Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

Avião com brasileiros repatriados na África do Sul chega a São Paulo

Mineiros Israel e Marina fazem parte do grupo (foto: Arquivo Pessoal)

Susto, preocupação, apreensão, felicidade, sossego. Foi assim a segunda-feira dos brasileiros que ainda estavam retidos há alguns dias na África do Sul, cujo espaço aéreo foi fechado por causa da pandemia de coronavírus. Um voo negociado pela embaixada do Brasil com o governo sul-africano, que se iniciou em Johanesburgo e fez escala na Cidade do Cabo, chegou a São Paulo às 23h. Para os passageiros, entre eles o casal mineiro Marina Machado, de 27 anos, e o noivo, Israel Gatezani, de 29, foi o fim de uma agonia que já durava duas semanas.



Foi uma longa noite, segundo Marina e Israel, desde a preparação no hotel e a saída rumo ao consulado brasileiro, que era o ponto de encontro do grupo. “Chegamos e sabíamos que, às 11h30, sairíamos para o estádio de futebol, para sermos examinados, para saber se não estávamos infectados. Esse tempo todo ficamos dentro de ônibus, que estavam reservados para nosso transporte para o exame e aeroporto”, conta Marina.

Momento da chegada do avião com brasileiros a São Paulo (foto: Arquivo Pessoal)

No entanto, um atraso. Somente por volta das 12h15 é que foram para o estádio, segundo ela. “Lá, pararam no estacionamento e começaram a chamar ônibus por ônibus. Demorou ainda um pouco para sermos examinados. Apenas tiraram a nossa temperatura. Terminado o exame, nos levaram para um lanche. Deram-nos uma garrafa de água mineral, uma fruta (escolhi maçã) e um sanduíche”.

Depois do lanche foram levados para o aeroporto. Lá, um aparato policial os esperava, com cães, que farejavam as bagagens. Um a um, os ônibus foram parando e os passageiros desembarcando e se dirigindo para o saguão.



Uma vez no interior do aeroporto, foram colocados em fila indiana, respeitando a distância de dois metros entre um e outro passageiro. “Eles contaram para ver se o número estava exato”, diz ela. De repente, pelo alto-falante, uma notícia apreensiva. “Falaram em português que estava faltando duas pessoas e que sem elas o voo não partiria”.

Nesse mesmo momento, chega a informação de que o avião tinha partido de Johanesburgo, ponto de origem, e que faria a escala na Cidade do Cabo dentro de pouco tempo. A viagem, no entanto, estava começando com uma hora de atraso.

Momentos de felicidade

A apreensão permanecia, de qualquer forma, porque o total de passageiros estava incompleto. “Mas, de repente, o casal que faltava chegou. Todos aplaudiram, Na minha cabeça, imaginei: 'já pensou não poder viajar por causa de dois passageiros?'. Mas tudo se resolveu. Recolheram nossos passaportes e nos entregaram as passagens. Fomos para uma fila de embarque e, graças a Deus, entramos no avião”, disse Marina, em seu último contato na África do Sul.