e autoridades das áreas de saúde e vigilância de Minas e do governo federal. Quatro pacientes morreram. Ontem, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) cumpriu um mandado de busca e apreensão em uma distribuidora que fornece o monoetilenoglicol para a cervejaria Backer, em Belo Horizonte. A empresa fiscalizada é a Imperquímica, localizada no Vila Paris, em Contagem, na região metropolitana.
O Mapa informou, por meio de nota publicada na tarde de ontem, que identificou a presença dos contaminantes monoetilenoglicol e dietilenoglicol em outras marcas da Backer, além da Belorizontina e da Capixaba já informadas anteriormente. Até o momento, as análises realizadas pelos laboratórios constataram 21 lotes com dietilenoglicol. Desses, oito também têm monoetilenoglicol. Ainda de acordo com o ministério, equipes continuam “atuando nas apurações administrativas para identificar as circunstâncias em que os fatos ocorreram e tomando as medidas necessárias para mitigar o risco apresentado pelas cervejas contaminadas”. O Mapa também reiterou que a Backer continuará fechada até que a empresa tenha “condições seguras” para operar. Os produtos, conforme a pasta, só serão comercializados “mediante análise a aprovação” de técnicos do governo federal.
O último óbito associado ao caso ocorreu ontem: Milton Pires, de 89 anos, fundador do Bar Baiuca, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul da capital, faleceu no Hospital Mater Dei, onde deu entrada no início desta semana. O corpo dele foi levado ao Instituto Médico-Legal para exames de necropsia. Segundo um filho de Milton, que se identificou somente como Elton, o pai tomou a cerveja dentro do próprio bar na semana passada. Ele afirma que todo estoque do estabelecimento de rótulos da Backer já foi “encaixotado” e o fornecedor substituído.
Ontem, a Secretaria de Estado de Saúde incluiu oficialmente na lista de notificações por intoxicação ligada às cervejas Backer a morte de uma moradora de Pompéu, na Região Central de Minas Gerais. Ela faleceu com os sintomas semelhantes aos da intoxicação exógena causadora da síndrome nefroneural, dias depois de ingerir a cerveja Belorizontina em 19 dezembro, na casa de parentes, em Belo Horizonte. No Natal, a mulher deu entrada no pronto-atendimento da Santa Casa de sua cidade natal, onde perdeu a vida três dias depois, em 28 de dezembro. O Estado de Minas apurou que a mulher se chama Maria Augusta e tinha 60 anos. (Com informações de Gabriel Ronan, Cristiane Silva, Larissa Ricci, Marcelo da Fonseca e Déborah Lima)