Jornal Estado de Minas

Pandemia

Infectologistas: medicamento para malária não combate coronavírus

 

Médicos infectologistas ouvidos pela reportagem do Estado de Minas, nesta sexta-feira (20), foram unânimes em afirmar que não existe no mundo nenhum estudo científico comprovando a eficácia do uso do medicamento Hidroxicloroquina para combater o coronavírus. O remédio é usado para combater malária, lupus e outras doenças importantes.



 

Os especialistas afirmaram ainda que o medicamento  tem efeitos colaterais severos  - hepatite, pancreatite e alterações da pigmentação da pele, entre os mais comuns-,  e só pode ser usado, portanto, com aprovação médica.


Carlos Starling (foto: Centro Mineiro de Medicina Hiperbárica)
O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Unaí Tupinambás, infectologista e integrante da frente de combate ao coronavírus criada pelas Secretarias de Minas e de Belo Horizonte da Saúde (SEEs), juntamente com a UFMG, disse ainda que a população deve evitar comprar o remédio tendo em vista também que a droga será objeto de pesquisa, na capital,  por essa força-tarefa de especialistas da universidade e SEEs."Não pode ficar em  falta nas farmácias para a pesquisa", advertiu o médico.


Tupinambás informou que está em processo a elaboração de um protocolo para dar início à pesquisa, coordenada pela UFMG,  sobre o uso  da cloroquina -droga  para combater a malária-, no tratamento do Covid-19, doença provocada pelo coronavírus.


“Daqui a três a seis meses, teremos notícias interessantes sobre esse estudo”, afirmou o infectologista, professor da UFMG desde 2002, que também informou que os estudos sobre esse tratamento específico ainda são recentes. Na China, em dezembro passado, e, recentemente, na França.

'Pouquíssimas pessoas'

 

 

Carlos Starling, também renomado infectologista, com mais de 30 anos de carreira, referência nacional e internacional na área, disse que o uso da cloroquina se restringe, por enquanto, a um  “contexto de estudos clínicos”. “Com pouquíssimas pessoas”, afirmou Starling.

Ele também advertiu sobre os efeitos colaterais do medicamento e  seu efeito tóxico, caso não seja receitado por um especialista . "Pode intoxicar. O uso (do remédio da malária) não está nos protocolos oficiais”, enfatizou o médico.




A vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Virgínia Andrade, corroborou com a opinião de seus colegas de especialidade médica.

De acordo com a especialista,  por enquanto, continua prevalecendo a recomendação  já  amplamente  divulgada em função da pandemia: quadros leves do Covid-19,  pacientes em casa, para não sobrecarregar o sistema de saúde; em caso de gravidade, com falta de ar e febre, procure atendimento médico e hospitalar;  e para quem não tem sintomas, isolamento social, caso seja possível; e seguir recomendações de higiene, sempre, principalmente mãos e objetos mais manuseados.