(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Filas para vacinação na Araújo ocupam quarteirão e idosos reclamam: 'Ficamos expostos'

Nas unidades dos bairros Dona Clara e Heliópolis, filas para imunização contra a gripe começaram a se formar quase 2 horas antes do atendimento


postado em 27/03/2020 09:59 / atualizado em 27/03/2020 18:21

Fila formada para vacinação de idosos na porta da Drogaria Araújo, unidade do bairro Dona Clara, Região da Pampulha.(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Fila formada para vacinação de idosos na porta da Drogaria Araújo, unidade do bairro Dona Clara, Região da Pampulha. (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

As cem fichas diárias disponíveis para vacinação contra a gripe na unidade da Drogaria Araújo do Bairro Dona Clara, na Região da Pampulha, começaram a ser distribuídas às 8h desta sexta-feira (27). 

Norma Juazeiro dos Santos, de 82 anos, chegou ao local às 7h30. Ao observar o tamanho da fila que, àquela altura, já reunia mais de uma centena de pessoas e ocupava quase um quarteirão da Avenida Sebastião de Brito, a aposentada desistiu de se imunizar. “Vou ver se consigo voltar amanhã, né? Quando ainda estavam agendando pela internet, minha neta ficou um tempão tentando marcar pra mim e não conseguiu. Daí eu vim pra cá hoje", observa. 
 

"Amanhã vou ver se venho mais cedo. O problema é que, com esse coronavírus rondando por aí, não é bom a gente ficar saindo de casa"


Desde quarta (25), a Araújo oferece vacinas gratuitas a maiores 60 anos, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A ideia era prestar o serviço mediante agendamento online, mas o grande volume de acessos fez com que o site da campanha apresentasse instabilidade e saísse do ar. Com isso, a empresa convocou o público a marcar as aplicações presencialmente, nas 104 lojas da rede na capital mineira.

Ficha na mão, a pessoa pode escolher entre tomar a vacina na hora ou retornar até 14h do mesmo dia. O problema, segundo relatam os idosos, é que essa dinâmica tem gerado exposição de vulneráveis ao contágio pelo conronavírus e até mesmo aglomerações, que aumentam as chances de transmissão da COVID-19.

A Araújo reconhece dificuldade em atender adequadamente a demanda, mas alega que é inviável ampliar a distribuição de senhas de atendimento para amenizar as filas, já que as doses oferecidas são repassadas pelo poder público em quantidade limitada. A instituição também descartou a retomada do agendamento pela internet.

Norma Juazeiro dos Santos, de 82 anos, desistiu de tomar a vacina quando viu o tamanho da fila formada em frente a drogaria Araújo: 'Vou ver se volto amanhã'. (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Norma Juazeiro dos Santos, de 82 anos, desistiu de tomar a vacina quando viu o tamanho da fila formada em frente a drogaria Araújo: 'Vou ver se volto amanhã'. (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Irritação

Após uma tentativa malsucedida de se vacinar, Gilza Pelegrino, de 62 anos, foi contemplada com uma das últimas senhas disponíveis para o dia. Irritada, a idosa se queixa da falta de organização no atendimento. “Muito desorganizado. Primeiro, lançam um site que não funciona. Depois, forçam a gente a ficar indo e voltando aqui. Somos do grupo de risco, desse jeito nós ficamos muito expostos.”, reclama.

Gilza Pelegrino, de 62 anos, diz que a campanha precisa ser mais organizada. 'Ficamos expostos'(foto: Cecília Emiliana/EM/D.A Press)
Gilza Pelegrino, de 62 anos, diz que a campanha precisa ser mais organizada. 'Ficamos expostos' (foto: Cecília Emiliana/EM/D.A Press)
Para evitar a exposição da mãe, de 65 anos, a professora Nayara Paoli, de 39, é quem veio para fila da vacinação esta manhã. Chegou às 6h45. “Peguei a senha e já liguei para a minha mãe descer para tomar a vacina. Moramos aqui pertinho. Na minha casa, pelo menos tivemos condição de poupá-la um pouco da exposição e do tempo é preciso ficar aqui de pé aqui, né? Para o idoso que mora sozinho, fica mais complicado. As pernas e a disposição já não são as mesmas na idade avançada”, pondera a professora. 

Aglomeração

Na unidade da Drogaria Araújo situada no bairro Heliópolis, Região Norte da capital Mineira, o site da campanha previa oferta de vacinação por meio de drive thru - o que beneficiaria idosos com dificuldade de locomoção, já que o recurso permite à pessoa receber a vacina dentro do carro. No entanto, João Vicente Pereira, de 66 anos, diz que, ao chegar no local, encontrou uma fila comum. 



"Cheguei na porta da Araújo 7h20. A distribuição de senhas começou 8h30. O início da fila estava até bem organizado, com as pessoas respeitando a distância de mais ou menos um metro entre si, para evitar contaminação. Depois, começou a ficar meio embolado", relata.

Araújo responde

Procurada pelo Estado de Minas a Drogaria Araújo ressaltou que a distribuição diária de senhas para vacinação - em média, cem por loja - está atrelada à quantidade de doses disponibilizadas pela prefeitura de Belo Horizonte. 


"Não podemos distribuir senhas em quantidade maior que as doses que temos disponíveis. Daí a formação de filas", informou a empresa por meio de nota. 

Segundo a rede de farmácias, para a vacinação via Drive Thru, a pessoa que deseja aplicação no carro deve solicitá-la aos funcionários das drogarias.   

A empresa ressaltou, por fim, que suas equipes estão preparadas para orientar a população a respeitar a distância de 2 metros entre as pessoas nas filas e que essa diretriz tem sido praticada nas unidades da rede envolvidas na campanha. 


O município afirma ter repassado 39 mil doses de vacina à Araújo até o momento. Outras 276 mil foram distribuídas em hospitais e centros de saúde. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, as entregas estão sendo feitas de forma escalonada. Até 22 de maio, o objetivo é imunizar cerca de um milhão de pessoas na capital. 

Por que se vacinar contra a gripe na pandemia 

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


A vacina contra o Influenza - nome genérico do vírus da gripe - não protege contra o coronavírus. A antecipação da campanha anual ocorre para facilitar detecção da COVID-19, uma vez que os sintomas das duas doenças são semelhantes. O diagnóstico, no caso, se dá por eliminação. 

primeira etapa da vacinação gratuita contra a gripe em Belo Horizonte teve início em 23 de março e vai até 15 de abril. A segunda começa em 16 de abril e será voltada a doentes crônicos, professores das redes pública e privada, além de profissionais das forças de segurança e salvamento.

A terceira e última fase, prevista para 9 de maio, vai priorizar crianças de 6 meses a 6 anos, pessoas com 55 a 59 anos, gestantes, mães no pós-parto, pessoas com deficiência, indígenas, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e presidiários.

 

A meta do governo federal - que repassa as vacinas ao estados e municípios - é proteger ao menos menos 90% das pessoas de cada grupo.

 

Veja onde se imunizar





 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)