Jornal Estado de Minas

COVID-19

Confins acumula mais de 180 cancelamentos de voos em função do coronavírus

Rafael Delazari agora tenta remarcar viagem para a Europa (foto: Arquivo Pessoal)
O setor aéreo é uma das áreas que mais vêm sofrendo os efeitos da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). As incertezas em torno da doença estão afastando passageiros do sistema, refletindo diretamente nos balanços financeiros das empresas do setor. Com a baixa ocupação dos voos, vários estão sendo cancelados. Só no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, mais de 180 deixaram de decolar.


 
De acordo com a BH Airport, concessionária que administra o terminal, não havia cancelamentos de voos antes do dia 11 de março, data na qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia do coronavírus. A partir do dia 11, suspensões de decolagens passaram a ficar mais frequentes, porém, inicialmente com números relativamente baixos, variando de dois a três cancelamentos.
 
Desde o dia 15, último domingo, as estatísticas aumentaram consideravelmente, com 12 cancelamentos de voos. O número subiu no dia 16, segunda, com 17 suspensões. Já na terça (17), 34 foram as viagens que não saíram do terminal. Na quarta (18), houve 56 cancelamentos, um voo a mais que nesta quinta-feira. Com isso, totalizam-se, até o momento, 183 voos cancelados.
 
O técnico tributário Rafael de Souza Delazari, de 37 anos, tinha viagem marcada para Brasília na próxima terça (24). Ele iria à capital federal para participar de um evento, que foi cancelado por causa do coronavírus. Ele preferiu remarcar a viagem a pedir reembolso. “Comprei a minha passagem em novembro, durante a Black Friday. Remarquei minha passagem para outros fins, já que o evento não teve outra data definida”, disse.


 
Rafael adquiriu também bilhetes rumo à Europa, onde ficaria por 18 dias viajando por cidades como Paris, Roma e Amsterdã. O embarque seria no dia 26 de maio, mas o técnico tributário preferiu remarcar a viagem por receio de não conseguir entrar nos países.
 
“Inicialmente, iria esperar até abril (para remarcar), mas como a situação está se agravando por aqui, mesmo que na Europa se normalize, pode ser que proíbam brasileiros de entrar nos países”, ressaltou.
 
Delazari não encontrou dificuldades para remarcar a viagem para Brasília. No entanto, ele não está tendo vida fácil para reagendar a data do seu bilhete para o embarque rumo à Europa.
 
“Estou tentando mudar para 1º de setembro, mas tem cinco dias que estou tentando ligar para a companhia aérea e não atendem. Não respondem às mensagens pelas redes sociais. Hoje eles me responderam e pediram para que eu entrasse em contato depois do dia 31 de março. Segundo a mensagem, minha viagem está dentro da política de remarcação sem custos, mas o processo é bem complexo”, contou.


 
Recomendação
 
Em posicionamento divulgado no último sábado, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) recomendou que os consumidores tenham condições de remarcar as viagens turísticas sem custos adicionais pelos próximos 60 dias. A orientação também é válida para reservas em hotéis e pacotes turísticos. Segundo a Senacon, os consumidores podem recorrer ao artigo 393 do Código Civil, que estabelece a hipótese de caso fortuito – nesse momento, o coronavírus - ou de força maior para que o devedor não responda por prejuízos.