Jornal Estado de Minas

Coronavírus

Rede de profissionais ajuda população a enfrentar o isolamento social

"O desafio da saúde mental é grande, pois está todo mundo ficando louco dentro de casa", Rafael Ávila, professor de kundalini yoga (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 23/2/18)


Trezentos alunos da área da saúde das universidades federais de Minas Gerais (UFMG), de Juiz de Fora (UFJF) e de São João del-Rei (UFSJ) estão participando de projeto de extensão para orientar a população sobre a pandemia da COVID-19. Mais 350 estudantes entrarão em ação nos próximos dias, informa o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás, um dos idealizadores da ação criada pelo Comitê de Enfrentamento da Pandemia da universidade.


A ideia é simples e acessível a todos. Através de um link a pessoa envia sua dúvida e em até 24 horas ela será respondida. “As questões mais comuns são sobre os sintomas, como fazer isolamento, sobre máscaras, quando e como usar. Caso um aluno não possa, ele reporta imediatamente a um tutor (professor), que vai responder o mais rápido possível”, explica Tupinambás. A iniciativa está no ar há 10 dias.

Podem participar estudantes de saúde, medicina e enfermagem, a partir do quarto período do curso. Para isso, o aluno tem que fazer capacitação, que inclui leitura de artigos e prova. Estudante do décimo período de Medicina da UFMG, Ivan Botelho foi aprovado na prova de capacitação e deve começar a atuar no projeto nos próximos dias. “Como a faculdade suspendeu tudo, inclusive aulas a distância, este é o momento de fazer alguma coisa e não ficar no ócio.”

De acordo com Unaí Tupinambás, o projeto deve ser ampliado. “Estamos elaborando um aplicativo no qual o cidadão poderá fazer a teleconsultoria, mas isso ainda vai demorar de 15 a 20 dias para ficar pronto”, diz. A iniciativa da universidade é mais uma ação para que o conhecimento seja repassado, sem qualquer custo, à população.


Em 22 de março entrou no ar, por meio do Instagram, a ação TamoJuntodeQuarentena, idealizada por professores e alunos de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. O projeto é de apoio à saúde mental. “Logo no começo entendemos que havia problemas que não estavam sendo falados, como os efeitos psicológicos nas pessoas em isolamento. Tanto aqueles que têm quadro prévio de ansiedade e depressão, quanto aqueles que passaram a ter angústia por causa da quarentena”, comenta o psiquiatra Renato Silveira, professor de Medicina da Puc-Minas.

Além de receber dicas sobre saúde mental, o internauta pode enviar uma mensagem pelo Instagram com a sua dúvida. Aluno do décimo período do curso e um dos idealizadores da ação, Thauan Pedro lembra-se de que o serviço é de acolhimento, não atendimento. E como é viabilizado por meio da rede social, ele já ultrapassou os limites de BH. “Já houve uma pessoa, por exemplo, que entrou em contato e falou que tinha perdido emprego, não iria conseguir mais pagar terapia. O que fizemos foi buscar um serviço (de terapia) na região em que ela vivia, em São Paulo, que pudesse ajudá-la”, conta Thauan.

Por ora, o acolhimento está sendo feito por cinco professores e 20 estudantes, a partir do oitavo período da PUC. “Com a demanda que estamos tendo, ainda é possível atender. Se ela aumentar muito, faremos uma nova capacitação para outro grupo de alunos”, acrescenta Renato Silveira.


Sem limites

Diretor de Tendências em Educação do Instituto Ânima, Rafael Ávila é também professor de kundalini yoga. Ontem, ele realizou seu 16º. dia de meditação on-line. A partir de terça-feira vai promover também aulas de yoga. As práticas, abertas a todos, serão ministradas enquanto durar o período de confinamento. “O desafio da saúde mental é grande, pois está todo mundo ficando louco dentro de casa.”



Diariamente, às 6h da manhã, Ávila libera por meio do aplicativo de teleconferência Zoom o link da meditação ao vivo, que dura em média 30 minutos. “Depois, gero um link e distribuo nas redes sociais. E as pessoas das minhas redes vão distribuindo para os outros. O que acho mais legal disso é que pessoas das quais nunca ouvi falar estão acessando e dizendo que se não fosse isso, estariam pirando.”

Outra profissional que também está dando alento para a população é a psicóloga e coach Júlia Ramalho. Por meio de seu canal no Youtube ela está oferecendo conselhos sobre como lidar com a ansiedade e estabelecer rotina. A demanda nasceu das sessões com seus pacientes e das conversas com familiares e amigos.


“Outra coisa que está guiando os vídeos é sabermos que existem fases, como ocorre no luto: a negação da realidade, a barganha, a depressão... Com os dados da realidade será muito difícil negar o que está acontecendo e essa caída na real e as reais perdas terão muito impacto sobre a saúde mental de todos”, ela diz. Júlia também está aberta para ajudar as pessoas via e-mail.



O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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