Quase 68 mil pessoas, com idade acima de 60 anos, vivem em aglomerados, vilas e favelas de Belo Horizonte, de acordo com informações da Prefeitura da capital (PBH). Com a pandemia do coronavírus, o Movimento Mineiro de Habitação está mobilizado para que hotéis da cidade concedam abrigos ‘’dignos e seguros’’ para essa população mais vulnerável à COVID-19, conforme assegura a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A campanha é coordenada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil, o movimento Nossa BH, o Instituto Pólis, o Movimento Mineiro de Habitação, entre outras entidades, que destacam reconhecer que a PBH “tem tomado importantes medidas para combater os impactos do coronavírus”, listando o aumento da infraestrutura hospitalar, entre as medidas adotadas, além do apoio a famílias carentes e o rigoroso isolamento social.
Insuficiente
Para o movimento que lidera essa mobilização, as ações da PBH são, contudo, insuficientes para proteger essa parcela importante da população belo-horizontina.
Os integrantes da campanha lembram que o grande aliado no combate ao contágio do coronavírus é o isolamento social. Porém, a precariedade das periferias brasileiras é hoje um enorme entrave, face à epidemia, para efetivar o isolamento em caso de contágio. Em sua maioria convivem com familiares em dois ou três cômodos.
Estimativa
A prefeitura da capital estima que, em Belo Horizonte, cerca de 67,5 mil pessoas acima de 60 anos moram em favelas.
A pergunta que motivou o Movimento Mineiro de Habitação a lançar a camapanha para ocupação de hotéis por essa população de maior risco para a Covid-19 foi: quando o vírus começar a se espalhar por esses territórios, como estas pessoas vão se proteger?
Vagas nos hotéis
De acordo com o movimento, Belo Horizonte tem mais de 20 mil leitos de hotéis. Com a pandemia do coronavírus, a taxa de ocupação dos hotéis está muito baixa. Os cálculos mostram que, se cada um desses leitos abrigasse uma pessoa vulnerável moradora de áreas de alto risco de contágio, cerca de 4 mil internações hospitalares com pacientes graves poderão ser evitadas.
Sistema de saúde
O movimento destaca que uma das grandes preocupações das autoridades mundiais é com a sobrecarga no sistema de saúde, visto o alto contágio do coronavírus e, em muitos casos, necessidade de internação hospitalar. “Garantir o direito ao isolamento da população mais pobre é o propósito dessa campanha”, diz o manifesto de lançamento da proposta.
Instrumentos legais
O movimento enfatiza que a PBH tem instrumentos legais, como a Requisição de Imóveis (Inciso XXV do artigo 5º da Constituição Federal), e negociais para que os leitos de hotéis se convertam em Quartos da Quarentena. As entidades estão em diálogo com técnicos, promotores, vereadores e lideranças sociais para buscar contribuir para a viabilização da proposta.
A campanha que está sendo lançada em Belo Horizonte terá mobilização também em outras capitais brasileiras a partir da próxima semana.
Serviço:
Campanha Quartos de Quarentena BH
Proponentes: Instituto Urbe Urge, Instituto de Arquitetos do Brasil - MG, Nossas
https://www.bh.quartosdaquarentena.org