Desde o início da campanha de isolamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, nunca se viu a orla da Lagoa da Pampulha tão cheia. Um dos principais cartões postais da cidade estava praticamente com o mesmo movimento de uma manhã de domingo normal, sinal de que, até mesmo as pessoas que aderiram ao confinamento estão chegando ao limite.
Quem comemora é o vendedor de picolé Iorias Pereira Malta, de 43 anos, que, após vários dias fracos, registrou um bom aumneto nas vendas. “Depois desse isolamento é o dia que vi isso aqui mais cheio. Querendo ou não, chega a hora que o povo não aguenta ficar 40 dias dentro de casa. Ou vem fazer um exercício, ou trazer o animal de estimação, ou trazer as crianças para dar uma passeada, e depois retorna para casa" conta o ambulante, reclamando que, até o momento, não recebeu nenhuma ajuda do governo.
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“Moramos no Bairro Nacional, aqui pertinho. Ficar só dentro de casa é impossivel, não tem muita opção. Aqui a gente pode praticar um esporte... é só uma fugidinha, uma horinha só”, justifica Jennifer.
Artes marciais em tempos de coronavírus
Próximo dali, uma cena improvável: um grupo praticando Kickboxing, um esporte de contato, em tempos de pandemia de coronavírus. Instrutor de Muay Thay, Felipe Gomes explica que ele e seus amigos, integrantes da torcida organizada Galoucura, haviam acabado de praticar corrida e agora estavam treinando artes marciais. “O risco de contágio existe, mas a gente tem todo o cuidado. Limpamos os equipamentos com Lisoform e álcool, entendeu? Mas, para quem está acostumado a praticar esporte, é muito difícil ficar em casa”, afirma.Ainda que seja tedioso ficar tanto tempo em casa, além das boas práticas de higiene pessoal, o isolamento social ainda é a principal recomendação de todos os organismos de saúde. A meida se fez necessária para retardar a propagação do coronavírus e o pico da doença no Brasil, adiando um possível colapso do sistema de saúde e dando mais tempo para ele se preparar com mais leitos e equipamentos.
Prefeitura mantém restrições
Por meio de sua assessoria, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte afirmou que não irá recuar das medidas restritivas já tomadas, inclusive com o fechamento das praças da Liberdade e JK.