Em meio à investigação pela intoxicação por mono e dietilenoglicol que deixou sete mortes e pode ter causado sequelas em outras 31 pessoas, a Backer enfrenta outro problema. Desta vez, o imbróglio é judicial e pode fazer com que a empresa tenha que fechar as portas. Nessa quarta-feira, dois fundos de investimentos entraram na Justiça pedindo a falência da cervejaria por dívidas que chegam a superar os R$ 400 mil.
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Caso Backer: Polícia Civil retoma perícia em templo cervejeiroCaso Backer: morre sétimo paciente por intoxicação por dietilenoglicolJustiça aceita recurso e reduz bloqueio de bens da Cervejaria Backer para R$ 5 milhõesCaso Backer: coronavírus afeta tratamento das vítimas, que acusam cervejaria de inérciaCaso Backer: Justiça aumenta bloqueio de bens da Backer para R$ 50 milhõesPolícia realiza nova perícia na Backer e obtém ''grande avanço'' nas investigaçõesCaso Backer: polícia investiga mais duas mortes por contaminação e fará nova perícia nesta sextaO advogado também defende um fundo de investimento de São Paulo, que também cobra dívidas da Backer. Entretanto, na ocasião, os valores são quase sete vezes maior. A empresa alega que emprestou R$ 1 milhão à cervejaria, mas só recebeu uma parte de volta. Conforme o defensor do fundo, a Backer ainda deve R$ 356.198,14, em valores já corrigidos.
“Houve negociação para conseguir um acordo amigável, mas não foi possível. Sendo assim, os credores, visualizando que a empresa está em um estado sem condições de cumprir (a dívida), não viram outra alternativa dentro da técnica jurídica senão essa ação”, defendeu o advogado.
Segundo dados do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o processo foi enviado para o juiz da 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte.
Procurada, a Backer informou que está focada no tratamento médico das pessoas intoxicadas pelas substâncias químicas.
“Nesse momento, a prioridade da Backer é custear o tratamento médico dos clientes e amparar suas famílias. Imediatamente, após o desbloqueio parcial dos bens pelo Tribunal de Justiça, ocorrido na última sexta-feira, a Backer iniciou as tratativas com os advogados dos clientes para efetivar o atendimento às suas necessidades. Todos os demais compromissos da empresa estão em segundo plano neste momento”, informou.
Apesar da afirmação, a cervejaria vem sendo bastante contestada por familiares de vítimas. Eles reclamam da falta de suporte da empresa diante do estado de saúde dos pacientes intoxicados. Para discutir a situação, pessoas ligadas às vítimas e representantes da Backer se reuniram na semana passada, em uma audiência pública da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Bloqueio Na última sexta-feira, a Justiça aceitou o recurso da cervejaria Backer e reduziu de R$ 100 milhões para R$ 5 milhões o valor máximo para o bloqueio de bens da cervejaria. Os valores serão empregados para cobrir tratamentos médicos das vítimas. A decisão foi do desembargador Luciano Pinto, da 17ª Câmara Civil de Belo Horizonte.
Sétima vítima
Na noite do último domingo, foi registrada a morte de mais uma vítima de intoxicação por cervejas da Backer. Ronaldo Vitor Santos, de 49 anos, estava internado em um hospital particular localizado no Barreiro, em Belo Horizonte, desde janeiro, quando se tornaram públicos os primeiros casos de contaminação pela ingestão dos produtos da marca mineira.
O número de vítimas ainda pode crescer. Em coletiva de imprensa na última sexta, o superintendente da Polícia Técnico-Científica Thales Bittencourt disse que a janela de investigação dos casos suspeitos foi ampliada até janeiro de 2018. Essa modificação fez com que a polícia incluísse mais quatro investigações no inquérito, o que fez o número de diagnósticos sob suspeição aumentar de 34 para 38.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie