Por volta das 20h, estava na Academia Alta Energia, na Rua Michel Jeha, no Bairro São Bento, terminava um treino, quando começou a chover. Olhei pela janela e a água subia rapidamente. Em cinco minutos a água estava a meio metro dentro da academia e, na rua, já encobria os carros. As esteiras, mesas e computadores estavam debaixo d'água. A enxurrada ganhava força suficiente para arrastar os carros estacionados. Neste momento, um de nossos professores tentou retirar o carro que estava ilhado em frente à academia.
Ele entrou no veículo que também foi arrastado. Foram minutos de desespero para quem estava na academia e via o carro ser arrastado. Cerca de cem metros para frente, ele conseguiu sair e ficar no capô do veículo, pulou na grama da praça e conseguiu escapar. A chuva não diminuía. Vi um carro descer da Bento Simão, bater no semáforo, que caiu e foi arrastado pela água. A chuva deu uma trégua e a água barrenta começou a baixar. Quando pensamos que haveria uma trégua, teve início outra tempestade e a enxurrada veio com mais intensidade. Nesse momento, éramos cerca de 30 pessoas.
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'Foi uma cena de guerra', diz educadora sobre temporal Defesa Civil confirma uma morte em Nova Lima após desabamento em decorrência da forte chuvaEnxurrada causa destruição no entorno da praça Marília de Dirceu, em Belo Horizonte'Meu medo era desabar tudo', diz advogada que estava no BH Shopping Carros são arrastados em rua em frente a restaurante sofisticado do bairro de Lourdes, em BHA água transbordou e inundou as ruas no entorno, inclusive parte da Arthur Bernardes. Não era possível ter acesso à minha rua, a Engenheiro Zoroastro Torres, então desci pela Avenida Prudente de Morais com muito medo que voltasse a chover e a avenida mais uma vez se transformasse em um rio. Uma das ruas paralelas estava tomada de água, os carros submersos boiavam. Só havia uma entrada para a minha rua, mas o nível da água ainda estava alto. Fiquei esperando alguns minutos, quando a água cedeu, era possível ver a avenida Prudente de Morais destruída.
O asfalto despregou do chão, muita lama, galhos de árvores deixavam o local irreconhecível. Tudo destruído e eu sem saber se esperava ou se seguia. Tive ajuda de um homem, que viu meu desespero. Ele me ajudou a atravessar o local ainda alagado. A chuva voltou e só me vinha à mente que a Avenida Prudente de Morais podia a qualquer momento se transformar num rio. Afinal, ali passa o Córrego do Leitão que foi canalizado. Nunca vi chuva com tamanha intensidade. Foram três horas de pânico.