Jornal Estado de Minas

Festa que comemoraria os 120 anos da Igreja São José é cancelada pelo risco de proliferação do coronavírus


 
História interrompida em favor da vida humana. A pandemia do novo coronavírus (Covid 19) leva à suspensão de uma das celebrações religiosas mais populares – e com maior número de fiéis católicos – de Belo Horizonte. Tradicionalmente realizada em 19 de março e, desta vez, comemorando os 120 anos de aniversário da Paróquia São José, a festa em homenagem ao pai adotivo de Jesus e protetor das famílias deixará de ocorrer na próxima quinta-feira. Em reunião na manhã de ontem, a congregação dos padres redentoristas decidiu cancelar missas, procissões, bênçãos e outras atividades na igreja que tem como pároco José Cláudio Teixeira e está localizada na Avenida Afonso Pena, no Centro da capital.


 
Segundo o vigário paroquial, padre Flávio Campos, a igreja ficará fechada no dia 19, mas a imagem de São José ficará exposta na frente do templo, que, conforme estimativa dos redentoristas, deveria receber cerca de 50 mil pessoas durante todo o dia – no ano passado, foram distribuídas 40 mil hóstias. Todas as missas na quinta-feira foram canceladas e, para evitar aglomeração, apenas uma será celebrada, a portas fechadas, às 19h, com transmissão pela TV Horizonte (Rede Catedral de Comunicação Católica). “As intenções solicitadas pelos fiéis serão mantidas, e vamos pedir pela saúde de todos os brasileiros”, disse padre Flávio. Ele adiantou que as confissões foram suspensas, embora mantidas as missas durante a semana.
 
Os cuidados com a saúde dos fiéis são visíveis na Igreja São José, que tem quase a mesma idade de Belo Horizonte e foi recentemente restaurada. Como as pequenas pias de pedra, nas entradas do templo, há muito não acondicionam água benta, os católicos encontram, na que fica na lateral esquerda (de quem olha para o altar), um recipiente com álcool gel, produto indicado pelas autoridades sanitárias para higienizar as mãos e impedir o contágio pelo Covid 19.
 
Também na manhã de ontem, o arcebispo metropolitano de BH e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, divulgou 11 orientações, com base nas recomendações dos especialistas e foco especial nos idosos e enfermos, para garantir a saúde da população. "A pandemia do novo coronavírus avança, e, por isso, somos todos convocados a dedicar maior atenção às medidas de prevenção da doença", disse o arcebispo, que em 26 de fevereiro, havia se pronunciado sobre a questão, pedindo para que fosse abolidos o abraço da paz, as mãos dadas durante a oração do Pai Nosso e a comunhão diretamente na boca,, dando preferência ao recebimento da hóstia na palma da mão.


 

Recomendações 

 
Entre as orientações de dom Walmor, estão: suspender, por 15 dias, a realização de encontros, assembleias, seminários e outros eventos que contribuam para aglomerar pessoas, no âmbito de vicariatos, regiões episcopais, foranias, paróquias e outras instâncias eclesiais; redobrar os cuidados com a limpeza e facilitar o acesso dos fiéis ao álcool em gel, nas comunidades de fé e outros ambientes eclesiais; e desobrigar idosos e enfermos do compromisso cristão católico de participar das missas semanais (podendo permanecer em comunhão e unidos à comunidade de fé a partir das celebrações transmitidas pela TV Horizonte e Rádio América. 
 
O arcebispo recomendou ainda a suspensão do mutirão de confissões nas comunidades paroquiais, solicitando aos sacerdotes que dediquem horário especial, diário, para acolher os fiéis que buscam o Sacramento da Reconciliação, na quaresma, e da catequese, por 15 dias. “Quando possível, solicitamos aos evangelizadores que organizem celebrações em espaços abertos, ainda mais nos que reúnem maior número de pessoas, e mantenham as Igrejas bem arejadas”. Destacou ainda que “todos devem seguir as recomendações do Ministério da Saúde, mantendo bons hábitos de higiene, e redobrem a cautela para não compartilhar notícias falsas (fake news), pois a mentira, além de prejudicar o enfrentamento da doença, gera pânico, agravando a situação”.
 
“Estamos atentos aos desdobramentos para subsidiar-nos em novas ações. Para a maioria das pessoas, o coronavírus tem sintomas similares aos de uma gripe, sem grandes riscos. A preocupação maior é com idosos e enfermos. Cuidemos especialmente dessas pessoas, mais vulneráveis à doença. Este desafio é oportunidade para um recomeço, remodelações de processos e adoção de novos modos de viver na casa comum, no profético horizonte da ecologia integral. Somos convocados à solidariedade”, afirmou o arcebispo.