Jornal Estado de Minas

Temporal atinge Sul de Minas e deixa cidades alagadas



Moradores do Sul de Minas estão sofrendo com as consequências da forte chuva que caiu na noite dessa segunda-feira e na madrugada desta terça. Em Poço Fundo, as ruas ficaram completamente alagadas e alguns moradores tiveram que abandonar suas casas por causa do risco de desabamento ou devido ao grande volume de água que entrou nas residências. Lá, o prefeito, professor Renato Ferreira de Oliveira (PT), decretou estado calamidade.



A diretora de Cultura e Turismo da cidade, Tereza de Paiva, foi uma das poucas administradoras do município que ficou na prefeitura para prestar esclarecimentos sobre o temporal. Segundo ela, o prefeito e sua equipe de secretários estão nas ruas da cidade para tentar controlar a situação.  

“Já tem vários dias que esta chovendo, mas ontem choveu direto à noite toda. A partir de 7h já começou a água a subir em todos os lugares. A parte baixa da cidade foi praticamente toda afetada”, conta.

Segundo a diretora, os pontos mais afetados foram os bairros Piedade, Pinhalzinho, Água Lima e Barra Grande, na zona rural do município. Já na região urbana, os bairros mais atingidos foram a Praça de São Benedito, a rodoviária e o Bairro Nova Gimirim. A saída para a cidade de Pouso Alegre, no Bairro Liliu, também foi afetada. 
 
A reportagem conversou ainda com o diretor de comunicação da cidade, Toninho Rodrigues. Segundo ele, a situação na cidade é mesmo de calamidade pública. “A água começou a subir na manhã de hoje e não parou mais. Até as partes mais altas da cidade foram atingidas porque a água desce das cabeceiras e Poço Fundo é cortada por vários córregos. A enxurrada está arrancando o asfalto e calçamento das ruas”, conta o diretor. 


 
Segundo a Defesa Civil do município, nas últimas 24 horas choveu 72 milímetros na área urbana e 110 milímetros na zona rural. Equipes das secretarias de Obras e Defesa Civil prestam socorro às famílias que estão desalojadas. Ainda não há um número fechado de quantas famílias tiveram que deixar suas casas. Não há pessoas feridas. As aulas no município foram suspensas. As escolas passarão a ser abrigo para as famílias desalojadas.
  
O Estado de Minas teve acesso a várias fotos de como ficou a cidade após o temporal. Um dos vídeos gravado por moradores, registra um habitante da zona rural de Poço Fundo dentro de uma casa completamente inundada pela chuva.



Como conta Tereza, a entrada da cidade está completamente isolada, já que chegou a haver rompimento de pontes. As mais prejudicadas foram a Ponte da Danone, a Ponte da saída para o Portal e a Ponte para saída do Bairro Pinhalzinho.



Segundo a diretora, a cidade com Corpo de Bombeiros e Defesa Civil mais próxima é Alfenas, mas até às 14h nenhum agente tinha chegado ao município. Por outro lado, servidores e outros moradores tentam conter os estragos usando carros particulares, caminhões e máquinas. 
 
“Estamos colocando a disposição igrejas, salão social, escolas para abrigar estas pessoas. Também estamos fazendo campanha para doações de alimentos, roupas, itens de higiene. Os pontos de recolhimento de doações são o Centro Pastoral Monsenhor Afonsinho, o Salão Paroquial, o Grupo MUPE (Mocidade Unida pelo Evangelho), a Igreja Assembléia de Deus, o quartel da cidade e a Secretaria de Desenvolvimento Humano”, afirma a diretora.

Segundo ela, ainda não é possível precisar quantas pessoas tiveram que deixar suas casas. “Agora é acolher estas pessoas, reunir forças para ajudar os que foram atingidos, reconstruir pontes que foram destruídas, etc”.


 

Outras cidades

 
A chuva que castiga o Sul de Minas desde a manhã de segunda-feira causa estragos também em outras cidades da região. Famílias de Bandeira do Sul e Campestre, cidades próximas a Poços de Caldas, tiveram que deixar suas casas que foram invadidas pela água. A Prefeitura de Campestre também decretou situação de calamidade no município.
 
Em Pouso Alegre, um córrego transbordou na manhã desta terça-feira, bloqueando, parcialmente o trânsito no único acesso para uma região da cidade com mais de 30 mil moradores. A água no local já baixou. De acordo com a Defesa Civil, nas últimas 24 horas choveu 70 milímetros em Pouso Alegre. A previsão para as próximas horas é de mais 50 mm de chuva para a cidade.

Segundo o coordenador da Defesa Civil, Ailton Souza Alves, o nível dos dois principais rios que cortam a cidade está cerca de 2,5 acima do normal, mas ainda não traz preocupação em relação a enchentes na área urbana.



Em Itajubá, houve deslizamento de um barranco, queda de árvores e alagamentos de ruas próximas ao rio Sapucaí. Até o momento, nenhuma família precisou ser retirada de casa e não há informações de feridos.

Poços de Caldas também registrou alagamentos de ruas e parques da cidade. Em um dos bairros houve deslizamento de terra, deixando uma casa em situação de risco.

Defesa Civil estadual 

Por meio de um vídeo publicado no Instagram, a Defesa Civil de Minas Gerais registrou que está acompanhando a situação em todo Sul de Minas.   

“Estamos com um sistema metereológico trazendo muita nebulosidade. As chuvas vão continuar, inclusive no Norte de Minas e na área central do Estado, mas com um pouco mais de intensidade na Zona da Mata e no Sul de Minas. Alguns municipios já foram muito afetados, tivemos deslizamento de encostas, inundações de casas. No Sul de Minas, em especial, a gente continua com o monitoramento”, afirmou o coronel Rodrigo Souza Rodrigues, coordenador Estadual da Defesa Civil.

O coronel ainda ressaltou que são esperados mais temporais na região nas próximas 24 horas. De acordo com ele, além do Sul de Minas, a Zona da Mata também pode ser atingida por chuvas entre 80mm e 120 mm. 

Por fim, a Defesa Civil reitera que, em caso de tempestades, vendavais e granizo, a coordenadoria envia um alerta via SMS para os moradores de Minas Gerais. Para isso, é necessário enviar um SMS para 40199, informando o Código de Endereçamento Postal (CEP).


 
 
* Estagiário sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira