Estudantes que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) na Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, cidade da Zona da Mata, alegam erro na correção das questões. Alunos apontam um "déficit discrepante" nas notas das provas do segundo dia de aplicação – Matemática e Ciências da Natureza. A nota, comparada aos acertos do caderno de questões e analisada em relação às pontuações da Teoria de Resposta ao Item (TRI's), teria sido dada com cerca de 400 pontos a menos do correto. O caso foi exposto por Duda Salabert nas redes sociais e o assunto se tornou um dos principais desta noite de sexta-feira (17).
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Ele afirma que acertou 133 questões, sendo 30 de Linguagens, 37 de Ciências Humanas, 39 de Matemática e 27 de Ciências da Natureza. "O problema foi na prova de matemática e ciências da natureza, o segundo dia de aplicação da prova. A nota de matemática foi 363,4 e de natureza 411,6. Com essa quantidade de acertos em matemática minha nota ficaria em torno dos 900 pontos e ciências da natureza por volta dos 690", explicou. "Não é papo de perdedor, é fraude, é totalmente incoerente essa nota. Eu estudei muito pra ficar sem nenhuma resposta", acrescentou.
A situação é muito semelhante da estudante Maria Esthér Nóra Sanches, de 18, que fez o Enem pela quarta vez com o objetivo de, também, ser aprovada em Medicina. Ela diz que está "frustrada" e se sentiu "injustiçada". De acordo com ela, 30 questões de Natureza (402,6) foram acertadas, assim como e 39 de Matemática (431,3). De acordo com ela, as notas deveriam estar em torno de 700 para Natureza e 830 para Matemática. "Entrei em contato com o Ministério Público Federal (MPF) e levarei os cadernos de questões do Enem deste ano, juntamente com os gabaritos oficiais do Inep, para que o procurador responsável possa analisar", afirmou.
"Me senti invalidado, desmotivado, foi a pior sensação do mundo. Não contei para ninguém. Moro com meus avós e sei o quanto eles acreditam em mim e torcem para que eu entre na faculdade. Não tive coragem de contar até esta tarde". Foi o que disse Leonardo Fernandes Ruiz Diaz, de 22, que sonha em fazer medicina. "Faço a prova do Enem desde o meu segundo ano de Ensino Médio. Passei por um trauma no primeiro ano: um acidente de carro. Passei cerca de 6 meses no hospital. Esse período foi muito difícil para mim, pois enfrentei o luto pela minha mãe. A forma de lidar com tudo aquilo era despertar a curiosidade pelo ambiente hospitalar, passei a perguntar tudo para as enfermeiras e para os médicos, e na minha recuperação veio também a vontade de cursar medicina e contribuir para a recuperação de outras pessoas", contou.
E desde então, ele fez três anos de cursinho. "Minha família reside toda em Viçosa, estive morando em BH dois anos longe deles. Foi feito muito sacrifício para que eu pudesse estudar", contou. Ele afirma que se assustou com o resultado, já que vinha de uma trajetória ascendente em notas. "Me assustei, porque vinha de uma média muito boa do ano passado, em que consegui ser chamado pelo fies. Tirei 614 de média, mesmo com os 980 da redação", relatou.
Foi então que ele se deparou com a postagem de uma amiga, aprovada em medicina, a respeito do erro das notas. "Quando vi essa postagem, me deparei com um link de um grupo que já contava com centenas de pessoas com relato parecido com o meu. Tirei 28 pontos na prova de matemática e 30 pontos na prova de ciências da natureza", contou. Ele relata que muitos estão cogitando entrar com uma ação judicial.
O Estado de Minas entrou em contato com o Ministério da Educação (MEC) e com o Inep. A matéria será atualizada após o retorno.