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Estado de Minas

Caso Backer: Polícia Civil investiga intoxicações ocorridas em 2018

Inquérito confirma 34 vítimas com suspeita pela intoxicação por dietilenoglicol. Trinta e nove depoimentos já foram colhidos


postado em 14/02/2020 16:50 / atualizado em 14/02/2020 19:20

(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
A Polícia Civil estende, a partir de agora, a investigação sobre a contaminação das cervejas da Backer, passando a investigar pacientes com o mesmo quadro em período anterior, no caso, desde 2018. O anúncio foi feito durante uma coletiva na 4ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Estoril, em Belo Horizonte. 
 
 

A Polícia Civil confirmou que até o momento são 34 vítimas com suspeita de intoxicação por dietilenoglicol. As informações foram divulgadas pelo superintendente de Perícia Técnica e Científica, Thalles Bittencourt, e pelo delegado Flávio Grossi, responsável pelo caso.
 
O delegado afirmou que os casos de 2018 e 2019 são similares aos de 2020. “Há uma coincidência pregressa, que é o consumo de cerveja. Temos pessoas com debilidade pequena mas temos pessoas em condições graves”. Porém, Grossi não soube informar o número desses casos. Segundo o delegado, neste momento a investigação desses casos se refere às vítimas, e não à cervejaria.  
 
Quanto aos exames de sangue que ainda faltam, a polícia prevê que os resultados estarão disponíveis em 15 dias, a partir da semana que vem. Esses exames analisarão a presença não só do dietilenoglicol, mas também para o monoetilenoglicol. Bittencourt explicou que é importante que o Intituto Médico-Legal (IML) dose a presença de ambas as substâncias no sangue das vítimas, já que as duas geram a síndrome. 
 
"Estamos agora validando o método. Vamos iniciar a calibração do equipamento para na próxima semana começar a dosagem qualitativa no sangue das vítimas e quantitativa nas cervejas", afirmou Thalles Bittencourt.  

De acordo com a Polícia Civil, parte dos reagentes para fazer o exame de dietilenoglicol, que estavam em falta no IML, chegaram. Além disso, o reagente para dosagem do monoetilenoglicol no sangue também já está disponível. A denúncia de que faltavam reagentes foi feita pelo Estado de Minas na última quarta-feira (12/2). Sem os reagentes, a dosagem das substâncias tóxicas teve que ser interrompida.
 
O superintendente de Perícia explicou o motivo da pausa. Ele afirmou que o IML interrompeu a identificação para "preservar as amostras de sangue, porque elas têm um volume diminuto. E para que dosasse além do dietilenoglicol". Thalles Bittencourt afirmou que, como esse tipo de intoxicação é rara, a Polícia Civil não mantém um estoque do reagente necessário para detectar a presença dessas substâncias. “Estamos diante de uma situação extremamente rara. A gente faz a compra de acordo com a realidade do momento”, disse.
 
Os policiais foram questionados se com o tempo as substâncias podem não ser mais identificadas no sangue das vítimas. O superintendente de Perícia explicou que, dependendo da gravidade da lesão, a excreção das substâncias pode ficar comprometida. "Esses metabólicos podem continuar ou não circulando dependendo da gravidade. Nem sempre será possível identificar o tóxico nessas pessoas", afirmou.
 
No entanto, Grossi e Bittencourt explicaram que a não identificação das substâncias tóxicas não elimina os outros índicios de intoxicação. Ou seja, se o paciente consumiu a cerveja e teve um quadro de sintomas da síndrome nefroneural, a falha em identificar as substâncias no sangue não descarta a possibilidade de o paciente ter se contaminado ao beber. "A somatória do resultado final do inquérito não é só o resultado do exame", afirmou Grossi. 

Até o momento, a Polícia Civil recolheu 39 depoimentos. O delegado responsável pelo caso disse que não há previsão para o encerramento do inquérito, já que a polícia não é familiar ao sistema de fabricação de cerveja.
 
*Estagiário sob supervisão da sub-editora Ellen Christie 


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