Jornal Estado de Minas

Avenida dos Andradas é parcialmente interditada após queda de vigas no Arrudas

 

A Avenida dos Andradas está parcialmente interditada na manhã desta segunda-feira em função da queda de vigas de sustentação sobre o Ribeirão Arrudas, no Centro de Belo Horizonte



 

A força da correnteza devido às chuvas dos últimos dias fez com que o volume de água subisse, arrancando pelo menos quatro vigas de concreto entre a Avenida Francisco Sales e a Alameda Ezequiel Dias. 

Estragos ficaram visíveis no asfalto e nas estruturas por onde a água jorrou com força na Avenida dos Andradas durante as chuvas na noite de sexta-feira (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

 

Segundo a BHTrans, há uma faixa interditada em cada sentido, ao lado da mureta de proteção do ribeirão. O local está sinalizado. Por volta das 8h15, a BHTrans informou que não havia atraso significativo das linhas de ônibus que passam pela região. Mais cedo, o trânsito era lento no sentido Praça da Estação. 

Susto no Arrudas: entenda por que as águas jorraram

 

As imagens dos jatos de água que alcançaram cinco metros de altura – medida superior à dos postes de luz – em pleno canteiro central da Avenida Andradas, no Centro de Belo Horizonte deram a dimensão do volume de chuvas na cidade últimos dias. Compartilhado por milhares de pessoas, o vídeo que mostra a cena provocou preocupação em quem passa pela via. O asfalto da avenida foi afetado com a força do rio? O Arrudas pode transbordar e inundar a região? Engenheiros ouvidos pelo Estado de Minas afirmam que o evento raro é resultado de uma pressão fora do normal causada pelo volume de água, mas que não representa riscos para o asfalto. No entanto, afirmam que o perigo de enchentes no local é real e lembram que canalização de rios é medida antiquada na engenharia moderna e que outros tipos de obras passaram a ser adotadas.


 

"No meio da Andradas tem o que chamamos de suspiro. É uma caixa respiratória, que serve como um colchão para aliar a pressão do ar que ocorre com o forte deslocamento da água", explica o engenheiro Henrique Castilho Marques de Sousa, superintendente da Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital). Segundo Castilho, as estruturas vazadas de concreto no jardim central têm exatamente a função de reduzir a força da água ao longo da canalização. Caso não houvesse esse "respiro para o Arrudas", os danos seriam significativos na avenida. "É um cálculo estrutural. Os repiros servem como alívio para a carga hidráulica e evitam que estrutura seja comprometida. O volume e a velocidade da água foram tão grandes que algumas estruturas se soltaram com o respiro do rio. É atípico, mas não houve qualquer dano à base da via", afirma o chefe da Sudecap.

(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

 

Ele lembra que o Arrudas recebe água de todos os córregos e rios das regionais Oeste, Leste, Centro-Sul e do Barreiro, o que levou a uma tromba d'água incomum durante as chuvas dos últimos dias. A Sudecap mantém monitoramento na Andradas e não foram constatados riscos no asfalto. "Na pista, temos as juntas de dilatações, que ficam entre as tampas do canal e a pavimentação. Elas são feitas exatamente para se movimentar quando necessário e não causar danos na estrutura", diz Castilho.

 

Para o engenheiro Geovanni Cremosi, o volume de chuva superior a 170 milímetros em 24 horas fez com que o sistema de drenagem da cidade ficasse saturado. "Temos hoje grandes áreas não permeáveis, o que sobrecarrega as estruturas de drenagem. Com volumes tão acima da média como tivemos, já é esperado que sistema tenha problemas. E com chuvas cada vez mais volumosas, temos regiões, como às margens da avenida Andradas, em que existe o risco de alagamentos", conta Geovanni.



 

 

Menos canalizações


A canalização completa de rios é considerada pelos técnicos como ultrapassada pelos padrões modernos da engenharia. " Vemos a tendência em várias cidades de se deixar os grandes rios ao ar livre, no lugar de tampá-los completamente. Mas cada situação precisa ser estudada", analisa o engenheiro.

 

 

O superintendente da Sudecap ressalta que algumas obras que estão sendo feitas em Belo Horizonte não apostam mais na canalização dos rios para evitar alagamentos, mas na construção de reservatórios. "Não posso comentar sobre obras feitas em gestões passadas. Na década de 1990 a engenharia da época apresentou essa solução. A cidade precisava direcionar a água e na época foram feitos os estudos necessários. Hoje estamos mudando a maneira de trabalhar em alguns locais. Por exemplo, no Vilarinho (Venda Nova), vamos fazer grandes reservatórios de água no lugar de canalizar a água", afirma Castilho.