Fornecedores de álcool gel, máscaras, luvas e outros insumos básicos de unidades de saúde explodiram o preço dos produtos em meio a pandemia de coronavírus. É o que hospitais e clínicas de Minas Gerais denunciam.
De acordo com levantamento da Associação e Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde de MG (Central dos Hospitais), a máscara cirúrgica tripla com elástico era fornecida a R$ 5,20 em 6 de fevereiro. Um mês depois, no último dia 12, o preço saltou para R$ 80 – aumento de 1.438%.
O presidente da Central dos Hospitais, Reginaldo Teófanes Ferreira de Araújo, informou nesta sexta-feira que vai apresentar denúncia ao Ministério Público com a comparação de preços dos insumos antes da crise causada pelo Covid-19 e depois da alta procura dos materiais.
“A lei de mercado da oferta e da procura não justifica tamanha discrepância em tão pouco tempo, é descabido. Precisamos que as autoridades atuem junto a estes fornecedores urgentemente”, informou o médico.
O diretor administrativo da Maternidade & Hospital Octaviano Neves, localizada na Região Hospitalar de Belo Horizonte, divulgou um vídeo em suas redes sociais onde manifesta seu descontentamento com o abuso nos preços. “O que está acontecendo é muito grave, as pessoas estão aproveitando uma situação de crise”, disse Ataíde Lucindo Ribeiro Junior.
O médico ginecologista e obstetra contou que luta contra o aumento abusivo dos insumos, pois não pode deixar de fornecer o material na unidade de saúde. A empresa que fornecia álcool gel, por exemplo, tinha contrato por um ano, mas foi impedida de continuar a oferecer o produto após ser confiscada pelo governo.
“Desculpa, eu estou chorando. Estou tão desesperado, a situação está tão difícil, não sei se vou conseguir manter a maternidade aberta”, disse o diretor ao atender a ligação da reportagem de Estado de Minas. O hospital que ele coordena funciona 24 horas e teve de cancelar todas cirurgias eletivas. “Não vamos aguentar muito tempo pagando esses valores, precisamos de ajuda”, reclama.
O medo do diretor é que os hospitais privados não sobrevivam a crise do Covid-19. “Estamos desafogando o SUS, pagando impostos caríssimos. Agora no momento mais difícil precisamos de ajuda de todos”, pede Ataíde. “Estamos como os músicos do Titanic, que não pararam de tocar quando o navio afundava”, compara o médico.
A Central dos Hospitais informou que já existe movimentação das entidades representativas do setor de saúde no Brasil para acionarem a justiça. “Inclusive, uma de nossas representantes de abrangência nacional, a CNSaúde, já protocolou, no último dia 16, ofício à Presidência da República solicitando medidas econômicas e sanitárias adicionais para o combate a pandemia, onde incluiu também um pedido para atuação enérgica frente a estes atos abusivos de alguns fornecedores”, informou o presidente da Associação.