Um decreto do prefeito de Itabirito, Orlando Amorim Caldeira (PPS), põe o funk no centro de uma polêmica envolvendo censura no carnaval.
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Tribunal de Justiça nega pedido de liminar dos blocos de rua de BHJuventude Bronzeada cancela cortejo no carnaval de BHJovem morre baleado em baile funk que reunia três mil pessoas na SerraCom embalo do funk, Praia da Estação comemora nove anos em BH Mais famílias serão retiradas de casa por risco de barragem em Itabirito e Ouro PretoRepresentantes de blocos se reúnem com governo estadual para tentar liberar triosA determinação, publicada na sexta-feira passada (14/2), é de que esse tipo de música não seja tocada em blocos, trios e palcos do município da região metropolitana de BH.
Apesar de se aplicar a qualquer tipo musical com conteúdo violento, o decreto destaca o “funk”, único gênero citado especificamente no documento e que ainda aparece escrito em negrito e itálico.
A secretária de Patrimônio e Cultura da Prefeitura de Itabirito, Junia Melillo, responsável pelo carnaval no município, não detalhou como essa norma será cumprida e fiscalizada.
“Isso foi uma decisão do prefeito, a partir de orientação da Polícia Militar. A intenção dele não é restringir um estilo, mas as músicas que tenham conteúdo que incentivem a violência. Sou contra a restrição de qualquer estilo musical”, afirma Junia.
O funk e o estigma da violência
“O funk tem mais de 40 anos de existência sempre foi atrelado ao estigma da violência, porque é fruto da favelça. E, no imaginário social e estatal, a favela é um local de violência”, afirma a doutora em direito Maíra Neiva Gomes, do Observatório das Quebradas, que organiza o Baile Funk da Serra.Ela ressalta que, diferentemente da arte branca, que usa abstrações, a arte negra tende a descrever a realidade que o artista vive.
“Se o sujeito está inserido no meio violento, ele vai relatar violência. Como diz a Kika, organizadora do Baile Funk da Serra, se quer mudar as letras do funk, mude a realidade dos jovens”, ressalta Maíra Neiva.
O EM tentou contato com o prefeito e a Procuradoria do Município e não teve retorno até a publicação desta notícia.