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Estado de Minas

Coronavírus: como se comportar no supermercado em meio à pandemia

Infectologista explica o que fazer para se proteger e preservar os demais na hora das compras


postado em 19/03/2020 19:34 / atualizado em 19/03/2020 20:11

Pandemia esvazia prateleiras e encontrar álcool em gel nas gôndolas se torna uma missão quase impossível.(foto: Aissa Mac/ESP/EM)
Pandemia esvazia prateleiras e encontrar álcool em gel nas gôndolas se torna uma missão quase impossível. (foto: Aissa Mac/ESP/EM)
Com a pandemia do novo coronavírus se espalhando pelo Brasil, a recomendação dos especialistas é para que se evite aglomerações. Mesmo assim, nos últimos dias supermercados têm ficado lotados, deixando o desafio de evitar agrupamentos de pessoas ainda mais difícil. 

Para quem não pode postergar e precisa ir às compras em meio à pandemia é necessário redobrar a atenção e atentar aos cuidados para não favorecer a transmissão do vírus e piorar a situação. Para tirar dúvidas com relação ao que fazer nesse caso, o Estado de Minas entrevistou o infectologista e professor da UFMG Mateus Westin, que respondeu a algumas questões que podem ser úteis na hora de ir ao supermercado. Preciso usar máscara? Como higienizar embalagens e frutas? Confira as respostas abaixo:

Álcool a 70% é essencial?


O primeiro item a sumir das prateleiras devido à pandemia do novo coronavírus é mesmo crucial? De acordo com o especialista, não necessariamente. O infectologista explica que, no geral, a melhor forma de combater a propagação da COVID-19 é a rotina de lavar as mãos com água e sabão. 

Segundo Mateus, os estoques de álcool a 70% estão em nível crítico, mas o produto não é a única e nem a melhor alternativa, por se tratar de uma substância mais agressiva. “A lavação com água e sabão é menos irritante para a pele. Então, sempre que possível, preferir a lavação das mãos com água e sabão. A melhor forma de prevenir o contágio e a infecção pelo coronavírus é evitar levar a mão ao rosto depois de ter encostado em quaisquer superfícies, pessoas e objetos. Seja no meio público ou mesmo em casa”.

Ele ainda ensina a forma correta de fazer a limpeza das mãos. “A gente precisa higienizar as mãos com água e sabão durante 20 a 30 segundos em uma lavação que contemple todas as partes, cantos, dorsos, palmas, punhos. Essa é a regra fundamental”, salienta. O álcool a 70% segue sendo uma alternativa quando não se tem uma pia, água e sabão por perto.

Máscaras e luvas

O especialista salienta que determinados grupos necessitam da peça, que também está com os estoques críticos e não deve ser usada de maneira indiscriminada. “A máscara é fundamental para duas situações: para pessoas sintomáticas e para os profissionais da saúde que vão entrar em contato com pessoas sintomáticas com proximidade e repetidas vezes. O que não é o caso da população em geral. A população em geral só deve usar a máscara caso esteja com sintomas respiratórios, porque, quando a pessoa tossir ou espirrar, ela vai eliminar menos partículas no ambiente, expondo menos as outras pessoas que estão no local ou que passarão por lá depois”. 

Segundo Mateus, pessoas assintomáticas não devem usar máscara porque não existem evidências científicas que comprovem que ela proteja de contrair o vírus.

Quanto às luvas, o infectologista explica que, apesar de impedirem o contato direto com as superfícies e produtos, elas não necessariamente impedem o contágio. “Elas até podem ser interessantes, mas, da mesma forma, se eu encostar com essa luva no meu rosto de forma despercebida eu vou estar incorrendo do mesmo risco”, alerta.


Gestantes e idosos


Alguns grupos têm maior risco de desenvolver complicações relacionadas à infecção pelo coronavírus. O infectologista recomenda que essas pessoas, preferencialmente, devem evitar sair de casa para que não haja interação com possíveis infectados ou com produtos e ambientes que possam ter as secreções respiratórias com o vírus infectante. 

“Idealmente, pessoas mais jovens, como filhos, netos, devem fazer esse trabalho. Ou amigos e vizinhos. Nesse momento, é interessante que a sociedade monte uma estrutura de solidariedade para preservar essas pessoas que têm mais risco e que, majoritariamente, devem ficar nessa restrição domiciliar para ter um maior nível de proteção”. Segundo Mateus, essas pessoas têm maior risco de desenvolver pneumonia e insuficiência respiratória, consequências potencialmente letais.


Carrinhos, cestas e sacolas

O especialista afirma que não há necessidade de evitar o uso desses objetos. Para ele, a questão é que esses itens acabam passando de mão em mão por diversas vezes, sendo expostos a eventuais secreções devido à tosse ou contato manual e corporal que, mesmo sendo microscópicas, podem conter o vírus. “Então, a regra é: encostou no carrinho, encostou na cestinha, na hora que precisar levar a mão ao rosto tem que lembrar de higienizar as mãos”.


Higienização de alimentos

Com relação aos produtos, é interessante que a higienização seja feita com qualquer tipo de desinfetante. Eles têm o potencial de eliminar partículas virais que estejam contidas em secreções respiratórias ali depositadas. “Lembrando que o coronavírus sobrevive fora do organismo humano por horas ou até dias. Isso vai depender da temperatura, da umidade, da quantidade de secreção depositada ali, ainda que a gente não esteja vendo, já que estamos falando de um conceito microscópico”, explica.

O especialista recomenda que todos os produtos com superfície inerte devem ser higienizados com desinfetantes comuns, água sanitária diluída ou álcool em gel, já que estas substâncias têm o poder de remover as partículas virais.

Itens que não podem ser desinfetados, como frutas, legumes e folhas, devem ser higienizados de forma adequada. “Lavar as frutas e legumes com uma bucha e um pouco de sabão. No caso de folhas, deixar de molho em uma solução com algumas gotas de água sanitária é o suficiente”.

 
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Eduardo Murta 


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