Desde o início da crise do coronavírus, até o momento atual de quarentena, um dos produtos mais procurados é o álcool em gel. No entanto, a escalada do preço tem assustado o consumidor, que se vê num dilema entre pagar os preços abusivos ou não ter o produto para se prevenir do contágio da doença.
O número de denúncias em relação ao preço abusivo de máscaras e álcool em gel tem crescido exponencialmente no Procon e na Polícia Civil, e, por isso, na última terça-feira, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil estadual deflagraram uma operação conjunta para fiscalizar a prática de preços abusivos de máscaras descartáveis e álcool em gel em Belo Horizonte
O maior número de denúncias vem sendo feito em cima da Drogaria Droga Clara. “Comprei na farmácia Droga Clara álcool em gel de 90g por R$ 11,95 em 19 de março. Foi o único local que encontramos. Comprei 12, dois para um colega que fez a compra e 10 para eu repartir com família e amigos. Gostaria de denunciar o preço exorbitante.” relatou Ingrid Naiara.
Outra denúncia foi feita por uma professora de 40 anos, moradora de BH, que preferiu não se identificar. Segundo ela, também na drogaria Droga Clara houve tratamento indevido ao consumidor e tentativa de forçá-la a comprar. A professora afirma que na parte de fora da loja estava anunciado um limite de 3 embalagens de alcool em gel por pessoa, porém, ao chegar no caixa, a atendente disse: "Agora já está liberado. Pode levar quantos quiser". E completou: "Não quer levar a caixa? Olha que vai acabar hein... a gente divide no cartão...".
Mais uma consumidora revoltada com a alta dos preços é Aline Silva, que vive com a mãe idosa, ao realizar a compra de dois frascos de álcool em gel, também na Droga Clara. Pagou um total de R$ 33,90. “Eu sei que lavar com água e sabão é a medida mais recomendada e é muito mais barata que o álcool em gel, porém nem sempre a gente tem esse recurso, é a única forma de se higienizar na rua por exemplo é usando o álcool”, relata Aline. “Com esse valor que eu gastei, antes desta crise do corona eu conseguiria comprar mais que o dobro de álcool em gel. Entendo que com o povo procurando mais o preço aumenta um pouco, mas essas farmácias deveriam pensar mais na questão humana e não no lucro”, diz Aline.
O responsável pelo site Mercado Mineiro, que faz pesquisas e comparação de preços no varejo de BH, Feliciano Abreu se posicionou sobre a questão dizendo: "Sobre o valor de 250ml por R$16,90, não vi, mas se existe, é totalmente abusivo e o consumidor não deve comprar. A arma nossa é não comprar. Porque vai chegar álcool em gel, porque a indústria está a todo vapor. Estão abusando da falta de falta de informação do consumidor e desespero. Isso é covardia!".
Outro lado
O Grupo Droga Clara enviou nota à redação, afirmando que "eventuais alterações de preço são consequências da escassez da matéria prima mundial, notadamente pelo país de origem, China, ser o epicentro da pandemia mundial." Mas, diz a nota, o grupo "realizou uma negociação com seus fornecedores para adquirir álcool em gel e disponibilizá-los a seus clientes, como forma de prevenção ao coronavírus" e que "mantém seu compromisso de vender seus produtos pelo preço mais baixo comercializado em Belo Horizonte."Diferentemente do que diz a nota, que afirma que "a matéria foi publicada sem qualquer tentativa de contato" com a empresa, a redação do Estado de Minas ligou cinco vezes para a Central de Atendimento da rede de farmácias Droga Clara (031.3270.0500). Em todas as vezes, as ligações caíram em uma gravação avisando que todas as linhas estavam ocupadas e pedindo e que o jornalista aguardasse, até que as ligações fossem desconectadas.
Leia a nota na íntegra:
O Grupo Droga Clara, com 30 Lojas em Belo Horizonte e 5 no interior do Estado de Minas Gerais, vem se manifestar sobre a matéria publicada em 26.03.2020, no Jornal Estado de Minas.
Leia a nota na íntegra:
O Grupo Droga Clara, com 30 Lojas em Belo Horizonte e 5 no interior do Estado de Minas Gerais, vem se manifestar sobre a matéria publicada em 26.03.2020, no Jornal Estado de Minas.
Primeiramente, vale destacar que a matéria foi publicada sem qualquer tentativa de contato com os representantes do Grupo Droga Clara, fato que ensejou a divulgação de notícias equivocadas e dissociadas da realidade.
Ao contrário do noticiado, a Droga Clara se preparou para dar sua contribuição nessa difícil crise de saúde pública vivenciada pelo Brasil e pelo mundo. Nesse sentido, de modo a garantir o mais alto grau de saúde à sociedade, realizou uma negociação com seus fornecedores para adquirir álcool em gel e disponibilizá-los a seus clientes, como forma de prevenção ao Coronavírus.
Ademais, as vendas foram limitadas ao máximo de 3 unidades por clientes; e houve alteração no funcionamento de algumas unidades para permitir a compra também aos domingos, ou seja, a atuação foi focada em disponibilizar o produto ao máximo de pessoas possível, da forma mais célere, em virtude da velocidade de propagação do vírus.
Mesmo com a crise de desabastecimento, o produto continua sendo comercializado em todas as lojas do Grupo Droga Clara pelo menor valor praticado pelo comércio de Belo Horizonte.
Eventuais alterações de preço são consequências da escassez da matéria prima mundial, notadamente pelo país de origem, China, ser o epicentro da pandemia mundial.
Portanto, em virtude do fechamento de fronteiras, interrupção do transporte aéreo e criação de barreiras alfandegárias e sanitárias, torna-se natural o aumento do preço do produto.
Portanto, em virtude do fechamento de fronteiras, interrupção do transporte aéreo e criação de barreiras alfandegárias e sanitárias, torna-se natural o aumento do preço do produto.
Contudo, mesmo diante de tais dificuldades, o Grupo Droga Clara mantém seu compromisso de vender seus produtos pelo preço mais baixo comercializado em Belo Horizonte.
*Estagiário sob supervisão do editor Benny Cohen