Em meio à pandemia do novo coronavírus, os ônibus de Belo Horizonte ainda chegam e deixam as estações tomados por diversas pessoas. A capital está em situação de emergência desde 18 de março devido à crise da COVID-19, mas isso não parece refletir no cenário que envolve os coletivos e os passageiros, principalmente em horários de pico.
Na manhã desta sexta-feira, a reportagem do Estado de Minas esteve na Estação Diamante, na Região do Barreiro, na capital mineira. O que se viu foi um movimento intenso, com vai e vem considerável, mas diferente do que acontece em dias normais. Cada passageiro apresenta o próprio motivo para estar ali, mesmo com a recomendação de isolamento social por parte das autoridades de saúde.
"Estava com minha filha no hospital, apresentou arritmia cardíaca. Dormi com ela na casa da minha irmã aqui perto, e agora estou indo para minha casa, em Santa Luzia. Só saio por necessidade, e o meu trabalho diminuiu um pouco também", conta a cozinheira Maria das Graças, de 38 anos, que faz entregas via delivery.
Mesmo com a movimentação alta na estação, as recomendações de distanciamento não são adotadas. De acordo com a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), geralmente 70 mil pessoas por dia circulam na estação. Em tempos de pandemia, ainda segundo o órgão, a média chega a 15 mil. O serviço na estação e a distribuição dos carros, contudo, têm incomodado alguns usuários.
"Ao invés de aumentar a frota, eles diminuíram, aí todos os ônibus estão cheios. E aa pessoas que não foram liberadas têm que trabalhar, não tem jeito. É difícil, dá medo", contou a técnica de enfermagem Magna Santos, de 40 anos.
A BHTrans informou que a diminuição da frota acontece proporcionalmente à redução da circulação, em consonância com o argumento das empresas de transporte público. Na Estação Diamante, somente quatro delas operam: Sidon, Transoeste, Transcbel e Betânia Ônibus.
A estação também tem recebido higienização com álcool e cloro com frequência durante o dia. Os ônibus têm um espaço reservado para serem higienizados. Porém, isso ainda não impede o receio.
"Os ônibus seguem cheios, e não dá para confiar, pois é preciso bom senso das outras pessoas, de não saírem encostando nas coisas. Eu estou com medo, tenho pais idosos em casa, sabe? Estou saindo só para trabalhar", disse Carolina Rocha, de 34 anos, supervisora de vendas.
Quem trabalha no local também teme o vírus. É o caso do jardineiro da estação Evaldo Cardoso, de 53 anos, que tem atuado na desinfecção do ponto.
"Fico com medo, mas a gente tem que trabalhar. Eu trabalho dia sim e dia não, mas no dia não eu fico em casa, quieto, sigo a orientação. Vejo que o pessoal que vem para cá está mais a trabalho, como deve ser", afirmou.
Procurados, tanto o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de BH (SetraBH) quanto a Prefeitura de BH se manifestaram. Leia, abaixo, as duas posições:
SetraBH
O SetraBH informa que diante da necessidade de conter a contaminação do Coronavírus na capital, com alertas para que as pessoas evitem sair de casa, já foi constatada uma redução de cerca de 80% no número de usuários do transporte coletivo de Belo Horizonte, nos últimos dias. Por causa disso, o número de viagens do sistema também foi reduzido, em 40%.
Os novos horários estão sendo afixados dentro dos veículos. Funcionários do SetraBH e agentes da BHTrans estão monitorando as viagens caso seja exigida a presença de ônibus extras para reforço. É importante reforçar para que os idosos evitem o uso do transporte coletivo, principalmente nos horários de pico, e que os usuários evitem o manuseio de notas e moedas, fazendo o pagamento com o cartão BHBus.
Recomendamos às empresas flexibilizarem o horário de seus funcionários como forma de evitar uma grande concentração de pessoas nos horários de pico nas Estações e dentro dos veículos. Aos passageiros, um pouco mais de paciência e bom senso, aguardando o ônibus seguinte para fazer sua viagem em segurança.
Prefeitura de BH
A Prefeitura de Belo Horizonte instruiu as empresas de transporte coletivo da capital para que nenhuma linha de ônibus tenha um intervalo maior do que 30 minutos entre as viagens. E, mesmo com a operação em horário reduzido, adeterminação é de que nenhum passageiro seja transportado em pé.
Diante da necessidade de conter a contaminação pelo Coronavírus na capital, com alertas para que as pessoas evitem sair de casa, já foi constatada uma redução de cerca de 75% no número de usuários do transporte coletivo de Belo Horizonte, nos últimos dias. A BHTRANS informa que está fiscalizando as empresas de transporte coletivo da capital em relação ao intervalo de viagens e a lotação dos ônibus. Algumas empresas já foram autuadas por não cumprirem as determinações.
Agentes da BHTRANS monitoram todas as estações de transporte da capital, in-loco e pelas câmeras do COP-BH. Verificando a necessidade é exigida a presença de ônibus extras para reforçar as linhas.
É importante reforçar a recomendação de que os idosos evitem o uso do transporte coletivo, principalmente nos horários de pico, e que os usuários evitem o manuseio de notas e moedas, fazendo o pagamento com o cartão BHBus. A população também pode ajudar, avaliando as viagens pelo PBH APP ou fazendo denúncias através do twitter @OficialBHTRANS, já que o serviço do 156 vai priorizar, a partir de agora, as demandas da Secretaria Municipal de Saúde.
COVID-19 em Minas
Segundo o mais recente boletim da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado na tarde dessa quinta-feira, quatro pessoas morreram por coronavírus em Minas Gerais. Outras 370 estão infectadas, enquanto 39.084 casos são investigados. A pasta também apura a morte de 55 pessoas devido à COVID-19.
O que é o coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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