Leis mais rígidas e justiça na Alemanha. Essas foram algumas das pautas levantadas pelo advogado alemão Rudiger Helm para tratar das medidas tomadas em relação à Tüv Süd, empresa alemã contratada pela Vale para inspecionar a estrutura da barragem e garantir sua estabilidade, por conta da sua responsabilidade pelas mortes registradas na tragédia de Brumadinho. Participaram da coletiva a Associação das Vítimas e Atingidos no Desastre de Brumadinho (Avabrum), o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada de Minas e o Sindicato (Metabase-Brumadinho).
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MP denuncia Vale, Tüv Süd e 16 pessoas por rompimento da barragem de BrumadinhoEspecialista contratado pela Backer contesta contaminação da água por dietilenoglicolParentes de vítimas da síndrome nefroneural são ouvidos pela polícia nesta terçaBrumadinho 1 ano depois: dor e prejuízo continuam no rastro da lamaBombeiros não interrompem buscas por vítimas em Brumadinho mesmo com chuva intensaBrumadinho, 1 ano depois: natureza tenta resistir à tragédiaO objetivo das ações tomadas pelos sindicatos é tornar a legislação mais rígida para empresas que cometem crimes como o que ocorreu em Brumadinho. Trata-se da criação de novas leis que responsabilizam a empresa por toda a cadeia produtiva e uma constituição que garanta a proteção as pessoas que denunciam irregularidades nas empresas em que trabalham. "Funcionários poderiam ter denunciado a situação. O que impede muito é o medo de retaliação e da possibilidade de perder o emprego", disse Rudiger Helm.
Isso porque as investigações indicam e-mails trocados entre funcionários da Tüv Süd comprovam que a Vale pressionava os empregados. Em 13 de maio de 2018, o engenheiro Makoto Namba (Tüv Süd), enviou um e-mail a Arsênio Negro Júnior, Vinícius da Mota Wedekin e Marlísio Cecílio, todos empregados da Tüv Süd, às 22h16 alertando a instabilidade da barragem.
Os sindicatos acreditam que executivos alemães também precisam ser responsabilizados já que existe uma supervisão cotidiana na empresa. "E a Alemanha não permite a extradição de cicadães alemães. Portanto, a condenação desses executivos tem que ocorrer no país de origem", esclarece o advogado brasileiro Maximiliano Garcez.
Em visita a Alemanha, a representante Josiane de Oliveira Melo, representando da Associação das Vítimas e Atingidos no Desastre de Brumadinho foi surpreendida pela falta de informações sobre o caso e a responsabilidade da empresa alemã no episódio. "Foi um choque. Por se tratar de um país de primeiro mundo, imaginava que a Justiça era melhor. Mas, percebemos que as pessoas pouco sabem sobre a responsabilidade da Tüv Süd no caso Brumadinho. Muito pouco é dito na mídia. Ela continua sendo uma das maiores empresas do mundo", explicou.
Ela clama por justiça após um ano desde a tragédia. "Temos que trabalhar para que eles sejam corresponsáveis. Para as famílias, justiça é igual a cadeia. Mesmo presos, eles ainda vão poder receber seus familiares na prisão. E nós? Nós não vamos rever nossos parentes nunca mais", disse emocionada.