Jornal Estado de Minas

Prefeitura de Nova Lima desinfeta ruas e imóveis contra o coronavírus



Com 11 casos confirmados da COVID-19, doença provocada pelo novo coronavírus, Nova Lima, na Região Metropolitana, vem realizando a desinfecção das ruas e pontos mais movimentados do município para conter o avanço da doença. A previsão é de que o trabalho continue pelos próximos 20 ou 30 dias. Vídeos da ação têm circulado pelas redes sociais.




De acordo com o secretário de Administração e coordenador do gabinete de crise de Nova Lima, Jean Seabra, desde quarta-feira, toda noite equipes da limpeza urbana pulverizam uma mistura de água sanitária e quaternário de amônia, um tipo de desinfetante usado em hospitais, nos espaços públicos. "A mistura já foi usada na China, Espanha, Itália, países que tiveram o surto do vírus primeiro que o Brasil. Ela já vem sendo usada em Santa Catarina e, até onde sabemos, somos os primeiros em Minas", informou. Segundo ele, a substância foi analisada por infectologistas, medicina do trabalho e vigilância sanitária, e é capaz de matar o vírus nas superfícies.

"Fizemos a compra, montamos quatro equipes com prestadores de serviço da limpeza pública e estamos pulverizando todas as portas de supermercados, farmácias, bancos, unidades básicas de saúde, das praças, ou seja, todas aquelas ruas e locais com fluxo maior de pessoas. Esse trabalho começa às 19h e vai até 0h30, duas pessoas em cada equipe", detalha Seabra. 

O secretário também falou sobre como foi a aquisição das substâncias para o desinfetante. Nova Lima é um dos municípios que decretou situação de emergência por causa da doença. O processo facilita a aquisição de insumos e outros produtos necessários para sanar o problema. "Nós tínhamos feito vários orçamentos e ficaria em R$ 300 ou 400 mil, mas compramos o produto e, como temos nossa equipe aqui, custou R$ 30 mil", contou. "Estamos fazendo (a aplicação) através do nosso pessoal, fazendo a mistura, os nossos equipamentos, mas reduzimos muito o curso porque estamo preocupados com a situação econômica", disse. 



Atenção aos trabalhadores da mineração


O secretário Jean Seabra lembra que, apesar da desinfecção, a principal medida para evitar que o coronavírus se espalhe é o isolamento social. Ele também destaca uma particularidade em Nova Lima que faz com que a preocupação seja redobrada: as pessoas que sofrem com silicose, doença pulmonar provocada pela inalação de partículas de sílica ou outros minerais. "Somos uma cidade mineradora, há muitos silicóticos aqui, mais de 600. É um grupo de risco que nos preocupa muito e, se tiverem a COVID-19, o risco de morte é muito grande", afirma. 

Além disso, Nova Lima tem 10,4 mil pessoas com mais de 60 anos, cerca de 10% da população, conforme Seabra. Para evitar a aglomeração de pessoas, elas são vacinadas em casa. "Acreditamos que este mês de abril vai ser super complicado. É o mês da disseminação já comunitária e que irá começar a ter a manifestação mesmo do vírus ali. O sistema de saúde vai entrar em colapso. Não tem como, em um curto espaço de tempo, atender todos que precisam porque hoje não existe no mercado mundial respiradores, EPIs (equipamentos de proteção individual) já faltam, aquilo que é o básico não se acha para poder comprar", alerta. 

Na preparação para o novo cenário, as unidades básicas de saúde (UBs) já deixaram de fazer consultas eletivas e a atenção está voltada par pessoas com sitomas respiratórios. Também foi montada uma tenda de atendimento para receber pacientes com suspeita de coronavírus. O município tinha seis leitos do Centro de Terapia Intensiva (CTI) e agora são 10. O município tenta adquirir respiradores para aumentar ainda mais o número de leitos. 




Por fim, o secretário de Administração de Nova Lima faz um apelo à população. "Tenho visto, após o pronunciamento do Bolsonaro (sem partido), mais pessoas nas ruas. Não tenho estatísticas, é no visual. Isso é muito perigoso. Elas ainda não estão vendo o vírus se manifestando mesmo, as pessoas necessitando de atendimento nas unidade e não tendo vaga. Só existe uma forma de evitar isso: isolamento social", enfatiza. "Entendo que as pessoas têm que trabalhar, gerar renda, mas precisam evitar (riscos) ao máximo. Quem tiver que sair, trabalhar, ter o ganha pão dele, vai ter que sair, mas tomando cuidado, as etiquetas na hora de espirrar, tossir, a higienização. Mas, o recado é que quem puder e quiser se preservar e principalmente as pessoas de risco, fique em casa o máximo de tempo possível", orienta Jean Seabra. 

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.



Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

Especial: Tudo sobre o coronavírus 

Coronavírus é pandemia. Entenda a origem desta palavra
Os boatos sobre o coronavírus: fique por dentro do que é verdade e mentira
Tudo sobre o coronavírus - Covid-19: da origem à chegada ao Brasil
Coronavírus: qual é a diferença entre isolamento e quarentena?