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Mais de 300 famílias fecharam a avenida com entulhos deixados pela chuva, que foram incendiados. A Polícia Militar compareceu ao local. Há relatos de que os policiais soltaram bombas de gás lacrimogênio contra os manifestantes.
O porteiro José Antônio Teixeira e a esposa Sônia Marly Vieira foram surpreendidos com a força da chuva, que rapidamente tomou conta da casa onde vivem, na Rua B1, paralela à avenida, a partir das 16h, aproximadamente. "Foi uma tempestade muito forte, uma tromba d'água que tomou conta de tudo", conta José.
Na residência, o prejuízo foi grande. A água estragou geladeiras, sofá, televisão, videocassete, aparelho de DVD, bicicleta, pneus, fogão, guarda-roupa, entre outros. O porteiro lembra que já passou por situações parecidas entre 2009 e 2010. "É muito difícil. Precisamos de obras para melhoria da região. Sempre que chove é um prejuízo, não conseguimos nem dormir, é complicado", diz José, que tem cinco filhos com a esposa. "Aqui na região todo mundo perdeu tudo".
O comerciante João Rodrigues mora na avenida Tereza Cristina há 20 anos. É proprietário de um restaurante e, no andar acima, é sua casa. Na chuva deste domingo, conta que a água chegou a quase 1,5 metros de altura no estabelecimento, e não é a primeira vez que isso acontece. Perdeu cinco refrigeradores, cinco cervejeiras, além de boa parte do estoque de mantimentos.
"Tem gente aqui que ganha um salário mínimo e não tem condição de comprar de novo uma cama, um guarda-roupa. Resolvemos fechar a avenida para perguntar ao prefeito onde ele está. Quero que uma autoridade competente venha conversar conosco, escutar os moradores e ver o que estamos passando", diz.
O presidente da Associação de Moradores e Empreendedores do Vila Betânia, Gladson Reis, pede a solidariedade da população. Quem puder ajudar pode entregar donativos no salão social da capela Nossa Senhora de Fátima, à Rua Amanda, número 620. "Estamos precisando de material de higiene pessoal, comida, itens como colchões, roupas de cama, material de limpeza. As família perderam tudo", diz.
Gladson aponta o descaso do poder público e de políticas públicas, principalmente voltadas para a prevenção de enchentes, como um problema sério. Outra questão que ele cita é a falta de um alerta anterior à chuva da Defesa Civil informando sobre o risco de inundação e para que os moradores pudessem deixar o local. "Cadê as obras de contenção da bacia do Calafate? É uma promessa desde 2007, quando foram anunciadas, e até hoje nem foram catalogadas", critica Gladson.
"Foram cinco horas de protesto. A avenida está intransitável e vai continuar fechada até que a prefeitura receba uma comissão das famílias para dialogar", acrescenta.