Diante dos 77 casos do novo coronavírus confirmados pelo Ministério da Saúde no Brasil, pais e responsáveis se preocupam com a ida de seus filhos a escola. A aglomeração de crianças pode resultar em transmissão? Quando o menor deve falar? Máscara adianta? Minha escola deve ser fechada? Essas são algumas das dúvidas que circulam nas redes sociais e nas conversas informais na comunidade escolar.
Em transmissão ao vivo no Facebook, três infectologistas do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, discutiram o impacto da virose nas escolas.
Leia Mais
Saúde confirma segundo diagnóstico do novo coronavírus em MinasPBH cancela solenidades por causa do aumento dos casos de coronavírus Alemã que faz trabalho voluntário na Grande BH está com suspeita de coronavírus
“Bebedouro é um outro fator importante de transmissão de vírus respiratórios, inclusive o coronavírus. Nas escolas, se recomenda que cada criança tenha o seu pote, sua água de uso individual”, complementou o também infectologista Hélio Bacha.
Os especialistas também chamaram a atenção para as dicas já conhecidas pela população, como a etiqueta da tosse (proteger a boca com os braços ao tossir) e o ato de higienizar as mãos com sabão ou álcool em gel.
Quando faltar?
Os profissionais da saúde também discutiram sobre quando uma criança deve faltar de aula. Segundo eles, a orientação segue a mesma para outras doenças respiratórias: se o jovem apresenta sintomas de qualquer enfermidade deste tipo, seja uma gripe ou um resfriado, deve se ausentar da escola para não transmitir a virose.
Quanto às crianças que enfrentam crises de rinite com frequência, os infectologistas pedem atenção. “Nossa recomendação no momento é, na dúvida, não mande (para escola). Espere para ver o que vai acontecer. Se ficar bem claro pra você que é só mais uma crise, a gente pode ficar mais tranquilo. Do contrário, não mande”, afirma Vivian Avelino Silva.
Meu filho apresentou os sintomas. É coronavírus?
Nem sempre, segundo os especialistas do Albert Einstein. “A criança que tenha sintomas respiratórios e febre aferida no termômetro (acima de 37,8°C) não é, apenas com esses dados, paciente que a gente coloca, neste momento, em risco de coronavírus. É imprescindível que esse paciente, para a gente pensar que ele pode estar doente, tenha (tido) contato com caso confirmado ou suspeito. Ou voltado do exterior a menos de 14 dias, especialmente da Coreia do Sul, Itália, Irã e China”, explicou o infectologista Márcio Moreira.
Ele alertou, ainda, que a verificação desses requisitos sempre deve ser feita com o pediatra da possível vítima, antes de qualquer coleta de amostra sanguínea para realização de teste para a doença.
Minha criança está com suspeita. Com quem deixar?
Para os infectologistas, é fundamental que os pais e responsáveis evitem deixar uma criança com os sintomas (leia tópico acima) com o grupo mais vulnerável à doença, como idosos e pessoas com baixa imunidade, como aquelas que passam por quimioterapia.
E se uma escola tiver caso suspeito/confirmado?
Os estudos acerca do novo coronavírus ainda estão no início, portanto todas as orientações podem ser revistas daqui a uns dias. “Não existe uma receita de bolo para saber quando se deve fechar uma escola”, diz Vivian Avelino Silva.
O infectologista Hélio Bacha, contudo, é mais incisivo diante do quadro atual da doença. “Cada país tem uma condição diferente frente a epidemia. Aqui no Brasil, estamos no começo de uma epidemia com transmissão no nosso meio. Nesse momento, a escola deve ser fechada quando há casos de transmissão entre os alunos. E avaliar se isso ocorre numa determinada sala ou grupo ou em toda a escola”, explica.
Máscara é uma boa?
Não para os infectologistas do Einstein. Segundo eles, as crianças têm grande resistência no uso das máscaras. “É uma tortura (para elas)”, critica Hélio Bacha.
Além disso, Vivian Avelino Silva explica que a proteção não evita que uma pessoa seja infectada, só impede que um já enfermo transmita a doença para outras pessoas.
O desespero em busca do item pode, segundo ela, até mesmo prejudicar quem realmente precisa das máscaras, diante do aumento da demanda pelo produto.
Confira na íntegra o debate dos infectologistas do Hospital Albert Einstein: