Jornal Estado de Minas

Volta às aulas é teste de paciência para motoristas e pedestres em BH

Só na região da Avenida Tereza Cristina, que tem vários bairros atingidos pelos temporais dos últimos dias, estão localizadas 21 escolas (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Barreiras tomando estacionamentos, cones para desviar de grelhas e bueiros, interdições com ou sem desvios demarcados. Os estragos provocados pelos temporais do fim de janeiro e início de fevereiro em corredores importantes, como as avenidas Tereza Cristina e Mário Werneck, e rodovias MG-030 e BR-356 prometem trazer mais desafios e lentidão para o tráfego que engrossa hoje em Belo Horizonte com o retorno de fato do recesso de janeiro para trabalhadores e estudantes.



Cerca de 150 mil alunos de 812 escolas só do ensino infantil ao médio poderão retornar às aulas já nesta segunda-feira, segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep). Muitas dessas vias constituem corredores importantes de ligação entre as regiões da capital mineira e até de municípios da Grande BH, como Brumadinho, Contagem, Ibirité e Nova Lima.

Uma das vias com mais interrupções de segmentos que será colocada a teste é a Avenida Teresa Cristina, entre o Anel Rodoviário e a Via Expressa, na Região Oeste de BH. Cerca de 70% dos 18 quilômetros dos dois sentidos estão comprometidos pelas cheias do Ribeirão Arrudas no fim de janeiro. O segmento da Rua Antônio Bernardo até os acessos para a Via do Minério funciona apenas para trânsito local e está completamente bloqueado na altura do Bairro Vista Alegre.



Só na região da Avenida Teresa Cristina, nos bairros Vista Alegre, Betânia, Nova Cintra, Cinquentenário, Salgado Filho, Palmeiras, Havaí e Nova Gameleira, que foram mais afetados diretamente, há 21 instituições de ensino. A escola do Sesi-Goba, na Região do Barreiro, abre as portas aos 630 alunos, de 6 a 15 anos, e a previsão da gerência é de que os estragos na Avenida Teresa Cristina, bem como sua interdição em vários pontos, trarão impacto negativo para o trânsito local. “Vai ser um pandemônio quando começar a passar as vans de escolas. Os ônibus com pontos que ficaram destruídos foram mudados e o povo vai ter de descobrir como fazer. A chuva destruiu a avenida e o problema só está começando”, diz o mecânico Emerson Gonçalves, de 44 anos.



Outra via com interrupções em pistas que serão impactadas quando o tráfego voltar ao normal é a BR-356, sentido Nova Lima-BH. A via tem três longos segmentos à direita cercados por cones para prevenir que carros entrem em áreas onde barrancos cederam e continuam a escorregar. Na alça de acesso para Nova Lima pela MG-030 o desmoronamento de um barranco de 10 metros de altura obrigou as máquinas a remover o material, mas uma das duas pistas continua bloqueada por cones de segurança, tornando-se mais um gargalo. A MG-030 tem movimento de 30 mil veículos por dia e boa parte vem justamente da BR-356.
 

 
Adiante, no sentido Savassi, são três linhas de cones bloqueando parte da pista da direita, entre o trevo do BH Shopping e a altura do Shopping Ponteio. Nesses locais, a cada chuva descem mais terra, pedras e até árvores, colocando a segurança de motoristas e pedestres em risco.

Uma das regiões que pode também ter problemas por causa dos estragos deixados por duas semanas de chuvas é o Buritis. Lá, a Avenida Mario Wernek sob a Rua José Rodrigues Pereira, no Estoril, teve seu acesso à Avenida Barão Homem de Melo bloqueado por dois barrancos que escorregaram nas primeiras chuvas. Ao lado da Rua José Rodrigues Pereira, é um dos principais acessos ao bairro por onde passam cerca de 60 mil veículos em dias normais.



Retorno adiado

No Buritis e cercanias, são pelo menos 18 colégios e faculdades abastecidos pela Avenida Mário Werneck, um dos únicos acessos do bairro para a Região Centro-Sul. A unidade do Colégio Batista no Bairro Buritis (Rua Pedro Laborne Tavares), na Região Oeste, foi inundada duas vezes pelos temporais de janeiro e teve suas aulas adiadas em uma semana para colaborar com o trânsito. O diretor-geral, Valseni Braga, disse ao Estado de Minas que as famílias foram avisadas. “A comunidade escolar recebeu bem o adiamento, porque todos viram que não é um problema da escola. As fortes chuvas ainda acabaram atrasando as obras de melhoria que estávamos fazendo na escola.”

No caso da Praça Marília de Dirceu, um dos principais acessos ao Bairro de Lourdes e ao Centro pelas avenidas do Contorno e Prudente de Morais estão comprometidos em três quarteirões sem pavimentação completa, com vários buracos, asfalto aberto em placas como degraus e grelhas de galerias do Córrego do Leitão interditadas por cones no meio da via.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) adiou o retorno de 200 mil alunos das 500 escolas da rede municipal para o dia 12 como forma de dar alento e até de reparar unidades diretamente atingidas pelas enchentes, enxurradas e desabamentos. Alívio por um lado, problemas para muitos dos pais que fatalmente retornam às atividades normais nesta semana e terão de programar com quem deixar os filhos.



Por meio de nota, o Sinep deu autonomia às escolas da capital para definir a data de retorno, desde que cumpram os 200 dias letivos. “Até agora, a única instituição que se manifestou foi o Colégio Batista, unidade do Buritis (Região Oeste), que não tem a mínima condição de retomar as atividades na segunda. Eles prorrogaram a volta às aulas para 10 de fevereiro”, informou ao EM a presidente do sindicato, Zuleica Reis Ávila. “As escolas particulares têm um programa e um currículo a serem cumpridos rigorosamente. São cobradas por isso, e a fiscalização é rigorosa”, pontuou.