Jornal Estado de Minas

Ex-funcionário acusa estado de sucatear equipe de previsão meteorológica

 

 

O Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), órgão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) responsável pelo monitoramento meteorológico e hidrológico do estado, teve sua equipe reduzida drasticamente em 2016, quando cinco meteorologistas e dois engenheiros, todos cargos comissionados, foram demitidos. Desde então, o órgão trabalha com três meteorologistas, que, segundo a Semad, trabalham em conjunto com outros três profissionais da Cemig.




O Estado de Minas ouviu um dos meteorologistas que trabalhou em uma empresa que prestou serviço para o Simge por quatro anos e que deixou o órgão em 2016, quando a crise econômica fez com que o estado encerrasse o contrato por causa do agravamento da crise econômica. Ele pediu para não se identificar.


“O Simge funciona dentro do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) como um órgão que deveria monitorar 24 horas a previsão do tempo e alertando tanto o estado como as cidades sobre situações de riscos. Quando entrei, em 2012, a equipe tinha seis meteorologistas, sendo que fazíamos plantões e o monitoramento não parava em nenhum dia do ano. Também tínhamos duas engenheiras civis, responsáveis por acompanhar a elevação dos rios. Com os cortes em 2016, o órgão parou de fazer o monitoramento em tempo integral. Hoje uma pessoa tem que fazer o trabalho de uma equipe inteira. Não tem como manter a qualidade”, contou o meteorologista.


Nos boletins meteorológicos divulgados no site do Simge não estão relatórios da maioria dos finais de semana. Apenas no último final de semana, dos dias 25 e 26 de janeiro, o órgão divulgou informações sobre as chuvas. Os boletins “diários”, com dados sobre os rios que atravessam Minas, também não são feitos todos os dias. O ex-funcionário diz que a justificativa para a redução da equipe foi a falta de verbas do governo de Minas com a crise econômica.




Segundo o ex-funcionário, um dos maiores problemas com a redução da equipe é a falta de uma atuação preventiva para auxiliar a Defesa Civil estadual e as prefeituras. “Uma cidade como BH, por exemplo, tem sua equipe de defesa civil e conta com meteorologista. Mas muitas cidades do interior não têm defesa civil. Quando tínhamos informações sobre uma situação de emergência, com algum tipo de risco, o quadro era apresentado para os técnicos da Defesa Civil imediatamente. Quando afetada uma cidade que não tinha equipe de defesa, era possível usar equipes de municípios vizinhos, que se deslocavam para os locais de risco de forma preventiva”, explica o meteorologista.


O Simge foi criado em 1997 após convênio com o Ministério da Ciência e Tecnologia, com objetivo de disponibilizar com detalhamento em escala regional informações sobre ocorrência de fenômenos adversos no estado, como enchentes, temporais severos e estiagens.


Outro lado


Em nota, o Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), que coordena o Simge, informou que conta hoje com três meteorologistas, que trabalham diretamente com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Administrativa. Segundo a pasta, eles contam com apoio de outros três meteorologistas da Cemig. Essa dinâmica de trabalho é definida pela secretaria como “integrado e mais eficiente” pelo fato dos profissionais responsáveis por prever o tempo trabalharem “no mesmo ambiente” dos plantonistas da Cedec. O órgão do governo também informa que os servidores destinados a essa tarefa passaram por capacitação no ano passado para melhorar as previsões de curto prazo.


Ainda conforme a Semad, os trabalhos monitoramento e emissão de alertas meteorológicos operam 24 horas por dia. Entre os avisos ressaltados pela secretaria estão as mensagens enviadas via SMS para os moradores por meio do número 40199. Basta ao cidadão enviar uma mensagem de texto para esse telefone com o seu CEP que ele passa a receber as notificações da Defesa Civil.