No 400º dia desde a tragédia de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, 11 vítimas continuam sendo consideradas desaparecidas sob os rejeitos provenientes do rompimento da Barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, de propriedade da mineradora Vale. Sessenta e seis bombeiros militares seguem trabalhando nas buscas, atuando em 15 frentes de trabalho. Dezoito equipes estão na área, sendo três especializadas. Os resgatistas também contam com a ajuda de um drone, 140 máquinas pesadas e 25 caminhonetes. A operação de resgate já é considerada uma das mais longas do mundo.
“Hoje, a estratégia mais adequada é fazer o levantamento da área e dividir em pontos de interesse. Depois disso, usamos retroescavadeiras para retirar os rejeitos e, então, enviar para análise cada metro cúbico”, explica o porta-voz. Ao fim, após a análise do material, os bombeiros descartam os rejeitos em uma cava feita pelos próprios militares.
Um problema enfrentado pelos resgatistas são as fortes chuvas que afetam todo o estado desde o fim do ano passado. Para contornar a dificuldade, os bombeiros vêm trabalhando em uma tenda de 15 mil metros quadrados, onde é feita a análise dos rejeitos. Antes disso, em caso de chuva os trabalhos eram prejudicados, já que o exame era feito a céu aberto.
Aihara também explica que os resgatistas trabalham em turnos de sete dias. Após uma semana, agentes de outras regiões do estado são convocados para trabalhar nas buscas. “Todo o efetivo do estado já passou por essa operação. A gente divide por cidades: por exemplo, 10 de Montes Claros, 12 de Uberlândia etc. Isso é feito justamente para não afetar as operações rotineiras nesses locais”, esclarece.
Esperança
Se depender da vontade dos militares que participam das buscas, os trabalhos em Brumadinho só terão fim quando todos os desaparecidos forem encontrados. Por isso, o Corpo de Bombeiros não estima data para o término das atividades.
Se depender da vontade dos militares que participam das buscas, os trabalhos em Brumadinho só terão fim quando todos os desaparecidos forem encontrados. Por isso, o Corpo de Bombeiros não estima data para o término das atividades.
A esperança é compartilhada pelos moradores do Córrego do Feijão, a comunidade mais afetada pela tragédia. “Quanto mais passam os dias, mais difícil ficam as buscas. Mas as pessoas têm esperança, até porque é necessário que se encontrem essas pessoas, para que as famílias tenham paz”, afirma Jefferson Custódio, presidente da Associação dos Moradores do Córrego do Feijão.
Mais de 13 meses após a tragédia, Jefferson acusa a Vale de negligência com os moradores da região. De acordo com ele, a água fornecida pela mineradora segue saindo turva das torneiras e as ruas do bairro estão sendo desgastadas pelo fluxo de caminhões e carros da empresa.
O morador acha que a empresa “abandonou o Córrego do Feijão” e dificulta o diálogo com a comunidade. “Trouxeram o pessoal da Renova, de Mariana, para trabalhar aqui e esse pessoal não sabe de nada da região”, critica. Procurada para se posicionar sobre as críticas, a Vale não se manifestou até o fechamento desta edição.
Já a Fundação Renova contestou a afirmação de Jefferson. A entidade reforçou que "atua exclusivamente na reparação de danos e impactos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), conforme prevê o Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC)", disse por meio de nota.
Já a Fundação Renova contestou a afirmação de Jefferson. A entidade reforçou que "atua exclusivamente na reparação de danos e impactos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), conforme prevê o Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC)", disse por meio de nota.
*Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia