Os trabalhos de perícia da Polícia Civil e do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) na fábrica da Backer foram impedidos por representantes da empresa no começo da tarde desta quinta-feira (27/2). Normalmente, a Backer vinha colaborando com os investigadores no acesso à unidade produtiva de cervejas, no Bairro Olhos D’Água, em Belo Horizonte. Hoje, foi diferente.
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Quem sabia?
Uma das linhas investigativas dos policiais se dedica agora a desvendar quem, dentro da empresa, sabia da contaminação e se assumiu os riscos, conforme revelaram os investigadores em entrevista exclusiva ao podcast O caso Backer, do Jornal Estado de Minas. Pela primeira vez, a polícia listou "possibilidade dolosa de contaminação" entre as hipóteses investigadas.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Flávio Grossi, o uso intencional de dietilenoglicol pela empresa dentro da cerveja é "um ponto a ser desvendado". O episódio com os bastidores da investigação policial foi publicado nesta quinta-feira (27/2).
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Flávio Grossi, o uso intencional de dietilenoglicol pela empresa dentro da cerveja é "um ponto a ser desvendado". O episódio com os bastidores da investigação policial foi publicado nesta quinta-feira (27/2).
O que diz a Backer
Por meio de nota, a Backer comunicou que a inspeção "não pôde ser realizada, uma vez que o Mapa não disponibilizou o resultado dos laudos quantitativos do agente químico causador da contaminação".
"Assim, faz-se importante a preservação das provas até a conclusão da análise. Além disso, a ausência do laudo também impede que a destinação do resíduo seja feita dentro dos padrões exigidos pela empresa responsável", prossegue a nota.
O comunicado da empresa conclui: "A Backer reafirma seu interesse em elucidar os fatos o mais breve possível e sua disponibilidade em colaborar com os trâmites necessários. A empresa manterá a sociedade informada a respeito".
Em entrevista exclusiva ao podcast O caso Backer, a diretora de marketing da cervejaria Paula Lebbos cobrou das autoridades detalhes sobre os exames: "O que precisamos saber é a quantidade de dietilenoglicol que foi encontrada na cerveja e nos tanques".
Podcast O caso Backer
Produzido pelo Jornal Estado de Minas, o podcast o Caso Backer traz os detalhes não contados sobre a intoxicação por cervejas da marca, no começo de 2020, em Belo Horizonte. Todas as entrevistas são exclusivas. Ouça o trailer:
Substância tóxica
Em entrevista exclusiva ao podcast O caso Backer, a diretora de marketing da cervejaria Paula Lebbos cobrou das autoridades detalhes sobre os exames: "O que precisamos saber é a quantidade de dietilenoglicol que foi encontrada na cerveja e nos tanques".Os investigadores minimizam o impacto desta informação. "O agente é tóxico e não pode estar presente em alimento. Está sendo desenvolvido pela Polícia Civil o quantitativo tanto para o monoetilenogicol quanto para o dietilenoglicol. Isso é importante, mas é um dado a mais. Não tira a importância do fato de que foi a cerveja, que não poderia estar com uma substância tóxica, que causou toda aquela sequência de eventos clínicos e, eventualmente, óbitos. A dosagem pode auxiliar no entendimento, mas não mudar o que já está posto", disse, também em entrevista exclusiva ao podcast, o superintendente de Perícia Técnica e Científica da Polícia Civil, Thalles Bittencourt.
Interditada
A fábrica da empresa está interditada desde 10 de janeiro, quando técnicos do ministério determinaram o fechamento.
Depois que laudo da Polícia Civil indicou a contaminação da bebida com a substância dietilenoglicol, o ministério decidiu cautelarmente que todos os produtos ainda no mercado fossem apreendidos.