Dois operários foram soterrados na tarde desta terça-feira em uma obra na Rua Palmira, no Bairro Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Um deles morreu. De acordo com a Florença Construtora, responsável pelos trabalhos, havia seis funcionários no momento do incidente, por volta das 14h. Uma das vítimas foi retirada após seis horas e meia sob escombros.
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Bombeiros adotam delimitação estratégica na procura pelos últimos 11 corpos em BrumadinhoConheça as Vespas, novos drones dos bombeiros de MinasOperário morre e outro fica ferido após soterramento em Santa LuziaResgate de operários em obra na Rua Palmira, no Bairro Serra''A chance de sobreviver era muito pequena'', diz bombeiro que salvou operário soterrado em BHOs trabalhadores cavavam uma vala para receber fundação do prédio. O edifício residencial seria de nove andares e teria começado em outubro. De acordo com o tenente-coronel Winderson Alan Moura, risco à segurança da operação dificultou o resgate.
"É um trabalho minucioso, a gente precisa trabalhar com técnica tanto pela segurança das vítimas quanto dos militares que estão empenhados. A dificuldade maior é a instabilidade do terreno", disse o militar. Segundo os bombeiros, a queda foi de aproximadamente quatro metros.
"É um trabalho minucioso, a gente precisa trabalhar com técnica tanto pela segurança das vítimas quanto dos militares que estão empenhados. A dificuldade maior é a instabilidade do terreno", disse o militar. Segundo os bombeiros, a queda foi de aproximadamente quatro metros.
Vizinhos lamentam acidente
A gerente-geral Maria do Socorro Vasconcelos, de 58 anos, trabalha ao lado da obra e escutou um barulho por volta das 14h. "Fez 'bum', como se algo tivesse caído. Depois eles começaram a gritar", contou. "Para a gente, que convivia (com os operários) aqui é muito triste. Eles trabalhavam muito alegres. Parecia tudo normal e de uma hora pra outra aconteceu isso", lamenta.
O servente de pedreiro Clarison Rodrigues, de 31, trabalhava em outra obra próxima ao local e correu para tentar socorrer os trabalhadores. "A gente escutou os gritos, os colegas gritaram muito e corremos pra ajudar", contou. "Tem cena que a gente vê e não consegue nem falar sobre. Pra gente que trabalha com isso, é um acidente ninguém quer ver."
A vizinha Joana Darc, disse ficar assustada com o soterramento tão próximo de sua casa. "Passei por volta de 13h50 e estava tudo tranquilo. Na hora que voltei já estava cheio de viaturas", disse a dentista. Segundo ela, há pouco tempo havia uma casa no local. "Tem pouco tempo que começaram a demolir a casa e não tinha muito movimento não, era raro ter o portão aberto", conta. "A sorte é que não tinha muitos trabalhadores", acrescentou.
Resgate sem hora pra acabar
Na noite desta terça-feira, os militares se prepararam com toldo em caso de chuva que estava prevista para a madrugada. "Isso é tentar assassinar os empregados", disse Vilson Valdez, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção. Segundo ele, o sindicato havia visitado a obra em outubro e viu irregularidades. "Tinha cinco trabalhadores sem equipamento de segurança. Muita sujeira, material espalhado e falta de técnico responsável", disse.
A obra está em fase inicial de construção. De acordo com o vice-presidente do sindicato, a empresa foi convocada, mas não compareceu. "Quando falamos com os operários, deixamos panfletos e dissemos que quando começasse a escavação tinha que ter escoramento e um responsável acompanhando, mas parece que isso não aconteceu", contou Valdez.
Já Luiz Fernando Côrtes Caravita, advogado da Florença Construtora, sustenta que a obra estava regular e que os operários usavam equipamentos de segurança. Representantes da Prefeitura de Belo Horizonte compareceram ao local, mas não falaram com a imprensa sobre licenciamento da construção.
Já Luiz Fernando Côrtes Caravita, advogado da Florença Construtora, sustenta que a obra estava regular e que os operários usavam equipamentos de segurança. Representantes da Prefeitura de Belo Horizonte compareceram ao local, mas não falaram com a imprensa sobre licenciamento da construção.