Eventos cancelados, restrições para viagens, atividades extracurriculares suspensas. Apesar de nenhum caso de contaminação pelo coronavírus ter sido confirmado em Belo Horizonte, o aumento do número de suspeitos acende um alerta das autoridades e também da população. Mas, enquanto há quem já leve o álcool gel na bolsa, há também quem não acredita no perigo que o vírus pode representar. Algumas profissões indispensáveis deixam a pessoa mais exposta ao contato e risco de contaminação, como taxista, motorista de ônibus e de vans que transportam a população do interior para tratamento ou consulta nos hospitais de BH.
A contaminação por coronavírus é assunto frequente entre os passageiros e o taxista Luiz Fernando Cardoso, de 23, que roda há quatro anos na capital mineira. “Cada um tem que cuidar de si e fazer a sua parte. Eu fico um pouco apreensivo porque transportamos muita gente e, na maior parte das vezes, recebemos em dinheiro físico. Fico ainda mais apreensivo quando faço um trajeto que parte do aeroporto ou da rodoviária”, disse o jovem. Porém, ele faz parte do grupo de pessoas que frequentemente lava as mãos, usa o álcool em gel e faz a higienização do carro. O colega de profissão, José Carlos Paulino Soares, de 56, trabalha como taxista há 30 anos e repete as orientações dadas quando houve a explosão de casos do vírus H1N1, em 2009. “É preciso ter cuidado. É preciso higienizar o carro, manter os vidros abertos quanto possível e evitar aglomerações. Mas sem se preocupar demais para não gerar pânico. Não tem que parar a vida”, completou.
Os motoristas de ônibus e vans que fazem o transporte de pacientes do interior de Minas Gerais para Belo Horizonte já estão muito expostos à contaminação ou contração de doenças. Mas, agora, têm mais uma preocupação: o coronavírus. Ivamar Alexandre da Silva, de 41, trabalha há 13 anos nessa função. Atualmente, faz o transporte de pessoas da cidade Quartel Geral, na Região Centro-Oeste do estado, para BH. “Todo dia surge uma doença nova. E não nos passaram nenhuma orientação. Gostaria que isso tivesse ocorrido, gostaria que máscaras fossem fornecidas. Até porque os casos confirmados até agora ocorreram no interior de Minas”, disse ele, que transporta cerca de 20 pessoas por viagem.
O colega de profissão Altair Gomes da Silva, de 57, reclama que, além de não receber por insalubridade pela Prefeitura de Lagoa Santa, tem que conviver com a falta de precauções. Ele trocou as máscaras – que não foram fornecidas – por um nariz de palhaço. “Uso o álcool em gel. É um item indispensável para quem trabalha com a saúde das pessoas. Mas seria interessante se recebêssemos um kit. Não só por conta do coronavírus. As máscaras são importantes para a autoproteção. Mas, por outro lado, as pessoas são muito ignorantes. Muitos associam o uso da máscara com o preconceito. Não é preconceito, é proteção”, acrescentou.