A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai interromper as aulas presenciais em todas as suas unidades a partir desta quarta-feira (18).
"Antes mesmo do registro de casos no Brasil, a UFMG já acompanhava atenta a situação, ciente de sua responsabilidade social e da força de sua presença no Estado. Quando ficou claro que havia a necessidade de instituir o distanciamento social, passamos a discutir esse posicionamento com o governo do Estado, porque essa é uma medida de forte impacto social, humano e econômico e não tem efetividade se não for coordenada com todos os atores”, justificou a nota divulgada pela instituição de ensino nesta segunda-feira (16).
A medida foi anunciada após reunião com os reitores das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes-MG), da qual participou o subsecretário de Vigilância em Saúde de Minas Gerais, Dario Brock Ramalho.
Segundo a UFMG, os dados apresentados por Ramalho mostram que a evolução da doença em Minas está duas semanas atrasada em relação à situação de São Paulo e Rio de Janeiro. A previsão é de que Belo Horizonte comece a registrar mais casos a partir desta semana, porém, sem transmissão comunitária.
Na noite desse domingo (15), após reunião com o secretário geral do governo de Minas Gerais, Mateus Simões, a UFMG havia comunicado que manteria sua agenda acadêmica, com exceção de eventos como fóruns, simpósios e congressos.
Nova diretriz
Na noite desse domingo (15), após reunião com o secretário geral do governo de Minas Gerais, Mateus Simões, a UFMG havia comunicado que manteria sua agenda acadêmica, com exceção de eventos como fóruns, simpósios e congressos.
O comunicado emitido esta tarde pela instituição de ensino diz que a mudança de postura decorre do acompanhamento diário da epidemiologia da Covid-19 pelo Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus. O grupo visa racionalizar as decisões tomadas pela Universidade.
“Temos 60 mil pessoas em nossa comunidade, não podemos simplesmente parar de uma hora para outra todas as atividades e provocar uma série de impactos colaterais. Não podemos sobrecarregar rodoviárias, por exemplo, e parte expressiva de nossos alunos hoje não é de Belo Horizonte. Muitos deles dependem dos nossos restaurantes universitários para se alimentar, precisamos continuar garantindo essa alimentação até o momento de interromper completamente as atividades”, afirma a reitora Sandra Goulart Almeida."Temos 60 mil pessoas em nossa comunidade, não podemos simplesmente parar de uma hora para outra."
Sandra Goulart Almeida, reitora da UFMG
Ainda de acordo com a UFMG, além da suspensão das aulas, o Comitê estuda liberar o trabalho remoto para os servidores técnico-administrativos, além das condições para a continuidade de trabalhos que não podem ser interrompidos. Entre eles, a atuação de estagiários e bolsistas de cursos da área de saúde em projetos diversos da universidade.
O relacionamento com parceiros externos é outra pauta discutida pelos dirigentes acadêmicos. “Temos centenas de ações de extensão que podem ser prioridade de oferta justamente neste momento em que é necessário redobrar os cuidados com nossa população. Por isso, estamos adotando esse encaminhamento com muita responsabilidade, em conformidade com os protocolos definidos pelas autoridades da área de saúde", diz a reitora.
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E-mails
A interrupção das aulas presenciais ocorre na esteira de protestos de alunos e funcionários, que chegaram a comunicar a professores e coordenadores de curso que não iriam mais comparecer às dependências da UFMG a partir desta segunda-feira (16).
É o caso de duas turmas do curso de direito. O Estado de Minas teve acesso a e-mails enviados por líderes discentes do 7º e do 9º período.
"Entendemos que trata-se de contexto de cautela e mobilização coletiva: problemas de saúde pública, em especial em casos de pandemia, demandam trabalho conjunto e sentimento latente de comunidade! Pedimos, encarecidamente, que acolham nosso posicionamento e adotem as medidas que possibilitem maior prevenção. Caso mantenham as atividades presenciais, sentimos em dizer que arcaremos com as receptivas faltas e perdas de atividades", diz o texto assinado pelos alunos Henrique Pereira e
Marcello Simão, do 9º período noturno.
Outra nota, assinada pela estudante Maria Gomes, do 7º período, cita ainda dois casos de caxumba detectados na classe dela em 13 de março, última sexta-feira. "A turma decidiu, em uníssono, seguir as orientações profiláticas da unidades de saúde. Sendo assim, nenhum aluno irá à faculdade nesta data", diz o e-mail encaminhado a docentes no início desta tarde.