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Estado de Minas

Cantora Amanda Versus acusa motorista de aplicativo de homofobia em BH: ''só reagindo a gente vai conseguir mudar algo''

Situação aconteceu, conforme o boletim de ocorrência, na noite desta segunda-feira (2) no Centro de Belo Horizonte. Acusado pode ser enquadrado no crime de racismo


02/03/2020 22:45 - atualizado 02/03/2020 22:49

Ludmila Legnani, de 20 anos, e Amanda Versus, de 31, foram vítimas de homofobia nesta segunda-feira em BH(foto: Arquivo Pessoal)
Ludmila Legnani, de 20 anos, e Amanda Versus, de 31, foram vítimas de homofobia nesta segunda-feira em BH (foto: Arquivo Pessoal)

 

A homofobia já foi criminalizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda há quem não tema as consequências do preconceito. O caso da vez, como já se tornou costumeiro, envolve um motorista de aplicativo, acusado de cometer o crime contra a cantora de funk Amanda Versus, de 31 anos, e a companheira dela, Ludmila Legnani, de 20.


Segundo Amanda, as duas passavam pela Avenida Afonso Pena, na altura do cruzamento com a Rua Espírito Santo, no Hipercentro de BH, quando o caso aconteceu. “A Ludmila me disse que estava com uma dor nas costas e eu me dirigi a ela de maneira carinhosa. Nesse momento, ele disse que 'aquilo não poderia acontecer dentro do carro dele' e que 'não aceitava aquele tipo de situação'”, conta a cantora.


De acordo com Amanda, assim que o crime aconteceu as duas desceram do carro, um Volkswagen Fox, e disseram ao motorista que a viagem não seria paga. “Ele arrancou o carro e foi embora. Depois, fomos à delegacia e registramos o boletim de ocorrência. Os policiais nos deram todo apoio e ficaram inconformados com a situação”, afirma.


Ainda segundo Amanda, caso o motorista não pague criminalmente pelas ofensas ela e a companheira pensam em judicializar a situação. “Foi a primeira vez que sofri esse tipo de preconceito de maneira visível, explícita mesmo. A gente percebe um olhar diferente das pessoas de vez em quando, mas dessa maneira nunca tinha acontecido”, lamenta a vítima.


Isso tem que servir de exemplo. Se a gente não mostrar como nós somos, a gente nunca vai conseguir mudar nada. Só reagindo a gente vai conseguir mudar o mundo. Se eu ficasse calada e diminuísse essa situação, como ficaria?”, ressalta Amanda Versus.


O motorista de 53 anos tem quase 6 mil viagens pelo aplicativo Uber. Ele pode ser enquadrado na lei do racismo. A pena, no caso dele, no qual não houve divulgação ampla da homofobia, fica entre 1 e 3 anos de prisão, além de multa.

 

A empresa chegou a fazer uma campanha publicitária contra a LGBTfobia praticada por seus motoristas recentemente.


Se você comete assédio, racismo, LGBTfobia ou qualquer tipo de violência em viagens feitas por meio de nossa plataforma, a Uber não é pra você”, diz o código de conduta da empresa lançado neste ano.


No entanto, a falta de segurança dos aplicativos e a recorrência de casos como esse, justamente pela falta de rigor na aceitação de novos colaboradores, é uma das mais frequentes reclamações dos usuários.


Outro lado


Em nota, a Uber informou que não tolera qualquer forma de discriminação em viagens realizadas em sua plataforma” e que “defende o respeito à diversidade e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e justiça para todas as pessoas LGBTQIA+”.


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