O crescimento da pandemia de coronavírus em Minas e no Brasil coloca os pais em alerta quanto à segurança para as crianças frequentarem as escolas. Muitos demonstram medo pelo fato de o contato das crianças ser intenso nos espaços escolares. No entanto, as secretarias de Educação do Estado e de Belo Horizonte informam que, por enquanto, as aulas serão mantidas. A pasta estadual elaborou uma cartilha sobre os cuidados com o coronavírus e a distribuiu para todas as escolas da rede. Especialistas ouvidos pelo EM dizem que não há motivo para pânico.
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Funed passa a fazer todos os exames de coronavírus em MinasFlagrantes: unidades de saúde têm brechas na linha de frente contra novo coronavírus'Meu mundo atual se restringe ao meu quarto e ao banheiro', conta mineira com coronavírusCoronavírus: governo de Minas decreta situação de emergênciaO especialista pontua que as crianças de até 5 anos de idade costumam ficar gripadas de cinco a nove vezes por ano. Nessa faixa etária, é comum que desenvolvam quadros respiratórios que necessitam de atenção. É preciso cuidado com os pequenos, mas o professor alerta que não há razões para grande preocupação em relação ao coronavírus nessa faixa etária. Ele lembra que, em pessoas abaixo de 20 anos de idade, a mortalidade para o COVID-19 é menor que 0,2%, e a doença se manifesta de forma branda.
Embora não haja motivo para pânico, não se pode descuidar das medidas de prevenção. Com a chegada do outono e inverno, é comum o aumento de quadros respiratórios em crianças. O professor lembra que também circulam, no período frio, os vírus influenza A e B, H1N1, respiratório sincicial, rinovírus, adenovírus e, neste ano, também o coronavírus. “Em muitos casos, as crianças terão os sintomas brandos e não será identificado de qual vírus vem a contaminação”.
Ele alerta os pais para redobrarem os cuidados: lavar as mãos, evitar tocar nariz, boca e olhos com as mãos, evitar aglomerações. Sempre que chegar em casa lavar as mãos com água e sabão e higienizar com álcool 70%. Também é importante manter a etiqueta respiratória: tossir em lenço de papel, que deve ser descartado, ou na manga da camisa e manter uma distância social entre as pessoas de 1 a 2 metros. “As gotículas não ficam suspensas por mais de um metro. Caem no chão”, diz o professor em relação ao perdigoto.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que elaborou um plano de contingência, que já está sendo aplicado com a criação do serviço especializado para a COVID-19. “No momento, as orientações para as escolas são as mesmas que devem ser tomadas por todos os cidadãos e já praticadas em relação a outras doenças respiratórias. Não há indicação, pelas autoridades sanitárias, de alteração no calendário escolar”, informou a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação.
Já a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais elaborou, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), cartilha que foi encaminhada às escolas públicas estaduais, com orientações sobre o coronavírus. O material traz informações sobre o vírus, sintomas e formas de prevenir a contaminação, além de ressaltar a importância do ambiente escolar para de repassar as informações e cuidados para a sociedade.
Evite o contágio
- Lavar as mãos com água e sabão com maior frequência que de costume
- Utilizar álcool gel sempre que possível
- Não tocar olhos, boca e nariz sem higienizar as mãos
- Não compartilhar alimentos e utensílios
- Manter os ambientes arejados
- Tomar cuidado ao tossir ou espirrar, cobrindo sempre a boca com lenço de papel, nunca com as mãos
- Jogar o lenço no lixo após o uso e realiar higienização das mãos
Fonte: Secretaria Municipal de Educação
Informação preventiva
Em contato com um fluxo ininterrupto de informações vindas principalmente da internet e redes sociais, crianças e jovens muitas vezes demonstram temor sobre a epidemia do novo coronavírus, ainda mais quando os dados não se originam de fontes seguras. Nas escolas de todo o país, começa uma corrente de esclarecimento a esses alunos que, muitas vezes, manifestam até pânico e medo de morrer pela infecção. Entre as formas de abordagem, a importância de cuidados básicos de higiene e a diminuição do pavor exacerbado.
Na escola Trilha da Criança, no Anchieta, em Belo Horizonte, o tema do coronavírus é trabalhado com os alunos, que têm entre 1 e 5 anos, em rodas de conversas e por meio de notícias, debates, a partir de reportagens, vídeos, imagens e pesquisas, como esclarece a diretora, Ana Paula de Rezende Bartolomeo. Os cuidados são observados em todo o corpo escolar, também com as crianças do berçário, e os esclarecimentos incluem outros tipos de doenças contagiosas.
