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Estado de Minas COVID-19

Cidades do Norte de Minas fecham estradas e controlam acesso da população

Prefeituras de Salinas e Lassance colocaram terra em vias principais para evitar propagação de coronavírus


postado em 25/03/2020 17:01 / atualizado em 26/03/2020 15:51

Prefeitura usa máquina para impedir passagem de veículos em Lassance(foto: Carol Diniz/Divulgação)
Prefeitura usa máquina para impedir passagem de veículos em Lassance (foto: Carol Diniz/Divulgação)

Colocar um amontoado de terra em vias públicas foi a medida adotada pelas prefeituras de Salinas e Lassance, no Norte de Minas, para fechar entradas das cidades e controlar o acesso de pessoas como ação preventiva contra a propagação do coronavírus. Os dois municípios são cortados por rodovias que dão acesso a outra regiões, o que aumenta a preocupação para conter o avanço da Covid-19. Na mesma região, em Mirabela, a “capital da carne de sol”, a prefeitura instalou obstáculos em 10 pontos de acesso à cidade.



Salinas (41,3 mil habitantes), a “capital da cachaça”, fica às margens da BR-251, que tem um grande fluxo de caminhões e carretas que viajam do Sul/Sudeste para o Nordeste. Já Lassance (6,5 mil moradores) é cortada pela MGT- 496, usada por motoristas que viajam de Belo Horizonte para Pirapora (às margens do Rio São Francisco). Lassance tornou-se conhecida por ser a cidade onde, em 1909, o pesquisador Carlos Chagas, fazendo exames em pacientes em um vagão de trem da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA), descobriu o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas.

Na “capital da cachaça”, com o uso de tratores, a prefeitura colocou terra em seis vias de acesso da cidade para impedir a entrada de pessoas oriundas de outros municípios. Foram instaladas três barreiras sanitárias, na quais os visitantes são abordados por profissionais de saúde. Uma delas está situada perto da rodoviária de Salinas, onde é feita a triagem de motoristas e passageiros que chegam pela BR 251.

A Prefeitura de Salinas adotou ainda uma série de medidas contra a propagação da COVID-19, determinando o fechamento de estabelecimentos comerciais. De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde do município, divulgado na tarde de segunda-feira, a cidade conta somente com um caso suspeito de coronavírus, que está sendo monitorado.
Acesso fechado em Mirabela(foto: Andréa Froes/Divulgação)
Acesso fechado em Mirabela (foto: Andréa Froes/Divulgação)

Em Lassance, os motoristas podem entrar na cidade pela MGT-496 passando apenas por dois acessos – um pelo lado direito e outro pelo lado esquerdo da rodovia, que atravessa a área urbana. Os demais acessos à estrada, ao longo de 1,4 quilômetro da área urbana, foram interditados pela prefeitura, que usou uma máquina patrol para abrir valas e movimentar amontoados de terra.

Nos dois acessos (dos lados direito e esquerdo da MGT-496), a Secretaria Municipal de Saúde montou uma barreira sanitária. Todos os visitantes respondem a um questionário sobre a origem e as condições de saúde, sendo orientados sobre os cuidados que devem adotar para a prevenção contra a COVID-19. A orientação para aqueles que apresentarem algum sintoma, como febre, falta de ar e tosse é que devem procurar o Centro de Saúde. Até esta terça-feira, Lassance não teve nenhum caso suspeito de coronavírus. 

O prefeito de Lassance, Paulo Elias Rodrigues (PDT), justifica que adotou medidas de controle mais rigorosas para a entrada na cidade porque o município recebe visitantes de várias regiões de Minas e de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro – “principais focos do coronavírus no Brasil”.

Em Lassance, o funcionamento das balsas da travessia do Rio da Velhas, no acesso a comunidades rurais do município e cachoeiras, também está restrito. As balsas só podem fazer a travessia do rio até as 18h – após esse horário, funcionam somente em casos de emergência. O comércio da cidade também foi fechado, exceto padarias, farmácias, supermercados, açougues e peixarias, pet shops,  postos de combustíveis, oficinas mecânicas, borracharias, agências bancárias e similares.

Capital da Carne de Sol

“Desculpe-nos o transtorno. Esta barreira é para o combate ao novo coronavírus”.  Este são os dizeres espalhados em diversas partes de Mirabela, cidade de 13,5 mil habitantes, no Norte de Minas. Como medida para impedir a transmissão da COVID-19, a prefeitura fechou 10 entradas da cidade, impedindo o trânsito em algumas delas com o uso de madeiras. O acesso à cidade  está sendo possível  somente por uma avenida, onde motoristas e passageiros que chegam são submetidos a uma triagem por equipe da Secretaria Municipal de Saúde.

Mirabela é conhecida como a “capital da carne de sol” e as restrições aos visitantes e demais medidas contra a transmissão do coronavírus atingiram de cheio a venda do produto que dá fama à cidade. Enquanto estabelecimentos de outros ramos do comércio estão fechados, os açougues do município (assim como supermercados, padarias e farmácias) continuam abertos. Mas, sem a presença  de pessoas de outras cidades – sua principal clientela –, as vendas de carne de Mirabela tiveram uma grande queda no movimento.

Barreiras de terra em Salinas(foto: Redes Sociais/Reprodução)
Barreiras de terra em Salinas (foto: Redes Sociais/Reprodução)


“As nossas vendas caíram em torno de 50% depois das barreiras contra o coronavírus, afirma Marcos Pereira de Souza, que trabalha em um açougue de Mirabela. “Nós dependemos dos viajantes”, diz o vendedor, lembrando que em torno de 60% a 70% das vendas das casas de carne do município são feitas para pessoas que passam pela BR-135 (estrada Montes Claros/Januária) ou que visitam Mirabela. 

Atualmente, a carne de sol de Mirabela é comercializado a R$ 30 o quilo. Grande parte do produto tem como destino Montes Claros, Belo Horizonte e outras cidades, como “encomenda” ou “lembrança” do Norte de Minas.

Marcos Pereira ressalta, porém, que mesmo lamentando a queda no faturamento dos açougue, é a favor das medidas preventivas contra a transmissão do coronavírus, que restringiu a circulação de pessoas  e as  visitas a Mirabela. “Está ruim para todo mundo. Se esta situação continuar por muito tempo, acho que muitos comércios vão fechar. Mas é preferível a vida do que o risco de morte”, assegura o vendedor.

Dono de uma lanchonete em Mirabela, Mardison Wesley Soares Martins, disse que após adoção de medidas preventivas contra a transmissão do coronavírus por parte da prefeitura da cidade está vendendo somente pelo sistema delivery. “As vendas caíram muito. Mais de 50%. Mas apoio as medidas (de prevenção contra a COVID-19). Nós temos que nos proteger”, disse Mardison, que também aprova a barreira sanitária na entrada da cidade.


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