Moradores da capital e cidades do interior de Minas obrigados a deixar suas casas devido às fortes chuvas que atingiram a cidade nos últimos dias e tendem a se repetir precisam de acompanhamento médico. Desde a semana passada, os profissionais de saúde estão em alerta e orientando a população sobre os riscos de doenças decorrentes de alagamentos e enchentes, como hepatite, tétano e leptospirose.
Mas o perigo não para por aí. O vaivém de chuvas alternadas com dias de sol fornece ainda o ambiente perfeito para a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika: água acumulada nas ruas, em montes de entulho, jardins, quintais ou até em pequenos vasos de planta se transformam em criadouros. A tendência é de que a escalada dessas doenças se torne ainda mais forte.
A dengue já lidera as estatísticas dessas arboviroses e cresce aos saltos, aponta boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgado ontem. Os casos prováveis da enfermidade passaram dos 4.671 registrados até a terça-feira da semana passada para 6.988 no levantamento de ontem (veja quadro) – o que dá uma média de 200 diagnósticos suspeitos e/ou confirmados por dia em Minas. As regiões Nordeste, Leste, Sul e Sudeste de Minas estão em alerta.
Mas o perigo não para por aí. O vaivém de chuvas alternadas com dias de sol fornece ainda o ambiente perfeito para a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika: água acumulada nas ruas, em montes de entulho, jardins, quintais ou até em pequenos vasos de planta se transformam em criadouros. A tendência é de que a escalada dessas doenças se torne ainda mais forte.
A dengue já lidera as estatísticas dessas arboviroses e cresce aos saltos, aponta boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgado ontem. Os casos prováveis da enfermidade passaram dos 4.671 registrados até a terça-feira da semana passada para 6.988 no levantamento de ontem (veja quadro) – o que dá uma média de 200 diagnósticos suspeitos e/ou confirmados por dia em Minas. As regiões Nordeste, Leste, Sul e Sudeste de Minas estão em alerta.
O perigo se mostra por toda parte. Duramente atingida há uma semana, quando a chuva torrencial desabou sobre Belo Horizonte, o Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul, ainda exibe pontos vulneráveis como na Rua Marília de Dirceu. Na tarde de ontem, passando pelo local com a mulher, a professora Roselea Gomes Garcia e Silva, o médico e morador próximo da Praça Marília de Dirceu, Agnaldo Silva, alertou para os riscos de doença presentes na água empoçada e na poeira que sobe da lama seca.
“Essa poeira faz muito mal, principalmente para quem sofre com doenças respiratórios, a exemplo de bronquite, asma e outras. Em relação à água empoçada, é visível o perigo para dengue”, afirmou o médico, que está nessa profissão há 46 anos, dos quais 37 no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Com tanta experiência, Agnaldo receita “conscientização” para que as epidemias de dengue e os efeitos decorrentes da chuva não atrapalhem a vida dos belo-horizontinos. “Neste momento, a gente fica muito preocupada com os menos favorecidos”, acrescentou Roselea.
“Essa poeira faz muito mal, principalmente para quem sofre com doenças respiratórios, a exemplo de bronquite, asma e outras. Em relação à água empoçada, é visível o perigo para dengue”, afirmou o médico, que está nessa profissão há 46 anos, dos quais 37 no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Com tanta experiência, Agnaldo receita “conscientização” para que as epidemias de dengue e os efeitos decorrentes da chuva não atrapalhem a vida dos belo-horizontinos. “Neste momento, a gente fica muito preocupada com os menos favorecidos”, acrescentou Roselea.
Quem passa na esquina das ruas Marília de Dirceu e Antônio Aleixo dá de cara com água empoçada e um buraco resultante das últimas chuvas. “A Prefeitura de Belo Horizonte está fazendo um ótimo trabalho, ninguém, pode negar. Mas poeira e água parada sempre preocupam”, afirmou a aposentada Doralice Pinto Coelho, que parou para dar uma espiada, ao lado da irmã e também aposentada, Maria Regina Pinto Coelho.
Depois da destruição causada pelas fortes chuvas que castigaram a Grande BH e cidades do Leste de Minas no fim de janeiro, móveis, eletrodomésticos e pneus aumentam a pilha de entulhos nas ruas – e os criadouros do Aedes. Só para se ter uma ideia, em Belo Horizonte, por exemplo, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) informou que recolhe, diariamente, os resíduos trazidos pela chuva ou descartados pelos moradores devido aos alagamentos. Somente de 27 de janeiro até o dia 2, a SLU recolheu 5.066 toneladas destes resíduos. Omédico infectologista e professor adjunto do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG Mateus Rodrigues Westin alerta: “As chuvas favorecem acúmulo de água parada e, consequentemente, a maturação dos ovos do Aedes. Ou seja, os últimos temporais aumentaram a quantidade de lixo nas ruas e o risco de transmissão. Nem sempre a limpeza é feita com a rapidez necessária”, explicou.
