O transbordamento das águas do Ribeirão Arrudas provoca sempre imagens impactantes, com resgates cinematográficos, cenas lamentáveis e muito revolta. E não é para menos. Imagens dos anos 1970 e 1980 revelam que nesse período houve registro de ao menos sete grandes enchentes nesta região de Belo Horizonte. Especialistas apontam soluções: veja o vídeo abaixo.
O problema é que estamos em 2020 e pouca coisa eficaz é feita. A situação é tão complicada, que remonta à própria noção de desenvolvimento e de urbanização das cidades. Na ainda jovem capital da década de 1920, enxurradas eram responsáveis por transtorno para quem vivia às margens do ribeirão.
A região na qual está localizada Belo Horizonte tinha quase 700 quilômetros de cursos d’água quando a capital foi projetada. Porém, nos projetos originais da construção da cidade, eles foram ignorados. O mapa hidrográfico atual da cidade mostra um pouco as consequências desse começo desastroso.
No caminho das águas há trechos em leito natural. Canalizados, mas abertos. Canalizados fechados e os canalizados em seção tubular. BH tem ainda outros vários cursos d'água ainda não cadastrados.
No caminho das águas há trechos em leito natural. Canalizados, mas abertos. Canalizados fechados e os canalizados em seção tubular. BH tem ainda outros vários cursos d'água ainda não cadastrados.
A história de Belo Horizonte é de negação da água. Nesse modelo desenvolvimentista urbano, baseado na indústria, na verticalização e no asfalto, a cidade rompeu com suas águas urbanas. Culturalmente, os moradores da cidade sempre enxergaram as águas como local para lançar o lixo. Na opinião de especialistas, só é possível ter um novo Ribeirão Arrudas se os erros do passado forem corrigidos.