Jornal Estado de Minas

'Minha filha chama pelo pai', diz esposa de vítima de intoxicação por dietilenoglicol


"Minha filha de 8 anos chama pelo pai. Um dia ele deu boa noite para ela, disse que a ama, e não voltou mais". Foi o que disse Letícia Carvalho ao chegar na 4ª Delegacia da Polícia Civil, no Bairro Estoril para prestar depoimento na tarde desta segunda-feira. O marido dela Ronaldo Vitor dos Santos, de 49 anos, está internado com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol há 21 dias. São esperadas outras três pessoas hoje para serem ouvidas. 





Ela disse à imprensa que Ronaldo trabalha como motorista no Ceasa. Não se sabe ao certo se ele consumiu a cerveja da Backer, mas amigos relataram aos familiares que ele teria ingerido a bebida em um bar. Ele está em coma, no CTI há 18 dias. "Ele fez os exames, mas não saiu o resultado. Não temos o diagnóstico. Ele entrou com insuficiência renal. Precisamos saber", disse a esposa. 

Ela reclama que a Backer não entrou em contato com a família até o momento e ela pede que providências sejam tomadas. Familiares aguardam resultado do exame da Funed.
 

Outra família em angústia 

Geraldo Lopes Dias consumiu três garrafas da cerveja no dia 2 de janeiro (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)

 

Mais uma pessoa chegou na tarde desta segunda-feira para prestar depoimento. Geraldo Lopes Dias, de 68 anos. ficou internado por nove dias no Hospital da Unimed com suspeita de intoxicação.  Ele consumiu três garrafas da cerveja em casa durante uma confraternização com amigos e familiares em 2 de janeiro. 

No dia seguinte da ingestão, ele sentiu dores abdominais, tonteira, dor no corpo e problemas nas vistas. "Estou melhorando, mas ainda estou muito fraco. Perdi 10 kg. Eu achei que eu ia morrer, foi um milagre", contou. 

 
A esposa de Geraldo, Luzi Braga, de 51, também prestou depoimento. "Está melhorando, mas ele se tornou outra pessoa. Não consegue trabalhar, está com a cabeça confusa", contou.





Luzi Braga, mulher da vítima de intoxicação Geraldo Lopes Dias (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)

Ela afirma que ela está impedida de trabalhar pois se dedica ao tratamento do marido. Ela trabalha como diarista e o companheiro é mecânico. "Ele não dá conta. Nem as tarefas básicas de casa ele consegue. Não consegue colocar uma roupa no varal", lamentou.

Ela cobra um posicionamento da Backer. Ela contou que a empresa não entrou em contato com os familiares até o momento. "Eu preciso de ajuda. Não posso deixar meu marido sozinho para ir trabalhar. Espero que a empresa arque com os nossos gastos com o tratamento", contou.

audima