Este ano, de acordo com a SES, Minas Gerais registrou 6.988 casos prováveis de dengue. No primeiro boletim do ano, divulgado em 8 de janeiro, eram apenas 56. Já são cinco mortes sob investigação, distribuídas em Medina (Vale do Jequitinhonha), Além Paraíba (Zona da Mata) e Campo Belo (Centro-Oeste), Iturama (Triângulo Mineiro) e Tapuraba (Zona da Mata). Vale lembrar que nem todos os diagnósticos prováveis e mortes sob suspeição ocorreram no período de sete dias, mas sim que eles passaram a fazer parte do levantamento nesse intervalo de tempo. No ano passado, foram confirmados 178 óbitos e 89 permanecem em investigação.
O boletim da SES registra ainda a notificação de 131 casos prováveis de febre chikungunya, dois deles em gestantes, e 52 de zika, sendo seis em grávidas. Ainda de acordo com o boletim, 13 municípios estão com incidência muito alta (mais de 500 casos por 100 mil habitantes) de casos prováveis de arboviroses, 10 com alta incidência (300 a 499 por 100 mil habitantes), 29 em média incidência (100 a 299 por 100 mil habitantes) e 492 sem casos prováveis. De acordo com a SES, as medidas de controle da dengue, zika e chikungunya em Minas Gerais ocorrem o ano todo e são intensificadas nos meses mais quentes e chuvosos, em que há maior incidência da transmissão das arboviroses.
BH confirma 72 casos e investiga outros 792
A capital mineira concentra os casos de dengue em números absolutos, ou seja, sem considerar o tamanho de sua população. Só nos primeiros dias do ano foram confirmados 72 casos da doença na capital. De acordo com a Secretaria Municipal de Belo Horizonte, há 792 notificações pendentes de resultados. Foram investigados e descartados 111 casos. Este ano também foram notificados 14 casos de chikungunya em residentes de Belo Horizonte, que permanecem em investigação. Em relação à zika, a administração municipal recebeu a notificação de cinco casos. Desse total, um foi descartado e quatro permanecem em investigação.
A aposta da Secretaria Municipal de Saúde no combate à transmissão das doenças ligadas ao Aedes é a total implementação do Projeto Wolchabia, com a liberação com a liberação de mosquitos Aedes com a bactéria que dá nome ao plano, que têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas, diminuindo o risco de surtos de dengue, zika, chikungunya. De acordo com o órgão, entretanto, a vigilância e combate continuam como rotina na cidade. Em 2019, de janeiro a dezembro, foram realizadas quase 5 milhões de vistorias. “Além disso, é feito monitoramento quinzenal de pontos estratégicos, com identificação de focos e aplicação de produtos químicos. (…) Estes locais são vistoriados a cada 15 dias”, informou a secretaria.
Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também não entrou na lista de cidades com muito alta incidência de casos por arboviroses, mas a doença preocupa as autoridades municipais, principalmente depois dos últimos temporais. A prefeitura afirma que medidas estão sendo realizadas, assim como a contabilidade de áreas atingidas. Na cidade, há 98 casos suspeitos, 14 confirmados e 16 descartados. “Um mutirão de limpeza será executado para eliminação dos criadouros e para efetivação do plano de contingência estabelecido”, informou a prefeitura, por meio da assessoria de imprensa.
A cidade vizinha, Raposos, com dois casos suspeitos e também muito a afetada pelas chuvas, é outra que se prepara para enfrentar os riscos de elevação no número de doentes. “Os agentes da Zoonoses estão realizando manejo ambiental. E agentes da prefeitura já estão fazendo vistorias nas casas à procura de focos do mosquito. De acordo com a administração municipal, 280 visitas foram feitas até agora. “Estamos esperando chegar novos equipamentos pois o setor de Zoonoses também foi atingido pela enchente e perdeu tudo”, informou a assessoria de imprensa da cidade.
Passada a chuvarada, a preocupação da vendedora Janete Celeste Braz é com a dengue: “Já tive e sei muito bem como é. Sofri muito, passei mal demais”, diz a moradora do Bairro Ana Lúcia, em Sabará, bem na divisa com a capital. Na tarde de ontem, na companhia do sobrinho Matheus Marques, de 26 anos, mecânico, que também teve a doença e tem péssimas lembranças, Janete mostrou a esquina da Avenida Cardoso de Menezes, com Rua Raimundo Assunção, onde há lixo acumulado. “A prefeitura manda limpar e no outro dia está sujo de novo. É um problema sério”, afirmou a vendedora. O desrespeito é grande, pois, na parede, está escrito, em letras coloridas e bem grandes: Não jogue lixo. Os repórteres vasculharam os resíduos e encontraram copinhos com a boca virada para cima, o que significa um criadouro fértil para o mosquito da dengue.
Para evitar a proliferação do Aedes, é importante cada um fazer sua parte e manter uma rotina semanal de verificação e eliminação de focos do mosquito dentro dos imóveis, já que cerca de 80% dos focos de mosquito, segundo especialistas, estão nas casas. “É preciso evitar de todas as formas o acúmulo de água parada em todos os objetos e lugares no ambiente privado e de trabalho, sejam vasos de planta, pneus ou caixas. Também é importante acionar o poder público para recolher lixo e entulhos nas proximidades”, recomendou o infectologista Mateus Rodrigues Westin.