Circulam em redes sociais vídeos de detentos do Sistema Prisional de Minas Gerais reivindicando medidas das autoridades para evitar a propagação do coronavírus nas cadeias. Os presos reclamam, principalmente, das condições de higiene com as quais têm de conviver. Assim como vários estados brasileiros, Minas tem superlotações carcerárias: em agosto do ano passado, levantamento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais apontou que 90% das unidades prisionais mineiras abrigam mais presos do que a capacidade máxima.
Um dos vídeos recebidos pelo Estado de Minas é de um grupo de presos com a vestimenta do sistema prisional do estado, com queixas sobre a quantidade de material de higiene que é fornecida aos encarcerados. Não é possível, contudo, saber em qual penitenciária foi gravado o vídeo.
No registro, um dos membros do grupo lê uma carta aberta à Secretaria de Justiça e Segurança Pública. “Entendemos de eles cortarem nossas visitas para o bem de nossos familiares e para o nosso bem também, mas o que eles estão fazendo com a gente é desumano, pois não temos condições nenhuma de higiene dentro da cela. Cortaram o nosso kit de higiene, que era o básico para a nossa higiene, e o kit que pagaram para a gente não dura nem três dias”, comenta.
Mais à frente, este homem, encapuzado com um lenço vermelho, questiona: “Como iremos dividir três pastas de dente para mais de 25 presos? Como vamos dividir três sabões para 25 presos? Nessa unidade não tem lavanderia. Como vamos limpar nossas roupas sem o kit de higiene?”.
Para evitar a propagação dos vírus dentro das cadeias, o governo estadual adotou uma série de medidas. Entre elas está a restrição de visitas nas penitenciárias do estado. No entanto, eram de familiares e advogados que os presos recebiam os kits suplementares de alimentos, remédios e material de limpeza. Com a suspensão, esses ítens deixaram de ser entregues e os encarcerados agora só utilizam os produtos fornecidos pelo próprio departamento penitenciário, o que, segundo os presos, não é suficiente para a demanda.
Inicialmente, as restrições totais foram contestadas. Diante disso, uma portaria publicada no Diário Oficial Eletrônico de Minas Gerais, no último dia 20, determinou que os kits poderiam ser enviados via serviço postal. Contudo, como explica o advogado penal e ex-presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) Fábio Piló, a informação oficial ainda não teria chegado a várias das penitenciárias do estado.
“A entrega dos kits foi liberada , mas muitas penitenciárias não estão cumprindo a resolução. Os kits estão liberados, mas cada unidade está definindo o que vai poder contar em cada kit e isso está gerando um certo transtorno. Eles deixaram cada unidade criar a própria lista. Além disso, muitos detentos e familiares não sabeem dessa nova norma. O que eu sei é que a Nelson Hungria já está liberando e até já fixaram na porta um recado”, explica.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública informou que os kits são distribuídos aos internos no momento da sua admissão no sistema prisional. "O kit contém papel higiênico, pasta dental, escova dental, talheres, copo, uniforme, cobertor, roupa de cama, toalha e preservativo. Os materiais são repostos mensalmente ou conforme demanda", continuou.
Além disso, a pasta frisou que tem adotado diversas medidas de prevenção ao coronavírus no ambiente prisional, voltadas para a preservação da saúde e da vida dos profissionais de segurança pública e dos detentos que estão sob a custódia do Estado. “Vale ressaltar que não há, até o momento, nenhum caso confirmado de COVID-19 em unidades prisionais do Estado."
Além disso, a pasta frisou que tem adotado diversas medidas de prevenção ao coronavírus no ambiente prisional, voltadas para a preservação da saúde e da vida dos profissionais de segurança pública e dos detentos que estão sob a custódia do Estado. “Vale ressaltar que não há, até o momento, nenhum caso confirmado de COVID-19 em unidades prisionais do Estado."
A secretaria ainda informou que, caso apresente sintomas da doença, o preso será isolado imediatamente e fará exames. Em caso de confirmação, ele será tratado em hospital, com alta sob escolta prisional.
Além disso, a pasta frisou que as escalas de trabalho dos agentes penitenciários “estão sendo dilatadas, de forma a diminuir a circulação desses profissionais intra e extramuros, e equipamentos de EPI estão sendo distribuídos nas estruturas prisionais”.
Ainda nesta terça-feira (24), a Sejusp escolheu 30 locais, denominados unidades de referência, onde serão feitas triagens para detentos que ingressarem no sistema prisional. Agora, todas as pessoas que forem presas vão ser direcionadas para uma unidade específica em cada região. A quarentena prevista é de 15 dias.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Murta
O que é o coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.