Segundo a diretora, a escola reforça com os pais as normas referentes ao cuidado com a saúde. Entre as medidas, o envio de circular para orientar as famílias e lembrá-las sobre procedimentos como não enviar criança doente, com sintomas, para a escola, e, após episódio de doença infectocontagiosa, por exemplo, apresentar atestado médico confirmando que não se encontra em período de contágio. "Além disso, reforçamos também o uso prioritário dos espaços abertos, as medidas de higiene entre colaboradores e crianças, bem como intensificamos os cuidados com a limpeza de corrimãos, dentre outros. Os murais estão repletos de orientações, e os processos envolvem inclusive os trabalhos pedagógicos com os alunos", diz Ana Paula.
A criançada se mostra informada. "É um bichinho que gosta de sujeira e não gosta de água e sabão. Se não lavarmos as mãos, ele entra na gente e não deixa melhorar rapidinho. Não gosto muito dessa conversa. Tenho medo de chegar em casa e não lembrar de lavar as mãos", diz Sofia Viana de Paula, de 4 anos, aluna da Trilha da Criança, sobre o coronavírus. Para a colega Luiza Henriques de Azevedo, também de 4, essa é uma doença que mata pessoas. "Estamos aprendendo tudo na escola. Lavar as mãos com água, sabão, passar álcool gel, e tomar cuidado também em casa", conta a menina, demonstrando em gestos a maneira certa de espirrar ou tossir, tapando a boca com o braço. Gabriel Paiva Ogioni, de 5 anos, diz que não tem medo do coronavírus. Ela aprendeu na escola sobre os sintomas da doença e, esclarecido, cita falta de ar, febre e tosse. "É um vírus que pega em pessoas mais velhas. Estou tranquilo. Acho que não tem perigo, que o vírus não vai chegar nem perto de mim, não vai vir me visitar. Fica longe da gente. Meu pai e minha mãe também cuidam de mim para eu não pegar."
Na Qualoo Escola Criativa, na capital, o diretor, Marcelo Batista, relata que, com trabalhos em grupo, os alunos já compreendem as formas principais para prevenir o coronavírus, e muitos começaram a adotar algumas medidas, como evitar o aperto de mão. Para o educador, a melhor maneira de evitar o pânico é oferecer conhecimento sobre o tema, como saber reconhecer sintomas e entender sobre as principais diferenças entre uma gripe comum e o coronavírus, entre outros assuntos.
Ele pondera que, quando uma criança tosse ou espirra, ainda que a recomendação seja cobrir a boca, não há motivo para ter uma ação punitiva. Na percepção da escola, não há motivo, por enquanto, de pensar em suspensão das aulas. "Só existe um caso confirmado de coronavírus em Minas Gerais. Seguimos o posicionamento do Ministério da Saúde", pontua Marcelo.
O Colégio Magnum realizou algumas ações para conscientizar alunos, pais e funcionários sobre a doença. Entre as medidas, estão a manutenção e disposição de álcool em gel nas salas de aula e demais ambientes da escola; orientação dos cuidados com a doença para educadores e alunos; conscientização dos alunos com ações realizadas pelo Grêmio estudantil e o Magnum sustentável, sinalização dos espaços da escola com cartazes sobre a doença.
A escola também está orientando famílias e educadores que chegaram de viagem no exterior para cumprimento do prazo de "isolamento domiciliar", além de produção e divulgação de vídeo informativo nas redes sociais sobre a doença e os cuidados com ela.
Segundo o médico Ricardo Cabral, coordenador do Projeto EuSaúde e CEO do grupo mineiro Rede de Cuidados de Saúde (RCS Med), não há motivo para que as crianças deixem de frequentar a escola nesse momento. "Segundo a visão científica sobre o tema, não há razão para que pessoas saudáveis deixem de frequentar ambientes sociais normalmente. Não devemos deixar de viajar, ir para a escola ou o trabalho. Pelo menos assim é a visão hoje, e sobre a população brasileira. Tudo pode mudar, mas hoje devemos manter nossas vidas normais. Sem alarde, com controle e alguns cuidados pessoais, venceremos mais essa briga com o mundo dos vírus e bactérias, e nossos filhos poderão ir para escola sem medo e em segurança. Por enquanto, vida normal a todos."
Segundo o médico Ricardo Cabral, coordenador do Projeto EuSaúde e CEO do grupo mineiro Rede de Cuidados de Saúde (RCS Med), não há motivo para que as crianças deixem de frequentar a escola nesse momento. "Segundo a visão científica sobre o tema, não há razão para que pessoas saudáveis deixem de frequentar ambientes sociais normalmente. Não devemos deixar de viajar, ir para a escola ou o trabalho. Pelo menos assim é a visão hoje, e sobre a população brasileira. Tudo pode mudar, mas hoje devemos manter nossas vidas normais. Sem alarde, com controle e alguns cuidados pessoais, venceremos mais essa briga com o mundo dos vírus e bactérias, e nossos filhos poderão ir para escola sem medo e em segurança. Por enquanto, vida normal a todos."
Segundo divulgado em nota pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), não há base científica para proibir alunos que tenham parentes com suspeita da doença ou que tenham ido a países com casos do problema a entrarem nos colégios.