A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) estuda entrar na Justiça contra a Cervejaria Backer, após o advogado da empresa, Estevão Nejm, alegar que “pode haver monoetilenoglicol e dietilenoglicol em qualquer cerveja como parte de um processo de fermentação”. O comentário foi feito nessa quarta-feira, durante uma audiência na Câmara Municipal de Belo Horizonte, que investiga o suporte da cervejaria aos familiares de pessoas que foram intoxicadas pelas substâncias químicas.
“Repudiamos completamente a afirmação desse advogado. Não é um problema do setor, é um caso isolado e que nunca aconteceu. O setor não tem comprometimento nenhum com isso. É um caso pontual”, defendeu o diretor da Abracerva e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas), Marco Falcone.
O sindicalista ainda considera que a frase do advogado isola ainda mais a cervejaria no caso. “O Sindbebidas sempre defendeu a Backer, mas agora o advogado colocou o setor em uma situação insustentável”, afirmou.
De acordo com Falcone, a partir desta sextra-feira, membros da Câmara Setorial da Cerveja, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), se reunirá amanhã, em Blumenau, Santa Catarina, para debater sobre o Caso Backer e suas consequências para o setor.
Por meio de nota, o Mapa também refutou as declarações do advogado da empresa e ressaltou que o caso envolvendo a contaminação por monoetilenoglicol e dietilenoglicol em cervejas da Backer é um “evento isolado e que não coloca risco a segurança das demais cervejas nacionais”.
A pasta federal ainda ressaltou que já realizou testes em mais de uma centena de amostras de cervejas de diversas marcas. Dessas, até agora, só se encontrou a presença das substâncias tóxicas em alguns lotes de cervejas da Backer. Os lotes contaminados foram produzidos entre julho de 2019 e janeiro de 2020.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.