Subiu para 12 o número de casos suspeitos pelo novo coronavírus no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), três a mais em relação ao último boletim epidemiológico. Os resultados dos exames da jovem de Belo Horizonte, que ficaram prontos nesta sexta-feira, descartaram a doença que se espalhou a partir da China em 2019 e é considerada ameaça mundial.
A pasta montou força-tarefa de enfrentamento à epidemia. O país ainda não tem nenhuma confirmação do vírus e, com a eliminação do caso em BH, Minas Gerais não conta com nenhum caso suspeito.
A nova doença, que acomete o sistema respiratório, já deixa 213 mortos e está perto da marca de 10 mil pessoas infectadas em 19 países, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A organização considerou a transmissão do novo coronavírus como uma emergência de saúde pública internacional. O ministério informou que seis novos pacientes estão sendo monitorados e três foram descartados, um no Rio de Janeiro, outro, em São Paulo e a jovem internada desde segunda-feira no Hospital Eduardo de Menezes, em BH.
País em alerta
Com isso, a pasta acompanha casos suspeitos no Ceará (1), Paraná (1), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (1) e São Paulo (7). “O risco está alto para o mundo todo”, alertou o secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.
“A avaliação de risco pode ser ajudatada a qualquer momento. Estamos sob declaração de emergência de saúde pública internacional. Nenhum país está imune”, disse.
Inicialmente, as autoridades de saúde haviam anunciado 13 casos suspeitos no Brasil, mas, durante a coletiva de imprensa, na tarde desta sexta-feira, eles disseram que haviam recebido naquele momento resultados negativos para a estudante de BH.
“Estamos antecipando uma informação que vai sair no relatório de amanhã (sábado), ao meio-dia, essa informação vai sair no relatório. Mas, como tínhamos combinado com vocês, estão todos ansiosos, estamos antecipando uma informação fora do script. Ela vai estar no resultado de amanhã, mas afirmamos que o resultado de saúde”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, depois de ser perguntado sobre a paciente de BH.
Exames descartam paciente de BH
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, fez três exames, usando técnicas diferentes, e todos eles descartaram o contágio pelo novo microorganismo, que começou a circular em dezembro de 2019.
O novo coronavírus faz parte de uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias de leves a moderadas em seres humanos e animais. Os primeiros foram identificados em meados da década de 1960.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a paciente continua internada em ala isolada do Hospital Eduardo de Menezes, referência em doenças infectocontagiosas. Outras 14 pessoas próximas dela estão sendo monitoradas.
A estudante, de 22 anos, que apresentou sintomas semelhantes a um resfriado, esteve na cidade de Wuhan, onde há o maior número de pacientes infectados. Ela informou aos órgãos públicos que não esteve no mercado de peixes chinês, considerado o local dos primeiros contágios. Também não teve contato com pessoa doente nem procurou nenhum serviço de saúde no país asiático.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), após manifestar febre, a paciente começou a usar máscara para evitar contágio e foi diretamente à Unidade de Pronto Atendimento Centro-Sul, na sexta-feira (24), fazendo uso dessa proteção. Ela relata não ter saído de casa desde que chegou à capital. No dia 27, foi transferida para o Eduardo de Menezes.
Em 21 de janeiro, outra paciente chegou a UPA-Centro Sul, na capital mineira, com sintomas respiratórios compatíveis com a doença viral aguda causada pelo coronavírus. A SES havia considerado o caso suspeito, mas o Ministério da Saúde rejeitou a notificação, por não se encaixar, no momento, nos critérios da OMS.
A mulher de 35 anos esteve em um evento internacional em Xangai e desembarcou na capital mineira em 18 de janeiro. Ela chegou a ser conduzida ao Hospital Eduardo de Menezes para observação. Profissionais de saúde recolherem uma amostra de sangue e encaminharam para a Fiocruz, no Rio de Janeiro. A instituição, no entanto, verificou que se tratava de um caso de rinovírus humano (HRV).
Transmissão
Como se trata de um novo tipo, as investigações sobre transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento. O Ministério da Saúde alerta que o contágio costuma ocorrer por gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo ou usando os mesmos objetos ou superfícies contaminadas.
“A máscara nesse momento não é para a população em geral. É para os trabalhadores da linha de frente de entrada e de coleta de exame e manejo de pacientes”, explicou Oliveira.
O ministério também negou a indicação de chá de erva-doce para combater a nova variedade do coronavírus. Uma série de publicações viralizou nas redes sociais brasileiras com a afirmação de que médicos estariam recomendando o consumo da infusão, que conteria a mesma substância do remédio Tamiflu.
O mecanismo de proliferação da doença ainda não é totalmente conhecido pelos especialistas, por se tratar de um vírus novo. É o que explica o médico infectologista membro da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Carlos Starling.
"As informações que vêm da China ainda são limitadas, são informações preliminares. Um dado básico é que uma pessoa infectada pode infectar outras duas", esclarece.
Ele alerta ser fundamental identificar rapidamente casos suspeitos, já que o momento crucial para controle da epidemia é quando acontecem as primeiras notificações. O médico afirma que o isolamente deve durar de sete a 10 dias, até os sintomas, semelhantes ao de um resfriado, desaparecerem.
"Os profissionais de saúde que tiveram contato com essa paciente podem ser os mais acometidos por esse tipo de epidemia. É essencial que todos tomem as medidas de precaução", salienta.