Diante do crescimento exponencial dos casos de coronavírus no Brasil, as autoridades de saúde têm como desafio dar celeridade à resposta para a crescente demanda de casos suspeitos. O diagnóstico se torna uma tarefa estratégica para o controle da pandemia. Até quarta-feira, as amostras de possíveis contaminados atendidos pela rede pública de saúde de Minas Gerais eram encaminhadas para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, para que fossem feitos os testes. Os resultados saíam em até seis dias. Desde ontem, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) passou a fazer todos os exames do estado, o que permitirá a redução do prazo dos resultados pela metade e diminuição dos custos, uma vez que as amostras não precisam mais serem enviadas para outro estado. O tempo de espera pelo resultado cai de seis para três dias.
Os exames na Funed começaram a ser realizados nesta semana, depois de os funcionários da fundação terem passado por um treinamento. Uma técnica do laboratório de Virologia da Funed participou do treinamento na Fiocruz do Rio de Janeiro na quarta-feira. Ontem, ela repassou as orientações para outras quatro pessoas da equipe. Outros profissionais da fundação serão capacitados. O treinamento objetiva alinhar as informações sobre os procedimentos necessários para a realização do teste do novo coronavírus.
Na maneira como a rede estava estruturada anteriormente, as amostras passavam primeiro por uma bateria de exames na Funed – eram feitas testagens para influenza A e B, adenovírus, bocavírus, metapneumovírus, parainfluenza 1, parainfluenza 2, parainfluenza 3 e vírus sincicial respiratório. O resultado saía num prazo de 48 a 72 horas. Se desse negativo para todos esses, a amostra era enviada para a Fiocruz para testar a COVID-19. O envio para o Rio demandava o tempo de deslocamento. Na Fiocruz, os resultados eram apresentados em até 72 horas.
O chefe do Serviço de Virologia da Funed, Marcos Vinícius Ferreira, lembra que as amostras suspeitas de coronavírus estão sendo processadas com urgência, como prioridade. A fundação informou que está mobilizando todas as equipes para atender à demanda de diagnóstico do coronavírus, inclusive com remanejamento dos técnicos para recebimento das amostras e processamento dos exames. “Além disso, as equipes estão trabalhando em regime de plantão, priorizando os casos suspeitos de coronavírus, mas sem deixar de atender as outras demandas que já fazem parte da rotina dos laboratórios da fundação”, completa Marcos Vinícius.
O fluxo de diagnóstico segue protocolo determinado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES): os casos são notificados nas unidades de saúde e hospitais, depois seguem para o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), que categoriza como caso suspeito ou não. Na sequência, as amostras são coletadas e enviadas para a Funed. A técnica de exame indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é o RT-PCR em tempo real. A metodologia identifica o material genético (no caso o RNA) do vírus presente na amostra. É uma técnica de laboratório baseada no princípio da reação em cadeia da polimerase (PCR) para identificar o material genético dos vírus.
Na segunda-feira, a Funed recebeu 250 testes, compostos por um conjunto de reagentes específicos para a COVID-19 para a realização dos exames. Em princípio, não há risco de faltar kits diante do aumento no número de pessoas suspeitas de estarem contaminadas. O chefe do Serviço de Virologia da Funed informou que os kits são enviados pelo Ministério da Saúde de forma contínua.