A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criou o Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus. Com o órgão, universidade contribui em várias frentes de combate à pandemia. A universidade poderá contribuir com a realização de 120 a 150 testes por dia.
Uma das frente de ações do comitê tem o objetivo de aumentar a capacidade de testagem em Minas, o que é um dos maiores gargalos das autoridades de saúde brasileiras no combate à Covid- 19. "Sabemos que o diagnóstico é um gargalo gigantesco. Os órgãos oficiais estão sobrecarregados", afirma o virologista Flávio Fonseca, que integra o comitê.
Desde esta segunda (23), a universidade ajuda na realização de testes de amostras eviadas pelo Hospital Risoleta Tolentino Neves. "Os laboratórios da UFMG começam hoje a fazer o teste em apoio a alguns hospitais", disse. O virologista informou que outros hospitaisjá entraram em contato com a universidade.
Os pedidos de apoio estão sendo analisados de acordo com a capacidade. "Primeiras amostras do Risoleta começam a ser testadas hoje (23)", informou. Ele informou também que estão sendo feitas os ajustes legais para que os laboratórios universitários possam prestar esse serviço.
A colaboração da universidade também tem sido no desenvolvimento de um teste rápido. Atualmente, os testes usados, do tipo PCR que identificam o RNA do vírus, levam até 48 horas para dar o resultado. No entanto, com o crescimento da demanda, os diagnósticos têm demorado mais de uma semana. Os testes rápidos seguem outras técnicas. No que está sendo desenvolvido no Centro de Tecnologia em Vacinas (CTVacinas) da UFMG, em vez das mucosas do nariz e garganta, o exame é feito a partir de amostras de sangue.
O virologista informou que também está em conversa uma parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), órgão responsável pela realização de todos os testes da rede pública. "Temos a possibilidade dar suporte ao diagnóstico. Ainda está sendo negociado", informou. O virologista acredita que essas ações da UFMG podem contribuir para tornar a testagem da covid-19 mais rápida no estado.
REUNIÕES POR VIDEOCONFERÊNCIA
Os integrantes do comitê permanente se reunem diariamente por vídeoconferência para tentar dar respostas aos desafios impostos pelo novo coronavírus. São professores de todas as áreas, virologistas, infectologistas, médicos e cientistas sociais. Também participam do comitê todas as pró-reitorias e a Diretoria de Relações Internacionais da universidade.
O virologista defende as ações como forma de barrar o avanço da pandemia. Segundo o professor, o avanço da doença em Minas não vem ocorrendo de forma diferente de outros estados das regiões Sul e Sudeste. "A progressão dos casos é semelhante à França e à Espanha", afirmou.
A taxa de mortalidade em Minas deve ficar em torno de 1%. Em São Paulo, a taxa é de 3,5%. A expectativa é que as medidas adotas até então evitem mortalidade como vem ocorrendo na Itália.