Um ônibus de uma linha que atende o Bairro Ribeiro de Abreu, Região Nordeste de Belo Horizonte, foi incendiado na madrugada desta terça-feira. Segundo a Polícia Militar (PM), os criminosos deixaram um bilhete atribuído a detentos de um presídio da Grande BH reclamando da suspensão das visitas por causa da epidemia do novo coronavírus e outras questões.
O veículo era da linha 715 (Estação São Gabriel/Monte Azul). De acordo com o Corpo de Bombeiros, o veículo foi parado por três homens armados na Avenida Risoleta Neves, por volta das quatro. Eles mandaram o motorista e os passageiros descerem e incendiaram o coletivo.
Antes de fugir, eles deixaram um bilhete. Conforme a PM, a mensagem reclama da proibição de visitas ao Complexo Penitenciário Nelson Hungria diante do isolamento social para evitar a transmissão do coronavírus.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) determinou a suspensão das visitas nos presídios na semana passada. O objetivo, segundo a pasta, é preservar a saúde dos profissionais do sistema prisional e dos 75 mil detentos sob responsabilidade do estado.
Ainda segundo a PM, no bilhete, atribuído aos detentos, eles alegam que "também são seres humanos" e precisam de tratamento digno como alimentação adequada, produtos de higiene pessoal, e também reclamaram que os agentes entram e saem sem luvas e máscaras.
Além disso, segundo a PM, os detentos acusam dois agentes de "mexer com as esposas dos presos" e dizem que se eles não forem afastados os ataques vão continuar na capital e região.
O combate ao incêndio do coletivo durou meia hora, segundo os bombeiros. Ninguém se feriu. Até o início da manhã nenhum suspeito do crime havia sido localizado.
Resposta da Sejusp
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas (Sejusp) afirma que tem adotado diversas medidas para prevenção do coronavírus nas unidades prisionais. São quatro as principais frentes de atuação. Confira:
"Para evitar a disseminação do vírus por meio de contato com o público externo: as visitas foram suspensas, para evitar a circulação de pessoas externas, assim como a entrega, até então opcional, de kits suplementares contendo alimentos, remédios entre outros itens, para evitar a circulação de materiais contaminados. destaca-se que esses itens continuam sendo fornecidos pelas unidades prisionais.
Evitar a contaminação por novos presos: foram criadas 30 unidades de referência, distribuídas em todo o território mineiro, que vão funcionar como centros de triagem e portas de entrada para novos detentos do sistema prisional. Todas as pessoas que forem presas em Minas Gerais irão para uma unidade específica em cada região e ficarão por um período de 15 dias, em quarentena e observação, evitando possível contágio caso fossem encaminhados de imediato para outras unidades. Após a observação e atestada a sua saúde, serão encaminhadas a novas unidades prisionais.
Cuidados com quem já está preso: no caso de presos que já se encontram no sistema prisional, caso apresentem sintomas do Covid-19, o protocolo é o seguinte: isolamento imediato, realização de exames e, em caso de confirmação, tratamento em hospital, com escolta do sistema prisional.
Evitar o contágio via profissionais de segurança: as escalas de trabalho estão sendo dilatadas, de forma a diminuir a circulação desses profissionais intra e extramuros e equipamentos de EPI estão sendo distribuídos nas estruturas prisionais."
Sobre a reclamação contra os dois agentes, a Sejusp afirma que todas as denúncias formalizadas são apuradas nos termos da lei. "Cabe ressaltar que está disponível para todos os cidadãos a Ouvidoria do Sistema Penitenciário, que tem por finalidade receber, registrar, apurar e enviar resposta às reclamações, denúncias e sugestões relativas às questões penitenciárias. O serviço pode ser acessado por meio do Disque-Ouvidoria 162", finaliza.