A desempregada Elaine Cláudia dos Santos Moreira, de 30 anos, três filhos, saiu de casa ontem, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para uma missão importante na capital – e, com muita consciência, trouxe o irmão, Marcos, para a estreia no ato que considera de amor ao próximo. “Estava chovendo lá, mas, mesmo assim, decidi vir doar sangue. Fiz isso regularmente até 2013 e agora estou voltando”, contou Elaine, que se preocupa com os estoques baixos nos bancos de sangue, principalmente na proximidade do carnaval. Certa de que quem doa hoje pode precisar amanhã, ela recorda que o primo, ainda bebê, necessitou de transfusão devido a um quadro de anemia. “Devemos ser solidários”, disse, enquanto entregava o braço à técnica de enfermagem Cássia Aparecida da Silva, no Hemocentro da Fundação Hemominas, na Região Centro-Sul de BH.
A proximidade dos festejos de Momo preocupa a direção da Hemominas, que faz um chamado para o comparecimento de doadores voluntários, fidelizados ou não, em todas as regiões do estado. O motivo está na queda nos estoques do grupo sanguíneo O (negativo e positivo). Segundo a responsável pelo setor de captação de doadores do Hemocentro de BH, Hellen Heloíza Dupim, a queda na capital está em torno de 20% e decorre da temporada de fortes chuvas, além do período de férias.
“Neste ano está atípico. Recebemos caravanas de doadores de municípios da RMBH, geralmente aos sábados, mas isso diminuiu demais em janeiro. Muitos cancelaram a vinda à capital em função das chuvas. Podemos dizer que esse comparecimento caiu em 30%”, avaliou Hellen, lembrando que, em média, o Hemocentro de BH recebe 280 doadores diariamente. Para estimular as doações, as equipes estão telefonando para voluntários cadastrados, entrando em contato com empresas e fazendo as tradicionais campanhas. “Estamos chamando todas as pessoas, mas com foco naquelas com sangue dos tipos O negativo, presente em menos de 5% da população e chamado doador universal, e O positivo, com registro em 50%”.
A Hemominas é responsável por 96% de sangue para todas as transfusões realizadas no estado e mantém um gabinete de crise: o grupos traça ações estratégicas para a adequação do estoque em períodos de possível queda de estoque e aumento da demanda, a exemplo do carnaval.
Fortalecer
Na tarde de ontem, o motoboy Anderson Moreira, de 45, casado, três filhos e morador da Serra, na Região Central de BH, contou que há um ano e meio comparece ao Hemocentro para doar. “Meu sangue é O positivo. Penso muito que pode ocorrer um acidente, alguém se ferir durante o carnaval. Então, é preciso fortalecer o estoque”, disse Anderson, enquanto era atendido pela técnica de enfermagem Sandra Sales.
Moradora da Região do Barreiro, a auxiliar administrativa Fernanda Cristina Grigoleto, de 30, destacou a importância do ato: “Você sabia que meu sangue pode salvar a vida de cinco pessoas? Graças a Deus, posso ajudar”, disse Fernanda, que havia doado pela penúltima vez em 2013. “Agora serei voluntária novamente”, prometeu. Cada pessoa pode doar a cada vez até 450 mililitros.