Jornal Estado de Minas

Polícia Civil vai esvaziar tanque da Backer para verificar vazamento


A Polícia Civil está na cervejaria Backer, no Bairro Olhos D'Água, na Região Oeste de BH, para dar início a uma nova fase da perícia. A força-tarefa que investiga a presença de substâncias tóxicas na cerveja quer verificar se há vazamento nos tanques.



De acordo com o delegado responsável pelo caso, Flávio Grossi, houve uma resistência da empresa ao trabalho policial pela manhã e somente à tarde a perícia deu início ao esvaziamento.

"Inicialmente, houve um desacordo quanto ao teste se estanqueidade dos tanques. Mas conseguimos acordar quanto ao método e começamos a primeira etapa dessa perícia, que é a limpeza", afirma Grossi.

Feito no 49° dia de investigação, o teste de estanqueidade verifica se há alguma rachadura, furo, trinca ou porosidade na superfície. A Backer conta com 70 tanques, mas, inicialmente, a perícia vai analisar somente um.



O líquido do tanque 10 está sendo transferido para outro.

Na sexta-feira, o trabalho continua com a verificação de algum vazamento. Caso seja constatado o problema, haverá uma terceira etapa para quantificar o tamanho do vazamento.

Os testes estão sendo feitos pela PC e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Técnicos da empresa fabricante dos tanques de inox também dão suporte. Representantes da cervejaria acompanham os testes.

Segundo Grossi, a Backer havia resistido ao trabalho porque considerou que o método para esvaziamento poderia levar à contaminação de outros tanques.

Inicialmente, a PC esvazia apenas o tanque número 10, onde já foi constatada a presença de dietilenoglicol na bebida. 



O dietilenoglicol é um fluido anti congelante usado no processo de restrição da bebida que não pode ter contato com a cerveja. O inquérito que investiga a contaminação relaciona o consumo da cervejas da Backer à intoxicação de 34 pessoas, sendo seis mortos.

Cronograma 


De acordo com o delegado, a limpeza é feita em um dia. A segunda etapa levará mais um dia. Uma vez vazio, a ideia é que o tanque funcione sem a bebida dentro.

Esses tanques são circundados por uma serpentina por onde corre um fluido anticongelante, o monoetilenoglicol ou o dietilenoglicol. Essa serpentina ajuda a cerveja a resfriar sem congelar.

Embora a Backer usasse o monoetilenoglicol em sua produção, o fornecedor do anticongelante adulterava o produto com dietilenoglicol, também encontrado na fábrica. Ambas as substâncias são tóxicas e não poderiam ter contato com a cerveja.

"Estamos deslocando o líquido para um outro tanque. Esse tanque principal (10) que será periciado. Começamos por ele porque já há uma contaminação", informou o delegado.